© Divulgação / Fabio Costa - Lifetime Television
SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) - Primeiro brasileiro selecionado para o Project Runway, em 2012, Fabio Costa, 40, caiu nas graças de seus espectadores. Naquela que era a décima temporada do programa americano, ele conseguiu um honroso segundo lugar no reality show de moda, em que os participantes competem entre si para criar as melhores roupas e são geralmente limitados em tempo, materiais e tema.
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Fabio, mineiro de Belo Horizonte, caiu tanto nas graças do povo -e da produção-, que está confirmado na edição especial de 20 anos do programa, anunciada dias atrás pelo canal Bravo. Será sua quarta participação na atração. É um recorde. Dentre as mais de 300 pessoas que já passaram pelo Project Runway, só há mais uma com tanto apelo, tantas vezes no elenco.
"Eu não me considerava esse ícone da franquia", diz, com aparente franqueza. Por conta da exposição e do vice-campeonato, Fabio conseguiu criar sua marca, a NotEqual, e logo em seguida foi chamado para fazer parte do elenco das edições de 2014 e 2018. Foram temporadas de "All Stars", [especial com participantes de edições anteriores], assim como será esta, em comemoração aos 20 anos do reality.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o estilista, que completou seu bacharelado em Design de Moda pela Universidade FUMEC (em BH) e logo mudou-se para Nova York, onde continuou os estudos no Fashion Institute of Technology, fala sobre o impacto que as participações tiveram em sua carreira e sobre a nova temporada do programa. A estreia será na segunda quinzena de junho, nos Estados Unidos, sem previsão de quando será exibida no Brasil.
COMO FOI SEU INÍCIO DE CARREIRA E COMO VOCÊ CHEGOU AO PROGRAMA?
Sou de Belo Horizonte. Me formei em 2006 e fui para Nova York estudar no FIT (Fashion Institute of Technology). Trabalhei na Helmut Lang [grife do austríaco de mesmo nome, baseada em Nova York] por uma temporada. E trabalhava nas minhas propostas artísticas, de uma forma mais artesanal. Eu queria fazer um desfile, a única forma de que isso acontecesse em calendário oficial não sendo ninguém era participando do Project Runway e chegando na final. Era uma sexta-feira, e o prazo para inscrição era na segunda. Me inscrevi.E AÍ...
E aí cheguei na final!. Depois do programa, fiz um financiamento coletivo, montei a marca [NotEqual] e fiz meu primeiro desfile, em fevereiro de 2013.
POR QUE DECIDIU VOLTAR AO BRASIL EM 2018?
Tem várias histórias. A explicação doce é que tenho um apego muito grande pela minha avó [Fabio foi criado e muito influenciado por ela, que era costureira], então quis voltar. A explicação política é que, em 2016, Trump foi eleito. Em dois anos, a situação política americana ficou muito difícil. Era uma realidade que começou a me incomodar muito.
QUAL ERA ESSA REALIDADE?
Estava num processo de burnout muito pesado, porque nos últimos quatro anos eu trabalhava em figurino para teatro e para a Broadway. Costurava 12 horas por dia, cinco dias por semana. Tinha a minha marca por fora. Adoeci. Então pensei: 'Posso voltar para o Brasil, onde meu ateliê vai ser o foco, vou estar perto da minha avó e longe do fascismo.'
VOCÊ PARTICIPOU DE TRÊS EDIÇÕES DO PROGRAMA. DEPOIS QUE VOLTOU AO BRASIL, ESSA SERÁ SUA PRIMEIRA VEZ NO REALITY. COMO VEIO O CONVITE?
Eu não me considerava esse ícone da franquia, até o momento em que foi divulgada essa temporada. O primeiro All Stars eu já imaginei que participaria porque no financiamento coletivo arrecadei muito mais do que a minha meta. Vi que o público estava engajado. Em 2018, voltei, acho que porque, entre outras coisas, tenho uma habilidade de costura que é avançada. Nesta quarta vez, na banca avaliadora, os comentários eram sobre minha coleção. Percebi que procuravam quem estivesse trabalhando em sua própria marca, perto de dar o próximo passo. Então o prêmio seria um investimento.
O QUE ESPERAR DESSE NOVO ALL STARS E DA SUA PARTICIPAÇÃO?
São 20 anos. É uma temporada comemorativa. O nível da competição é muito alto. Todos ali costuram, modelam, estão à frente das suas marcas. Todo mundo tem esse perfil de alto nível. Cada passarela está num nível maior que o nível de All Stars passados. É um programa de TV, tem drama. Porém, o nível de moda que vai ser apresentado é o maior até então.
QUAIS OS PLANOS PARA A SUA MARCA?
Muito do futuro da NotEqual vai estar alinhado a essa visibilidade global que eu tenho novamente. A próxima Casa de Criadores [evento de moda brasileiro] é em julho. Estou fazendo a coleção para o desfile. Porém, aliado a isso, estou desenvolvendo uma coleção comercial. O que não é muito comum na NotEqual, porque geralmente não faço estoque.