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(FOLHAPRESS) - Primeira brasileira a alcançar a semifinal da era aberta de Roland Garros, a tenista Bia Haddad, 27, tem um primeiro saque acima da média, que pode ser uma arma na disputa mais importante de sua carreira até agora.
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Com 1,85 metro de altura, tem vantagem no serviço inicial em relação a grandes adversárias do ranking feminino, incluindo a número 1 do mundo, a polonesa Iga Swiatek, que ela enfrenta nesta quinta-feira (8) para tentar garantir uma vaga na final do campeonato francês.
A começar pelo número de aces -pontos feitos direto no saque. A média da Bia é de 2,42 por jogo versus 1,50 da polonesa, considerando o número de partidas que cada uma jogou em 2023.
A brasileira tem 70,8% de aproveitamento no primeiro serviço. Está acima de Swiatek (65,8%) e apresenta performance superior à média das dez primeiras colocadas do ranking profissional (de 62,4%). Os dados analisados pela Folha consideram as partidas de 2023 da WTA (Associação de Tênis Feminino), que rege o circuito.
Bia costuma confirmar seu serviço (vencer o game no qual está sacando) em 75% das vezes, no páreo com as dez mais bem colocadas -posto que ela pode alcançar no ranking, ao final do torneio, caso vença nesta quinta. A polonesa a supera nesse quesito: ganhou em 82% dos games nos quais esteve com o controle do saque neste ano.
O jogador de tênis tem direito a duas tentativas de saques por ponto, o que lhe permite arriscar mais no primeiro serviço, com mais força e direcionamento nos ângulos. O primeiro serviço de Bia é muito rápido (atingiu quase 190 km/h em 2022, o mais veloz da temporada, segundo relatório do Statista), o que aumenta suas chances de aces.
O problema, em relação à adversária polonesa, é a manutenção do serviço como um todo. A número 1 do mundo pode não mostrar um primeiro saque tão potente quanto o de Bia, mas, ao errar, se garante no segundo e comete menos duplas faltas (quando um jogador erra os dois saques).
Em 2023, Bia fez mais aces, mas também cometeu mais duplas faltas do que a adversária (2,5 por jogo, contra apenas 1,2 da número 1). Embora seja apenas um entre tantos golpes, o saque tem peso importante no conjunto de um tenista, ao lhe dar o controle de ritmo de um ponto.
Bia teve um aproveitamento de 49,6% do segundo serviço contra 55,6% da polonesa nas partidas deste ano.
No jogo contra a tunisiana Ons Jabeur, número 7 do mundo, Bia fez três aces. O saque foi um importante aliado no segundo set, quando ela começou a virar o jogo, assim como sua capacidade de salvar break points (quanto um atleta tem a chance de vencer um game no qual o adversário é o sacador).
Essa é outra marca positiva de Bia, que salvou 58% dos break points neste ano. A média das dez primeiras colocadas é de 59%, e a da polonesa, de 50% -que, por vezes, enfrenta adversárias mais difíceis por estar no topo do ranking.
Bia chegou à semifinal após vencer Jabeur por 2 sets a 1, parciais de 3/6, 7/6 (7/5) e 6/1, em 2 horas e 29 minutos de jogo.
Desde que Maria Esther Bueno foi às semifinais no Aberto dos Estados Unidos de 1968, nenhuma brasileira havia chegado entre as quatro últimas concorrentes a um título de Grand Slam, que reúne os quatro maiores torneios do tênis mundial.
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