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Ao todo, a equipe estava a mais de 4300 dias sem perder uma partida de Mundial, tendo se sagrado campeãs nas edições de 2015 e de 2019. O roteiro de 2023, no entanto, foi bem diferente. Em um grupo relativamente fácil, as americanas ganharam do Vietnã e empataram com a Holanda, dois resultados aceitáveis dentro do contexto.
A reedição da final de 2019 contra as holandesas foi tensa, com um jogo aberto onde cada time foi superior em um dos tempos. Para a maior parte dos especialistas, a grande dúvida do Grupo E era qual das duas favoritas, EUA e Holanda, ficaria com a primeira vaga.
O primeiro sinal de problema foi na partida contra as portuguesas. Precisando vencer para se classificar, os EUA encontraram dificuldades no jogo contra as europeias. Na primeira Copa feminina de sua história, Portugal jogou de igual para igual contra as americanas e não venceu a partida por detalhes: já nos acréscimos da segunda etapa, a atacante Ana Capeta mandou uma bola na trave.
O 0 a 0 garantiu os EUA na próxima fase, mas a mídia americana não poupou o atual elenco. Carli Lloyd, que foi capitã das conquistas de 2015 e 2019, detonou a atuação de suas ex-colegas e afirmou que a classificação para as oitavas de final do torneio foi conquistada na sorte.
Em entrevista à Fox Sports, a meio-campista classificou a postura delas como "arrogante". A jogadora entende que os EUA não são mais imbatíveis como foram durante seu período de atuação. "Pensamos que podemos simplesmente entrar e vencer jogos. E esse não é mais o caso e as equipes veem isso. Elas veem a arrogância dos EUA, sabem que esse time não é mais imparável", disparou a atleta. "A melhor jogadora em campo foi a trave. Vocês são sortudas de não estarem indo para casa", afirmou Lloyd.
Uma das principais criticas contra a atual geração americana é a falta de uma suposta "mentalidade vencedora". Na coletiva de imprensa realizada na véspera do jogo contra a Suécia, o treinador Vlatko Andonovski defendeu suas atletas. "Para alguém questionar os padrões e a mentalidade desta equipe, após tudo o que fazem, primeiro, não acho que seja a hora certa para isso e, segundo, não acho que seja a coisa certa também. A gente aceita que poderíamos ter saído se a bola batesse no travessão. Mas tem o fato de estarmos dentro, ok que tivemos sorte, mas estamos seguindo em frente. Então, agora faremos o possível para que essa mesma situação não aconteça."
Andonovski assumiu a equipe em 2019, após a conquista do bicampeonato. Seu trabalho, no entanto, não era nem um pouco fácil: ele substituiu a lendária Jill Ellis, que conquistou ambos os títulos Mundiais e, em 132 jogos, venceu 106, empatou 19 e perdeu somente 7. As jogadoras que brilharam com Ellis, entretanto, ou já se aposentaram ou não apresentam a mesma forma que apresentaram nas últimas Copas.
Se Carli Lloyd agora só comenta as partidas, Alex Morgan e Megan Rapinoe, dois dos pilares da seleção americana durante a década de 2010, já não são mais as mesmas jogadoras. No Mundial de 2023, ambas passaram em branco e pouco contribuíram para a equipe. Rapinoe, inclusive, perdeu um dos pênaltis que selou a eliminação dos EUA na edição atual do torneio.
Se as jogadoras jovens ainda não estão prontas para assumir o comando da seleção, as experientes estão em baixa e já não produzem o futebol que costumavam produzir. Para os EUA, a Copa de 2023 era uma competição de transição geracional. Saem Morgan, de 34 anos e Rapinoe, de 38, e entram Sophia Smith. de 22, e Trinity Rodman, de 21. A permanência de Andonovski ainda é incerta, mas o pior resultado na história da seleção deve pesar. O futuro, no entanto, é promissor. E com a nova leva de excelente atletas amadurecendo, é bem capaz que os EUA volte a se tornar "imbatível" em 2027. Só o tempo dirá.
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