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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu nesta terça-feira (30), ao lado de 11 líderes sul-americanos, a integração da região e o legado da Unasul (União de Nações Sul-Americanas).
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Lula disse também que os interesses que unem os países "estão acima de divergências ideológicas", uma resposta às críticas de que a reativação do órgão responde a um contexto de viés à esquerda na região.
"Permitir que as divergências se imponham teria um custo elevado, além de desperdiçar o muito que já construímos conjuntamente", disse o petista. Na linha de discursos anteriores, também propôs a criação de uma "unidade de referência comum para o comércio", para tentar de reduzir a dependência do dólar.
A declaração aconteceu na abertura do encontro com representantes de todos os países da América do Sul, em Brasília, uma iniciativa do próprio Lula na tentativa de buscar uma integração regional.
Lula também usou a fala de abertura para se referir aos ataques golpistas de 8 de janeiro, quando as sedes dos três Poderes no Brasil foram depredadas por bolsonaristas, ao dizer que as ofensivas a instituições democráticas "nos ofereceram uma trágica síntese da violência de grupos extremistas, que se valem de plataformas digitais para promover campanhas de desinformação e discursos de ódio".
Participam da reunião Alberto Fernández (Argentina), Luís Arce (Bolívia), Gabriel Boric (Chile), Gustavo Petro (Colômbia), Guillermo Lasso (Equador), Irfaan Ali (Guiana), Mário Abdo Benítez (Paraguai), Chan Santokhi (Suriname), Luís Lacalle Pou (Uruguai) e Nicolás Maduro (Venezuela).
Apenas a presidente do Peru, Dina Boluarte, não compareceu por estar legalmente impedida de deixar o país. Ela foi representada pelo presidente do Conselho de Ministros, Alberto Otárola.
O governo brasileiro buscava inicialmente relançar a Unasul, mas hoje há resistência de alguns países, que consideram o organismo extremamente ideológico. O órgão foi lançado em 2008, em um período considerado a época de ouro da esquerda sul-americana. Além de Lula, eram presidentes na ocasião alguns dos expoentes dessa corrente ideológica na região, como Cristina Kirchner (Argentina) e Hugo Chávez (Venezuela). O objetivo era criar um mecanismo regional sem a influência dos Estados Unidos.
Dada a resistência, Lula já vem amenizando o discurso e trabalha com a possibilidade de criação de um novo órgão ou mesmo um fórum de discussões permanente. O líder brasileiro inclusive já havia diminuído as expectativas de um anúncio mais concreto depois do encontro desta terça-feira.
Durante reunião com Maduro, na segunda (29), o petista afirmou que a cúpula "não decide nada" e é "uma prospecção de possibilidade". Afirmou ainda que a própria Unasul foi discutida por mais de quatro anos antes de ser concretizada. "A ideia central é que precisamos formar um bloco para trabalharmos juntos, na questão econômica, de investimento, de meio ambiente. Isso não é difícil porque temos mais ou menos os mesmos problemas. Então eu penso que vamos ter sucesso amanhã na primeira reunião", disse Lula.