© Getty Images
O atual treinador do Flamengo, Jorge Sampaoli, entrou na Justiça contra o ex-jogador Neto, apresentador da TV Band, após ser acusado de racismo durante a exibição do programa "Baita Amigos", no dia 17 de abril, e "Os Donos da Bola", no dia 18. Na ocasião, ele comentava sobre a passagem do técnico pelo Santos, em 2019. Segundo o apresentador, Sampaoli foi racista com um funcionário do clube.
PUB
A informação foi inicialmente divulgada pelo portal Notícias da TV e confirmada pelo Estadão. De acordo com o processo, ao qual a reportagem teve acesso e corre em segredo de Justiça, Sampaoli quer uma retratação oficial do apresentador. Até o momento, de acordo com a defesa do treinador, não há um pedido de compensação financeira.
Neto, assim como um representante da Band, ainda a ser definido, foram intimados a prestar depoimento no Ministério Público de São Paulo. As partes tem dez dias para uma resposta, a partir da data da intimação - 9 de maio.
No processo, assinado por Raphael Feitosa Fisori e Gustavo Amorim de Barros, ambos do escritório Amorim & Fisori Advogados Associados, em Santos, são indicados dois vídeos em que Neto teria proferido ofensas contra Sampaoli em seu programa. Em um deles, afirma que o treinador destratou Sebastião Martins Oliveira Júnior, mais conhecido como Arzul e atual preparador de goleiros do Santos, por causa de sua cor da pele.
"Um cara que trata mal o Arzul, que é negro. E que é igual a mim, que é igual a você e que é um ser humano incrível. Esse cara, o Jorge Sampaoli, fazia o Arzul ficar fora do vestiário. Ele fez muitas pessoas contratadas antes dele perderem o emprego. Esse cara é nojento", afirmou Neto. Além disso, em outro momento, chegou a dizer que seria uma vergonha o Flamengo escolher Sampaoli para substituir Vítor Pereira no comando técnico.
"Esse baixinho aí. Esse idiota aí. Isso aí é uma vergonha, pinto pequeno, não sabe nada de bola. É uma vergonha o Flamengo contratar um cara desse", afirmou, no programa da Band. A defesa de Sampaoli também reiterou que Neto e a emissora estão "habituados" a receber processos do tipo, por ofensa, na esfera pública.
"Em uma rápida pesquisa, vislumbra-se que o requerido Neto e a correquerida estão habituados a serem processados pelas inúmeras ofensas proferidas por Neto a outras pessoas com o aval da correquerida Bandeirantes. Foram cerca de dez minutos ofendendo o autor sem direito de qualquer resposta e sem qualquer justificativa plausível que ultrapassou os limites de uma crítica técnica jornalística, demonstrando puro ataque pessoal", diz um trecho do processo.
O artigo 144 do Código Penal, utilizado para a intimação de Neto, cita que "se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo". É neste artigo que se baseia a defesa do treinador flamenguista. "Esse procedimento serve, para trazer ao conhecimento do poder Judiciário, que houve um possível delito contra a honra", explica Raphael Feitosa Fisori, ao Estadão.
"Ainda que o programa seja ao vivo, existe todo um quadro de profissionais, da Bandeirantes, responsável pelas falas do apresentador. Existe a responsabilidade da emissora", afirma. Para dar o início no processo criminal, a defesa ainda deverá entrar com a queixa-crime, caso deseje.
Sampaoli chegou ao Flamengo em abril deste ano, após demissão de Vítor Pereira. Antes do time rubro-negro, passou pelo Santos, em 2019 - trabalho citado por Neto -, e Atlético-MG, entre 2020 e 2021, únicas equipes que treinou no Brasil.
Leia Também: Athletico-PR demite Pedrinho e García após citação em operação contra esquema de apostas