Comissão pede que Boris Johnson tenha acesso vetado ao Parlamento britânico

Segundo a comissão, as ações de Boris teriam justificado uma suspensão de 90 dias caso ele não tivesse renunciado ao cargo de parlamentar na última sexta-feira (9)

© Stefan Wermuth/Bloomberg via Getty Images

Mundo Reino Unido 15/06/23 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ex-premiê do Reino Unido Boris Johnson enganou os parlamentares britânicos sobre festas das quais participou durante lockdowns na pandemia de coronavírus. A conclusão consta em relatório divulgado nesta quinta-feira (15) por uma comissão de inquérito do Parlamento, após investigação de 14 meses.

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Em tom duro, a comissão enfatiza não haver precedentes na história do Reino Unido para tal ato, feito de forma deliberada pelo ex-premiê, segundo o documento. "O desacato foi ainda mais sério porque foi cometido pelo [então] primeiro-ministro, o membro mais sênior do governo", diz trecho do relatório.

O documento com mais de 100 páginas detalha seis eventos na Downing Street, sede do governo britânico, no escândalo que ficou conhecido como partygate. Imagens e documentos que vieram à tona revelaram que Boris violou as regras de distanciamento estabelecidas por sua própria gestão para combater a Covid-19 e participou de uma série de encontros e festas no local.

Segundo a comissão, as ações de Boris teriam justificado uma suspensão de 90 dias caso ele não tivesse renunciado ao cargo de parlamentar na última sexta-feira (9). Ele deixou o posto para evitar eventuais punições após receber uma carta do Comitê de Privilégios da Câmara dos Comuns, o mais importante órgão disciplinar dos legisladores britânicos, com informações sobre o processo.

O relatório do comitê, que ainda será submetido à votação entre os parlamentares, pede que Boris tenha o acesso vetado à sede do Parlamento, privilégio que costuma ser concedido aos ex-premiês britânicos. Uma sessão parlamentar para discutir o documento está marcada para a próxima segunda-feira (19).

Ao renunciar do Parlamento, Boris denunciou o que chamou de armação política, apesar de o comitê de investigação ser integrado em sua maioria por membros de seu próprio partido. O ex-premiê insistiu nas críticas nesta quinta ao chamar a comissão de "antidemocrática" e cujos membros são responsáveis pela "facada final em um assassinato político prolongado".

"O comitê não encontrou uma única prova", disse Boris, acrescentando que não havia irregularidade nos eventos da Downing Street e que sua presença foi exigida por questões relacionadas ao trabalho.

A crise na qual Boris se afundou começou no final de 2021, quando ainda era premiê. Na época, o jornal Mirror publicou reportagem afirmando ter havido, em 2020, diversas festas de Natal na sede do governo, incluindo uma reunião regada a vinho com cerca de 40 a 50 pessoas. Ele negou as acusações, ainda que imagens e convites de festas que contradiziam sua narrativa fossem divulgados uma após a outra pela mídia britânica. Em dezembro daquele ano, ele disse aos parlamentares que os encontros em Downing Street seguiram as determinações das regras que vigoravam para conter a Covid.

O escândalo chegou a ser investigado até pela polícia de Londres e, em abril do ano passado, legisladores aprovaram uma investigação interna para apurar se ele mentiu ao Parlamento. Desde então, Boris já perdeu o cargo de premiê, viu sua sucessora cair em tempo recorde e seu secretário de Finanças assumir o posto. O conservador também perdeu apoio em sua sigla -fracasso que a renúncia evidencia.

Nas conclusões, o relatório destaca que algumas das explicações de Boris durante o processo foram "tão pouco sinceras que, por sua natureza, representaram tentativas deliberadas de enganar o comitê e a Câmara". A comissão diz ainda que, ao revelar detalhes do relatório na semana passada, antes da publicação, o ex-premiê incorreu em violação da confidencialidade, o que constitui "um desacato grave".

O comitê também acusa o ex-premiê de ser cúmplice de uma campanha de abuso e tentativa de intimidação contra a investigação. Boris teria sido suspenso do cargo de parlamentar por "desacatos repetidos e por tentar minar o processo".

Questionado sobre o relatório, o gabinete do atual premiê britânico, Rishi Sunak disse que o primeiro-ministro ainda não havia lido o documento, mas que ele acredita que o comitê realizou o inquérito de forma adequada e que "não seria correto criticar o trabalho" feito em mais de um ano.

Já opositores de Boris e do atual governo voltaram a criticar o escândalo. "Enquanto Rishi Sunak está distraído com a novela conservadora em andamento, as pessoas clamam por liderança nas questões que são importantes para elas", disse Thangam Debbonaire, membro do Partido Trabalhista.

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