O que diz a ciência sobre tratamentos para emagrecer disponíveis no Brasil

Os tratamentos que promovem emagrecimento passam por diversas etapas, desde mudanças no estilo de vida até procedimentos cirúrgicos

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Lifestyle Emagrecimento 29/05/23 POR Folhapress

NAPÓLES, ITÁLIA (FOLHAPRESS) - Segundo dados da PNS (Pesquisa Nacional em Saúde) de 2020, 60% dos adultos brasileiros vive com sobrepeso. Já a obesidade, atinge 26% desta população. Os tratamentos que promovem emagrecimento passam por diversas etapas, desde mudanças no estilo de vida até procedimentos cirúrgicos.

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Todos eles, porém, têm melhores resultados se acompanhados de hábitos saudáveis, como atividade física e alimentação balanceada. Nenhuma das terapias disponíveis, porém, tem efeito definitivo.

"Remédio só faz efeito enquanto toma", afirma a endocrinologista Maria Edna de Melo, médica do Grupo de Obesidade e Síndrome Metabólica do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo). É nesses casos que os diferentes tratamentos disponíveis dão um empurrãozinho.

Para quem quer emagrecer por motivos estéticos, porém, a combinação de alimentação saudável e exercício físico é o único tratamento indicado. Veja o que dizem especialistas e estudos científicos sobre diferentes terapias para obesidade e sobrepeso disponíveis no Brasil.

CIRURGIA BARIÁTRICA

Trata-se de uma intervenção que produz emagrecimento rápido com efeitos duradouros. Estudo mostra que os resultados podem durar até 16 anos. O procedimento consiste na redução do volume do estômago do paciente por diferentes métodos.

Em uma revisão dos principais estudos científicos sobre o tema, especialistas concluíram que é possível perder cerca de 30% da massa corporal pelo método bypass ou sleeve gástrico. O primeiro altera o ponto de ligação do intestino, enquanto o segundo remove a curva do estômago, mas mantém intacto o trato intestinal.

Indicada somente para casos mais graves, são elegíveis pacientes com IMC (índice de massa corporal) maior ou igual a 35 com doença associada, ou para aqueles com o índice superior a 40.

Além dos riscos imediatos do procedimento, a cirurgia cobra um preço alto a médio e longo prazo, segundo Bruno Sander, cirurgião e pesquisador da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Queda de cabelo, déficit de vitaminas e anemia são alguns dos possíveis efeitos colaterais.

SEMAGLUTIDA

Com popularidade crescente nos últimos tempos, a semaglutida é o princípio ativo de medicamentos como Ozempic e Wegovy. Enquanto o primeiro é indicado para diabetes e amplamente usado de forma off-label no tratamento de sobrepeso, o segundo teve aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para o obesidade.

Um estudo patrocinado pela farmacêutica responsável, a Novo Nordisk, avaliou a segurança e eficácia da semaglutida em doses de 1 mg (Ozempic) e 2,4 mg (Wegovy). A pesquisa, feita com 1.595 participantes obesos ou com sobrepeso e diabetes tipo 2, mostrou que o uso semanal de 1,0 mg causa redução média de peso corporal de 7%, enquanto a utilização da dose de 2,4% diminui em média 9,6%.

Assim como outros medicamentos, a semaglutida pode provocar reações gastrointestinais, como náusea, vômito, diarreia, desidratação, dores abdominais e prisão de ventre. O uso requer acompanhamento médico.

LIRAGLUTIDA

O medicamento, vendido sob o nome comercial de Saxenda, é capaz de promover a perda de cerca de 7% da massa corporal após 16 meses de tratamento, segundo estudos. Sua aplicação é diária e o uso com acompanhamento médico seguro.

Causa enjoo, vômito, diarreia ou constipação, entre outras reações adversas. Os efeitos colaterais são geralmente passageiros, e em casos raros podem provocar insuficiência renal aguda.

BALÃO GÁSTRICO

Uma alternativa não cirúrgica para a perda de peso, o balão gástrico consiste em uma esfera de silicone inserida através de endoscopia. Sua função é ocupar parte do estômago e ajudar o paciente a alcançar a sensação de saciedade com menos comida. A alternativa é indicada para pacientes com IMC acima de 27. Estudos mostram que causa emagrecimento de até 11% do peso corporal.

Entretanto, a intervenção tem prazo de validade: o balão deve ser retirado em até 12 meses. Isso significa que, sem mudanças no estilo de vida, o paciente pode voltar a engordar após período.

"Ele é um método temporário, característica que não combina com uma doença crônica como a obesidade", afirma Melo. Por isso, após a retirada da prótese, o paciente é usualmente encaminhado para tratamentos medicamentos ou, em casos graves, para a bariátrica.

SIBUTRAMINA

Desenvolvida como um antidepressivo, o medicamento não só diminui a vontade de comer, como também mantém regulares os níveis de gasto energético do paciente.

Entre todas as alternativas disponíveis hoje no Brasil, é o medicamento com registro mais antigo, de 1998, e 13 fabricantes possuem autorização para sua produção. Estudos clínicos apontam que o fármaco é capaz de promover diminuição de 10% do peso em tratamentos de 6 meses.

BRPROPIONA E NALTREXONA

A combinação das substâncias, vendida sob o nome comercial de Contrave, proporciona, em média, perda de 10% do peso corporal após um ano de tratamento, segundo estudos clínicos.

A naltrexona é usada também no tratamento para dependência de álcool e opioides, enquanto a bupropiona foi originalmente desenvolvida para depressão e tabagismo.

A combinação, entretanto, pode causar aumento da pressão arterial, doença do fígado, hepatite, episódios de mania, agitação, alucionações problemas de vista e hipoglicemia em portadores de diabetes.

ORLISTATE

Capaz de reduzir em cerca de 30% a absorção de gorduras pelo corpo do paciente, atua diretamente nas enzimas do intestino. Aprovado no Brasil desde o final dos anos 1990, pode ser produzido por 10 laboratórios diferentes.

O remédio permite diminuir a massa corporal em até 10%, segundo estudo. Pode, porém, provocar problemas gastrointestinais como reação adversa. Apesar disso, é um medicamento considerado seguro, e evidências científicas mostram que apenas 6% dos pacientes abandonam o tratamento em decorrência de efeitos colaterais.

DIETA E EXERCÍCIOS

Não dá para escapar. Para perder peso, a pessoa precisa adotar uma dieta equilibrada e se movimentar. Mesmo outras intervenções, sejam cirúrgicas ou medicamentosas, exigem mudanças de hábitos para resultados mais efetivos. Esse é o único método recomendado para aqueles que querem emagrecer por motivos estéticos.

Revisando estudos científicos, pesquisadores concluíram que a associação de dieta saudável e atividade física causa redução de quase 5% da massa corporal entre 1 e 1,5 ano de prática, com resultados que podem durar por até 10 anos.

"Atividade física, combinando aeróbico e exercício resistido, deve ser mais que uma recomendação, deve ser uma prescrição", afirma Melo.

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