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SÃO PAULO, SP (UOL-FOLHAPRESS) - A Federação Internacional de Boxe desqualificou duas atletas que estavam participando do Mundial Feminino em Nova Déli (Índia) sem detalhar, publicamente, as razões.
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As equipes das boxeadoras afetadas, porém, afirmam que elas teriam sido reprovadas em um suposto "teste de gênero", mas ninguém disse ao certo o que isso significa e nem como esse teste foi feito.
Uma das desclassificadas é Imane Khelif, uma boxeadora argelina de 23 anos que foi campeã africana e vice mundial em 2022. Ela estava classificada para a final da categoria até 66 kg, hoje (26), contra Liu Yang, da China. Khelif foi eleita nos últimos dois anos a melhor atleta do país dela, entre todas as modalidades.
No sábado (25), a cerimônia de pódio da categoria até 57 kg já não contou com a presença da boxeadora de Taiwan Lin Yu-Ting, que havia sido derrotada na semifinal e, portanto, deveria receber uma das medalhas de bronze. Lin é bicampeã mundial, tendo vencido o torneio em 2018 e 2022, além de ter ganho o bronze em 2019.
Dentro da comunidade do boxe internacional, já existia um questionamento sobre as características das duas boxeadoras, que têm traços tidos como "masculinos". Nos bastidores, delegações reclamavam especialmente de Khelif, considerada mais musculosa do que suas adversárias.
A IBA não deu detalhes das razões para as duas serem desclassificadas, alegando apenas que elas não cumpriram os critérios de "elegibilidade", o que é um leque muito amplo e pode ir de irregularidades no uniforme a problemas no passaporte. A delegação de Taiwan confirmou, informalmente, que a razão da desclassificação foi um "teste de gênero".
Já a imprensa da Argélia cita que Khelif foi submetida a um teste de hormônios que apontou que ela possui um nível alto de testosterona em seu organismo, o que não é proibido, a não ser que haja um regramento específico.No atletismo, por exemplo, foi criada uma proibição quando descobriu-se que a sul-africana Caster Semenya produzia níveis altos de testosterona, restringindo a participação de atletas com este perfil em provas de 800 a 1.500m -na semana passada, a proibição foi estendida a todas as provas.
Mas não há, no boxe, nada que impeça uma atleta cujo corpo produza testosterona em altos níveis (por ser, por exemplo, um indivíduo intersexo) de competir em qualquer evento.
Em entrevista ao site argelino 'Kooora', Khelif se disse vítima de conspiração. "Participei de muitos torneios e não houve problema. Mas quando minhas chances se tornaram grandes para ganhar a medalha de ouro, eles vieram e me impediram, justificando que minhas qualificações são maiores que as qualificações do restante das mulheres", reclamou.