Quem foi Martinho Lutero, o homem por trás da Reforma Protestante?

Poucos indivíduos na história do mundo causaram um impacto maior e mais expansivo no curso da humanidade do que Martinho Lutero. Líder da Reforma Protestante, Lutero quebrou a supremacia da Igreja Católica na Europa que perdurava desde a época da Roma Antiga. A paisagem política, espiritual e social da Europa parecia mudar da noite para o dia depois que Lutero publicou suas 95 Teses, em oposição direta ao Papa. Talvez nunca saibamos como seria a vida hoje se Martinho Lutero nunca tivesse nascido, mas, certamente, podemos traçar até este teólogo alemão não só algumas das maiores vitórias do mundo moderno, como também as tragédias mais horríveis.

Continue na galeria e saiba tudo sobre Martinho Lutero e seu impacto na humanidade.

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Quem foi Martinho Lutero?

Martinho Lutero nasceu em 10 de novembro de 1483, em Eisleben. Eisleben, uma cidade na atual Alemanha, era então uma parte do Sacro Império Romano-Germânico. Lutero se apaixonou pela religião em tenra idade e foi ordenado frade agostiniano em 1507.

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Martinho Lutero e a Igreja Católica

Ele se dedicou ao Cristianismo contra a vontade do pai, que queria que seu filho se tornasse advogado. Como frade, Martinho Lutero praticou períodos intensos de jejum e oração zelosa. Mais tarde, ele descreveria sua vida monástica como desesperada e deprimente, e como um período durante o qual perdeu contato com Deus.

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Martinho Lutero, o teólogo

Incomodado por sentimentos inabaláveis de irregularidades na Ordem Agostiniana, Martinho Lutero dedicou-se à teologia na esperança de encontrar alívio para suas ansiedades. Ele logo se tornou um teólogo talentoso e foi nomeado Presidente de Teologia na Universidade de Wittenberg.

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As queixas de Lutero

Mas ainda assim, a consciência de Lutero o incomodava. Muitas práticas da Igreja Católica e a maneira como ela respondia às questões de adoração, salvação e a definição de uma vida santa afastavam o jovem teólogo cada vez mais.

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As queixas de Lutero

A principal das queixas de Lutero era o caminho católico para o céu. No ponto da história católica em que Martinho Lutero se encontrava, acreditava-se amplamente que a salvação poderia ser alcançada com segurança através de meios monetários, especificamente indulgências.

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O que eram indulgências?

O quarto dos Sete Santos Sacramentos no Catolicismo é o Sacramento da Penitência. Isso, praticamente, se transformou em compras de indulgências. As indulgências eram documentos físicos vendidos por membros do clero aos pecadores da Europa que desejavam absolvição. Na mente de Lutero, a justiça não podia ser comprada, nem a salvação era reservada para os ricos que pudessem tirar proveito de tais folhetos exoneradores.

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Uma indulgência para cada ocasião

Não havia pecado na Terra que não pudesse ser varrido por uma indulgência no preço certo. De fato, mesmo aqueles já falecidos poderiam ser absolvidos de seus pecados mortais com indulgências compradas em seu nome. O advento do conceito de purgatório, um lugar após a morte e antes do acerto de contas, cujos habitantes ainda tinham uma chance de salvação, desencadeou um aumento dramático na popularidade das indulgências.

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A questão do arrependimento

O Sacramento da Penitência tem duas partes distintas. A primeira, que existia desde os primórdios do Cristianismo, era a da culpa. Durante séculos, a culpa honesta e genuína foi vista como suficiente no que diz respeito ao arrependimento adequado. Na Europa medieval, no entanto, um sacrifício físico, temporal, ou poena, também era necessário. E assim, as indulgências de absolvição nasceram.

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O tesouro do mérito

O Sacramento da Penitência foi construído sobre o conceito católico de "tesouro do mérito". Esse "tesouro" consistia nas crenças e sacrifícios de Jesus Cristo e dos santos originais. Poderia ser acessado por qualquer cristão e seus despojos poderiam ser usados para absolver esse cristão de seus pecados.

