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LAURA LEWER E LUCAS BRÊDASÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um público grande esperava a cantora Pitty na frente do palco Adidas sob o sol escaldante das 15h no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. O show aconteceu neste sábado (25) segundo dia do festival Lollapalooza.
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O número de pessoas era bem maior e mais barulhento do que o que reuniu a inglesa Suki Waterhouse, que tocou no mesmo palco e horário na sexta (24), e bem considerável quando se leva em conta que Ludmilla –uma das maiores estrelas da música atual– comandava o palco principal do festival ao mesmo tempo.
Este é o poder de Pitty, baiana que há exatas duas décadas estourou com o lançamento de seu álbum de estreia, "Admirável Chip Novo", que a colocou no mapa do rock brasileiro.
Sua obra mais importante, o disco foi trilha sonora de uma geração que cresceu nos anos 2000, com várias faixas em rotação no rádio e clipes na programação da MTV.
Ainda que a celebração do álbum esteja marcada para uma turnê temática, a ser realizada neste ano, é ele quem se destaca no repertório do Lollapalooza com algumas das faixas mais queridas do público.
"Algumas dessas músicas que a gente tocou aqui hoje a gente não vai ouvir por um bom tempo", disse na parte final da apresentação, anunciando a turnê em que tocará o álbum na íntegra e com surpresas, segundo a cantora.
Depois, emendou as faixas mais famosas do álbum para encerrar o show –"Teto de Vidro", "Admirável Chip Novo" e "Máscara", primeiro single da cantora. "Equalize" veio mais cedo no show.
A reverência nostálgica ao álbum se relaciona com um movimento de revival do pop punk e do emo, estética que marcou a juventude do começo do século e agora é revisitada.A celebração ressoa nesta fase da carreira da Pitty, mas também se estende a canções de "Anacrônico", de 2005, como "Memórias" –que ao vivo ganhou um trechinho de "Ando Meio Desligado", dos Mutantes, e "Na Sua Estante", com um dos maiores coros da apresentação. "Não tenho como descrever a beleza e o prazer de ouvir vocês cantando", disse ela no final da música.
Embora a cantora baiana se insira neste contexto do auge de popularidade do pop punk, sua obra é mais abrangente que os lápis pretos no olho, os riffs diretos de guitarra e as letras tristes sobre inseguranças e angústias juvenis.
Pitty, por exemplo, subiu ao palco ao som de "Bicho Solto", canção de "Matriz", de 2019, e abriu o show com "Ninguém É de Ninguém", do mesmo trabalho. Outra do álbum a aparecer foi "Roda", parceria com a guitarra baiana e a voz marcante de Russo Passapusso, vocalista do BaianaSystem, que fez o público gritar que ela é a maior roqueira do Brasil no final. "Setevidas", que dá nome ao seu álbum de 2014, também apareceu no repertório.
Possivelmente o maior ícone do pop punk, o Blink-182 faria seu primeiro show no Brasil neste sábado (25) de Lollapalooza, mas a apresentação foi cancelada depois que o baterista Travis Barker sofreu uma lesão na mão. Pitty acabou aproveitando a plateia de fãs órfãos do trio americano, que agora só volta para a edição de 2024 do festival.
O show acabou poucos minutos antes do que estava agendado, com a plateia fazendo juras de amor à cantora. Serviu para deixar em alta a expectativa para a turnê de celebração de seu primeiro disco, cheia de músicas que não couberam na tarde ensolarada de Lollapalooza.