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(FOLHAPRESS) - O presidente Lula (PT) afirmou, nesta quinta-feira (25), ver como "normal" o embate entre o Congresso e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede). Minimizando a crise gerada pela MP (medida provisória) de reorganização da Esplanada dos Ministérios, que desidratou a política ambiental, ele disse que agora o governo tem que "jogar" e negociar com o Legislativo.
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O presidente afirmou ainda que "o que não pode é se assustar com a política".
A fala vem um dia após a comissão mista formada por deputados e senadores que analisa a MP aprovar, com a anuência do governo, mudanças que fortalecem o centrão e retiram poder de Marina. O texto, aprovado por 15 votos a 3, transfere órgãos que atualmente estão com o Meio Ambiente e os Povos Indígenas para outras pastas.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, durante as negociações sobre a MP, o governo Lula agiu para tentar evitar derrotas em áreas prioritárias e acabou dando aval para a desidratação do ministério de Marina. A articulação política do governo cedeu à pressão do centrão, principalmente dos ruralistas, para evitar o esvaziamento da Casa Civil.
Apesar de dizer que o que aconteceu foi normal, Lula convocou uma reunião para sexta-feira (26) com Marina e a ministra Sonia Guajajara (Povos Indígenas) para discutir o cenário de pressão do Congresso contra a agenda ambiental.
Em seu discurso na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), ao lado de ministros, Lula não mencionou Marina especificamente. Ele começou dizendo que, ao ler o noticiário, teve a impressão "de que o mundo tinha acabado".
"'Lula foi derrotado pelo Congresso, acaba-se o ministério disso, acaba-se o ministério daquilo'. Eu fui ler e o que estava acontecendo era a coisa mais normal", afirmou.
"Até então a gente estava mandando a visão de governo que nós queríamos. A comissão, no Congresso Nacional, resolveu mexer. Coisa que é quase que impossível de mexer na estrutura de governo, que o governo que faz. E agora começou um jogo, vamos jogar, vamos conversar com o Congresso. E vamos fazer a governança daquilo que a gente precisa fazer", disse o presidente.
"O que a gente não pode é se assustar com a política. Vou repetir: toda vez que a sociedade se assusta com a política e ela começa a culpar a classe política, o resultado é infinitamente pior. Nós já tivemos lições e é importante a gente lembrar. Por pior que seja a política, é nela e com ela que se tem as soluções dos grandes e pequenos problemas desse país", completou Lula.
A MP original foi editada por Lula logo no início do governo com a nova organização da Esplanada. Foi ela que ampliou, por exemplo, o número de ministérios de 23 para os atuais 37. Agora, o texto aprovado pela comissão gerou reação de Marina.
"Vivemos momentos de muitas contradições, e temos uma contradição que não depende da nossa vontade", disse ela nesta quinta. "Temos que resistir e vamos resistir", completou.
A orientação do governo era para que parlamentares da base votassem a favor do texto -uma vez que o Executivo tem pressa, já que a MP perderá sua validade no dia 1º de junho. A medida provisória ainda precisa ser votada nos plenários da Câmara e do Senado.
No evento de encerramento do Dia da Indústria, Lula ainda acenou ao agronegócio e voltou a criticar a taxa de juros.
Ele estava acompanhado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e do vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), titular da pasta do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Também estavam presentes o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, e o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.
Assim como Lula, as autoridades criticaram a taxa de juros e enalteceram o papel da indústria. A aprovação de uma reforma tributária também foi defendida por Josué, Alckmin, Pacheco e Haddad.
O presidente do Senado afirmou que o momento é de reconstrução, exaltou a harmonia entre os Poderes e fez referência ao governo Jair Bolsonaro (PL), sem citá-lo.
"Hoje nós temos uma oportunidade muito singular, num momento difícil que enfrentamos tempos atrás, de questionamentos democráticos, de uma notável polarização e radicalização. [...] Temos a constatação de que a democracia enfrentou momentos muito difíceis, mas saiu mais forte, inabalada", disse.
Anteriormente, estava prevista a participação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), mas houve um conflito com outros compromissos do mandatário.
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