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Sola fide

Martinho Lutero discordava categoricamente desses conceitos. Em vez disso, ele acreditava no conceito de sola fide, ou "apenas fé". Ao contrário da crença católica da justiça intrínseca e da expressão da fé através de "obras exteriores", como a compra de indulgências, a sola fide postula que é somente através da verdadeira fé e crença, e da justiça conquistada e concedida por Deus, que se pode alcançar a salvação. Essa ideia foi a precursora do conceito calvinista de predestinação, que levou o conceito de sola fide a dar um passo adiante, declarando que não havia nenhuma "obra exterior" que alguém pudesse fazer em sua vida mortal que mudasse a questão de sua salvação ou condenação.

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As 95 Teses

Martinho Lutero descreveu seus problemas com as indulgências com grandes detalhes em um dos documentos mais importantes da história cristã, a Disputação do Doutor Martinho Lutero sobre o Poder e Eficácia das Indulgências, também conhecida como as 95 Teses.

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31 de outubro de 1517

Martinho Lutero publicou suas 95 Teses em 31 de outubro de 1517. O documento de Lutero foi enviado a Alberto de Brandemburgo, arcebispo de Mainz, cuja responsabilidade era mediar os costumes do Sacramento da Penitência. Como é descrito em sua carta, Lutero enviou as 95 Teses ao Arcebispo de boa fé, assumindo que Alberto de Brandemburgo não sabia que os sacerdotes famintos por dinheiro sob sua autoridade estavam abusando de seu poder de conceder indulgências.

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O nascimento da Reforma Protestante

O dia 31 de outubro é agora celebrado por inúmeras denominações em todo o mundo como o Dia da Reforma: aquele dia fatídico em 1517 que marcou o início da Reforma Protestante, uma revolta secular da sociedade europeia que mudou o curso da história.

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Igreja de Todos os Santos

É comumente dito, e ainda mais frequentemente retratado na arte, que na manhã de 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero pregou suas 95 Teses na porta da Igreja de Todos os Santos em Wittenberg. Apesar de ser o evento central na mitologia do protestantismo, os especialistas estão divididos em relação à historicidade desse momento.

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A Reforma e a imprensa

Martinho Lutero estava virando o Cristianismo de cabeça para baixo menos de um século após a invenção da imprensa, inventada por Johannes Gutenberg em 1450. Os historiadores de hoje acreditam que uma das principais razões pela qual as crenças dissidentes de Lutero se espalharam tão rapidamente por toda a Europa, apesar de estar longe de ser a primeira pessoa a tentar reformar a Igreja Católica, foi o uso da imprensa para distribuir seus documentos protestantes em massa.

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Johannes Tetzel

A distribuição das 95 Teses provocou o que poderia ser visto como uma das primeiras guerras de imprensa da história. Johannes Tetzel, um mascate de indulgências que operava perto de Wittenberg, imediatamente pediu a execução de Lutero e obteve a ajuda de outro teólogo para escrever suas próprias 106 teses contra o líder protestante. Cerca de 800 cópias dessas teses pró-indulgência foram impressas e enviadas para Wittenberg, mas os seguidores de Lutero apreenderam todas as cópias da cidade e as queimaram.

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Papa Leão X

Deve-se notar que não era o plano de Martinho Lutero se separar inteiramente da Igreja Católica. De fato, Lutero tentou incansavelmente expressar sua lealdade ao Papa, enquanto ainda afirmava seus problemas com as indulgências. No entanto, Lutero tornou-se um inimigo rápido do Papa Leão X (foto), que, vindo da influente família Medici, era tanto um homem de negócios quanto um líder espiritual.

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Imperador Carlos V

Martinho Lutero também foi condenado pelo governante do Sacro Império Romano-Germânico, o Imperador Carlos V. Na Dieta de Worms, em 1521, Carlos V efetivamente baniu Martinho Lutero do Império e o rotulou de fora-da-lei.

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A Dieta de Worms

A Dieta de Worms foi uma assembleia convocada por Carlos V em 1521 na cidade de Worms, hoje na atual Alemanha. Seu propósito era dar a Martinho Lutero uma última chance de descartar e renunciar suas ideias dissidentes de salvação que estavam rapidamente se espalhando por todo o Império.

