Discutir política monetária não é afrontar o BC, diz Haddad

O ministro disse que a política monetária e a política fiscal são dois braços de um mesmo organismo que precisam trabalhar em harmonia

© Getty

Economia Governo 20/05/23 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que debater os rumos da política monetária não significa uma afronta às decisões do BC (Banco Central) sobre os juros.

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"Nós temos que compreender que discutir a política monetária não é afrontar a autoridade monetária. Muito pelo contrário", afirmou Haddad durante evento promovido pelo BC nesta sexta-feira (19).

Em recado direto ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, presente na plateia, o ministro afirmou que costuma ouvir da autoridade monetária que, ao combater uma infecção, é preciso tomar toda a cartela do antibiótico, em referência à necessidade de manter os juros altos para derrubar a inflação.

"Sempre lembro também a observação que não pode tomar duas cartelas de antibiótico. Tem que tomar a medida certa para que a economia consiga se reajustar do ponto de vista macroeconômico e garantir as condições de crescimento sustentável. Falo isso do ponto de vista fiscal, social e ambiental", afirmou Haddad.

O ministro disse também que, quando se discute tecnicamente o momento adequado de iniciar o ciclo de corte de juros, isso não significa fazer pressão para forçar uma queda de juros.

Ele voltou a afirmar que já existe espaço para o início do corte da Selic pelo BC. "Tem espaço para começar um ciclo [de corte dos juros], mas tem uma equipe técnica que está formada e que procuramos respeitar."

Ele disse ainda que "quando você ouve uma segunda opinião de um médico, você não está contestando a opinião do primeiro, está formando um juízo mais sólido sobre qual o diagnóstico e qual o tratamento prescrever."

O ministro acrescentou que a política monetária e a política fiscal são dois braços de um mesmo organismo que precisam trabalhar em harmonia, e que tanto o ministério da Fazenda como o BC trabalham pelo mesmo objetivo, de promover o crescimento econômico com uma taxa de inflação baixa.

"Posso afirmar, sem medo de ser invasivo, que a Fazenda e o BC estão procurando conversar diuturnamente a relação pessoal mais cordial possível para criar esse novo espaço institucional em que a população tenha confiança que as autoridades vão fazer o seu melhor para entregar seu melhor resultado para a sociedade."

O ministro afirmou também que o Brasil tem obrigação de perseguir taxas de crescimento superiores à média mundial, dado o potencial em relação aos recursos naturais, humanos e tecnológicos.

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