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Os perfis de direita repudiaram Tarcísio por chamar membros do STF de "juristas renomados", por citar que o País tem um "guardião da Constituição" que funciona "muito bem" e por falar que o Estado Democrático de Direito brasileiro é "vibrante" e não enfrenta riscos à sua existência.
De acordo com os influenciadores, Tarcísio exagerou na cordialidade com os ministros da Suprema Corte e manteve uma postura "nada bolsonarista" em seu discurso. Uma influenciadora questionou se ele havia dito "o que realmente acredita ou o que o governo e o STF querem ouvir".
O governador foi bastante criticado por influenciadores e políticos de direita na última semana, por ter apoiado a reforma tributária publicamente. As novas postagens dos apoiadores, porém, ocorrem após Bolsonaro e os filhos dele recuarem nas críticas a Tarcísio. Eles trocaram afagos públicos nesta semana, com o chefe do Executivo paulista reafirmando lealdade ao ex-presidente e Bolsonaro publicando foto dos dois se abraçando.
Ao iniciar o discurso, Tarcísio disse que não entendia o convite feito pelo ministro Gilmar Mendes para a participação dele no evento, já que era "um mero engenheiro no meio de juristas renomados". Em seguida, o governador cumprimentou Luís Roberto Barroso, também ministro do STF; Luis Felipe Salomão, ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ); e Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública, que estava na mesa ao lado de Tarcísio.
"Quem sou eu? Um mero engenheiro, ou seja, um peixe fora d'água. Então, de repente, eu tenho que falar aqui para o ministro Gilmar, para o ministro Barroso, para o ministro Salomão, com a maior cara de pau do mundo", disse o governador de São Paulo.
Um Estado Democrático 'vibrante'
Outro trecho resgatado pelos bolsonaristas nas redes é uma fala do governador sobre a importância da atuação do Estado Democrático de Direito que, segundo Tarcísio, "corre riscos baixos" de sofrer ataques. Ele também elogiou o STF, chamando a Corte de "órgão guardião da Constituição" e que "vem funcionado muito bem nos últimos anos".
"O nosso risco é baixo. Nós temos um Estado Democrático de Direito vibrante, e nós estamos caminhando na direção certa. Primeira coisa é que o Estado Democrático de Direito tem que ter o seu fundamento na soberania popular. (...) Fundamental a existência de um órgão guardião da Constituição com vontade livre, com atuação livre. E isso nós temos, então esse risco eu diria que é muito baixo, não existe. Nós temos esse guardião da Constituição, que vem funcionado muito bem nos últimos tempos", disse o governador.
Um influenciador comparou a fala de Tarcísio com a de outros bolsonaristas. Segundo ele, aliados do ex-presidente afirmam que o "STF persegue e age de forma inconstitucional", enquanto o governador diz que o Supremo "é guardião da Constituição e vem funcionando muito bem".
Outra influenciadora bolsonarista criticou o chefe do Executivo paulista por ter tido uma "postura amena e dialogável" com os juristas e que, segundo ela, essa forma de discursar seria "nada bolsonarista". "O governador de São Paulo elogiou STF e a democracia brasileira", afirmou.
Outro perfil bolsonarista acusou Tarcísio de acreditar que "o povo é ingênuo" ao afirmar sobre a existência de um Estado democrático no País. A influenciadora afirmou que o discurso do governador não seria uma estratégia política, e sim uma "fortificação de um regime autoritário" que teria sido imposto no Brasil.
Tarcísio critica a 'judicialização da política'
Ainda no evento, o governador questionou a existência de um excesso da "judicialização da política", críticas que também foram endossadas pelo ex-presidente Bolsonaro ao longo do seu governo. De acordo com Tarcísio, o Judiciário brasileiro interfere, em algumas ocasiões, nas decisões do Poder Legislativo. O trecho não aparece nas postagens dos apoiadores de Bolsonaro nesta terça.
"É importante a gente centrar na figura do legislador, porque aqui a gente tem um grande risco também, o risco da judicialização da política. É o risco de, de repente, aquilo que é definido pelo nosso legislador, que tem que ser soberano e que deve escolher as relações de Justiça que melhor se coordenam, se coadunam com as condições próprias de cada Estado. Às vezes isso não é respeitado", afirmou.
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