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O Édito de Worms

Martinho Lutero defendeu firmemente suas crenças. Isso levou à aprovação do Édito de Worms, no qual Carlos V rotulou Lutero de "herege notório" e proibiu qualquer um dos cidadãos do Império de espalhar os ensinamentos de Lutero. A ordem da excomunhão de Lutero, proferida pelo Papa Leão X um ano antes da Dieta de Worms, ainda está em vigor até hoje.

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Lutero no exílio

O Édito de Worms também proibia qualquer um no Império de abrigar ou alimentar Lutero e até mesmo dava aos cidadãos o direito legal de matá-lo. Lutero foi capaz de escapar de território hostil com a ajuda de Frederico III, um político proeminente que encenou um sequestro e manteve Lutero seguro e escondido no Castelo de Wartburg.

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Os luteranos

Apesar de seu exílio e excomunhão, os seguidores de Lutero continuaram a crescer em número a cada dia. Eles logo se tornaram conhecidos como luteranos, forma como ainda são conhecidos hoje.

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Os ensinamentos de Martinho Lutero

Oficialmente divergente da Igreja Católica, Martinho Lutero começou a desenvolver o sistema de crenças luteranas a sério. Isso incluiu acabar com o conceito de purgatório e restaurar a crença na importância dos hinos, bem como muitas outras reformas.

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Supremacia bíblica

Um princípio do luteranismo, como o próprio homem o ensinou, era a ideia de que a Bíblia era a única fonte verdadeira de conhecimento divino. Isso ia contra os ensinamentos da Igreja Católica, que ensinava que muitos sacerdotes também podiam agir como mensageiros diretos e tradutores da palavra de Deus.

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A Bíblia de Lutero

A tradução completa da Bíblia de Lutero do latim e do grego para o alemão, conhecida hoje como a Bíblia de Lutero, foi essencial na disseminação de suas ideias e para a expansão da alfabetização bíblica entre os leigos. A impressão em massa e a distribuição da Bíblia de Lutero também permaneceram como um símbolo físico do sucesso da Reforma Protestante, uma prova de vitória que os protestantes em toda a Europa poderiam ter em suas mãos.

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O casamento revolucionário de Lutero

Outro desvio notável da tradição católica empreendido por Martinho Lutero foi seu casamento com Katharina von Bora, um casamento concluído sem que Lutero desistisse de seu sacerdócio. Este precedente perdurou ao longo dos séculos e permanece como a razão pela qual os membros das igrejas protestantes em todo o mundo têm permissão para se casar e construir famílias até hoje.

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Katharina von Bora

A esposa de Lutero, Katharina von Bora, também foi uma figura proeminente no movimento da Reforma. Ela começou sua carreira espiritual como freira beneditina, mas logo se dedicou às crenças de seu marido. Como freira, esposa e mãe, ela foi essencial para estabelecer o precedente dos casamentos clericais.

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Martinho Lutero, o fanático

Por ser uma figura tão amplamente influente na história, cujos pensamentos e ideias eram comumente tratados como evangelho, não deveria ser surpresa que Lutero tenha disseminado sua parcela de ódio, intolerância e ideias prejudiciais na sociedade europeia. Embora suas ideias mais famosas digam respeito à conduta dos cristãos, houve muitas outras proclamações que eram excessivamente odiosas, mesmo para a Europa do século XVI.

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Lutero e a ascensão do antissemitismo

Durante seu tempo, Lutero e a Reforma tornaram-se inextricavelmente ligados à herança alemã. Assim, de acordo com historiadores, seu ódio alto e mordaz contra muçulmanos, judeus e até mesmo contra cristãos de outras raças, deu início a uma nova era de racismo e intolerância na Europa. Historiadores e outros especialistas concordam, especificamente, que a influência de Lutero na formação da identidade alemã, de mãos dadas com seu antissemitismo e ideias de supremacia branca, foram precursores diretos da ascensão do partido nazista na Alemanha e do fascismo na Europa em geral.

Fontes: (Britannica) (National Geographic) (World History Encyclopedia)

Veja também: Seitas secretas que foram renegadas pelo Cristianismo primitivo

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