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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Jair Bolsonaro (PL) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), expuseram uma crise pública nesta quinta-feira (6) em meio à articulação da reforma tributária e no momento em que o ex-ministro é cotado como herdeiro político do ex-presidente, que está inelegível.
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A defesa da aprovação da reforma colocou Tarcísio na mira de Bolsonaro e de parte da bancada do PL, que entendem que essa agenda é de Lula (PT) e, portanto, deve ser combatida. Como mostrou a Folha de S.Paulo, o desentendimento ficou explícito em reunião do PL em que Tarcísio foi hostilizado.
Pela primeira vez, a artilharia digital do bolsonarismo se voltou de forma contundente contra Tarcísio, que vive a difícil missão de encabeçar uma gestão não ideológica, mas sem perder o apoio do seu padrinho Bolsonaro. Nas redes sociais, o governador foi chamado de traidor -diversos posts resgatavam uma foto sua ao lado de Lula.
Os principais aliados de Bolsonaro, como Fabio Wajngarten e Eduardo Bolsonaro (PL-SP), fizeram uma série de publicações para criticar Tarcísio, como noticiou a coluna Painel, ironizando sua declaração, feita ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), de que era 95% a favor da reforma.
Na reunião do PL, o governador ainda ouviu de Bolsonaro que não tem experiência suficiente. Para deputados, a opinião do ex-presidente compromete a posição de Tarcísio como líder da direita para a eleição de 2026.
Bolsonaristas ouvidos pela reportagem afirmam que é cedo para falar em rompimento entre Bolsonaro e Tarcísio, mas ponderam que o racha pode caminhar para esse desfecho. Na opinião deles, o governador tem que aprender a ser oposição ao PT, principalmente se quiser se cacifar para a eleição presidencial.
Deputados dizem ainda que Tarcísio saiu desmoralizado do encontro. O deputado Ricardo Salles (PL-SP) foi um dos que discursou atacando o governador.
As rusgas entre Tarcísio e bolsonaristas vêm crescendo desde a vitória do ex-ministro em 2022. Apesar da cobrança de deputados radicais por cargos e participação no governo, Bolsonaro mantinha seu apoio ao afilhado e argumentava que era preciso ajudar Tarcísio diante dos desafios que a gestão de São Paulo impõe.
A série de gestos de Tarcísio ao centro e o fato de não adotar pautas da direita radical também incomodavam aliados, a ponto de gerar crises com a base do governador na Assembleia Legislativa. A leitura de deputados bolsonaristas é a de que Gilberto Kassab (PSD), secretário de Governo, tem influência no Palácio dos Bandeirantes, enquanto Bolsonaro não.
A reforma tributária, no entanto, colocou criador e criatura em lados opostos. No último dia 26, Bolsonaro esteve em São Paulo, onde reuniu a bancada do PL no estado para pregar contra a aprovação do texto.
Cinco dias depois, no domingo (2), foi a vez de Tarcísio reunir a bancada paulista em um jantar no Palácio dos Bandeirantes em que defendeu a aprovação da reforma, desde que alguns pontos fossem alterados. Já em Brasília, na quarta (5), o governador recuou em suas críticas após se reunir com Haddad e outros governadores.