© iStock
Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) mostram que a opacidade da córnea, lente externa do olho, é a terceira maior causa de cegueira global. Afeta no mundo um dos olhos de 30 milhões de pessoas e os dois olhos de 10 milhões. Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier, um levantamento feito nos prontuários do hospital mostra que no frio a lente de contato de dois em cada dez pacientes sofre alterações.
PUB
O oftalmologista diz que um dos fatores que contribui com estas alterações é a explosão dos casos de gripe e resfriado que causam irritação nos olhos pela conexão do canal lacrimal com o nariz. Outro fator, ressalta, é o aumento da poluição e do olho seco que criam depósitos na superfície da lente, deformam suas bordas e antecipam o prazo de validade. “O frio também forma o ambiente perfeito para a proliferação de diferentes cepas de vírus que causam conjuntivite viral e podem danificar a lente de contato, caso o uso não seja interrompido ao primeiro sinal de desconforto. “Persistir no uso também causa cicatrizes e opacificação na córnea”, afirma. O especialista alerta que basta um descuido na limpeza das lentes ou do estojo, esquecer de usar colírios lubrificantes ou deixar cair água dentro do olho durante o banho para contaminar a córnea, salienta.
Sinais de alerta
Queiroz Neto afirma que os sinais de contaminação da córnea pelo mau uso de lente são: dor nos olhos, vermelhidão, sensação de corpo estranho, lacrimejamento, diminuição da visão e sensibilidade à luz. Ficar com os olhos vermelhos depois de atividades ao livre pode sinalizar só uma irritação passageira, mas também pode indicar uma infecção. Por isso, ao primeiro desconforto a recomendação é retirar a lente do olho e consultar um oftalmologista imediatamente.
Como higienizar
O oftalmologista salienta que um erro comum cometido na manutenção das lentes de contato é lavar com soro fisiológico. A única forma de eliminar micro-organismos e outras impurezas é lavar e enxaguar com solução higienizadora tanto as lentes quanto o estojo. Caso aconteça uma reação alérgica a alguma substância da solução higienizadora, Queiroz Neto afirma que o último enxague pode ser feito com soro fisiológico de dosagem única para hidratar a lente. Isso porque, o soro não tem conservante e se ficar guardado depois de aberto contamina os olhos caso seja aplicado nas lentes.
Retire a lente durante o sono
O especialista orienta retirar até as lentes indicadas para uso noturno antes de ir dormir. Isso porque, quando estamos acordados a córnea se alimenta da lágrima e do oxigênio retirado do ar. Quando dormimos além da produção da lágrima ser menor, a lente funciona como uma barreira entre a córnea e o filme lacrimal. Resultado: dormir com lente aumenta em 10 vezes o risco de contaminação da córnea.
Atenção ao prazo de validade
No Brasil o tipo de lente de contato mais usada é a gelatinosa de descarte diário, semanal ou mensal. O problema é que muitos usuários não descartam a lente de acordo com o prazo de validade para economizar. “Quem usar lentes vencidas chega ao consultório com os olhos contaminados,” adverte.
Passo a passo
As principais recomendações do oftalmologista para preservar a córnea são:
Lavar cuidadosamente as mãos antes de manipular as lentes. Usar solução higienizadora para limpar e enxaguar lente e estojo. Friccionar as lentes para eliminar completamente os depósitos. Não usar água ou soro fisiológico na limpeza. Retirar as lentes antes de remover a maquiagem e quando usar spray no cabelo. Colocar as lentes sempre antes da maquiagem. Guardar o estojo em ambiente seco e limpo. Trocar o estojo a cada três meses Respeitar o prazo de validade das lentes. Jamais dormir com lentes, mesmo as liberadas para uso noturno. Interromper o uso a qualquer desconforto ocular e consultar o oftalmologista. Retirar as lentes durante viagens aéreas por mais de três horas, Não entrar no mar, piscina, banheira ou chuveiro usando lentes.