Pacheco diz que fala de Zema contraria lógica da União nacional de JK

"Não cultivamos em Minas a cultura da exclusão. JK, o mais ilustre dos mineiros, ao interiorizar e integrar o Brasil, promoveu a lógica da união nacional. Fiquemos com seu exemplo."

© Getty Images

Política Senado 08/08/23 POR Estadao Conteudo

O presidente do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), criticou o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), pelo anúncio de uma frente para "protagonismo" das regiões Sul e Sudeste. O senador afirmou que o Estado não cultiva a exclusão e citou o ex-presidente Juscelino Kubitschek, que também era mineiro, como exemplo de promoção da união no País. "Não cultivamos em Minas a cultura da exclusão. JK, o mais ilustre dos mineiros, ao interiorizar e integrar o Brasil, promoveu a lógica da união nacional. Fiquemos com seu exemplo."

PUB

A crítica de Pacheco, que fez sua carreira política por Minas, foi em relação à entrevista que Zema concedeu ao Estadão, publicada no fim de semana. "Ao valoroso povo do Norte e Nordeste, dedico meu apreço e respeito. Somos um só país", escreveu o senador nas redes sociais.

A fala de Zema ganha importância pelo fato de que o governador mineiro é visto como presidenciável, um dos possíveis "herdeiros" do voto de direita depois que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi tornado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Na entrevista, Zema afirmou que os Estados do Sul e do Sudeste devem ter mais protagonismo político, por serem os que têm mais produção. "Nós queremos é que o Brasil pare de avançar no sentido que avançou nos últimos anos - que é necessário, mas tem um limite - de só julgar que o Sul e o Sudeste são ricos e só eles têm que contribuir sem poder receber nada", disse o governador.

"Isso não pode ser intensificado, ano a ano, década a década. Se não você vai cair naquela história do produtor rural que começa só a dar um tratamento bom para as vaquinhas que produzem pouco e deixa de lado as que estão produzindo muito", complementou.

Repercussão

As declarações do governador de Minas reverberaram mal entre outros chefes de Executivos estaduais e renderam críticas de autoridades, como o ministro da Justiça, Flávio Dino. Ainda no domingo, 6, ele disse, via rede social, que criar distinções entre brasileiros é proibido pela Constituição Federal e que aquele que optar por esse caminho é "traidor da Pátria".

Eduardo Leite (PSDB), governador do Rio Grande do Sul, defendeu Zema. "A união deles (Norte e Nordeste) em torno de pautas de seus interesses serviu de inspiração para que, finalmente, possamos fazer o mesmo, nos unirmos em torno do que é pauta comum e importante aos Estados do Sul e Sudeste", disse o tucano. Outros governadores, no entanto, interpretaram a fala de Zema como um incentivo à cisão.

Para o governador da Paraíba e presidente do Consórcio Nordeste, João Azevêdo (PSB), o governador mineiro foi infeliz. "É um grande equívoco quando se estimula uma divisão no País, que já foi dividido pelo processo eleitoral. Estamos em um processo de reconstrução e aí vem alguém e faz uma declaração dessa", afirmou Azevêdo ao Estadão.

O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), afirmou que Zema deveria ter feito algo pelas regiões Sul e Sudeste nos últimos quatro anos em vez de "bajular" Bolsonaro. "Essa elite carcomida e preconceituosa não passará", disse o parlamentar.

O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), disse que o governador mineiro utilizou "práticas preconceituosas" para destilar ódio contra nordestinos e nortistas. "A xenofobia é um dos crimes mais cruéis e nefastos contra nosso próprio povo. Esse tipo de discurso de ódio e de separatismo não pode mais ter espaço em nosso país."

O governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), que se apresenta como um político de direita, assim como Zema, disse que é perigoso estabelecer um "cabo de guerra" entre as regiões do País. "Uma declaração dessa é muito ruim porque a pobreza se concentra no Norte e no Nordeste. Sul e Sudeste não querem abrir mão do que eles têm em termos de competitividade, mas é necessário um equilíbrio. É muito perigoso estabelecer um cabo de guerra entre as regiões e colocar uma população contra a outra", afirmou o ao Estadão.

Após a repercussão da entrevista, Zema tentou esclarecer o tema, afirmando que a frente não vai se posicionar contra outras regiões. "A união do Sul e Sudeste jamais será para diminuir outras regiões. Não é ser contra ninguém, e sim a favor de somar esforços", escreveu ele no Twitter.

Auxílio

Não é a primeira vez que Zema defende o protagonismo dos Estados mais ricos do País. No começo de junho, durante a abertura do 8.º Encontro do Consórcio de Integração Sul e Sudeste, realizado em Belo Horizonte, o governador disse que os Estados do Sul e do Sudeste têm mais pessoas trabalhando do que vivendo de auxílio emergencial e que "boa parte da solução do nosso país está nesses Estados (do Sul e do Sudeste)". Como agora, a insinuação do mineiro foi recebida como preconceituosa.

Leia Também: 'Cachorro que late não morde', diz Lula sobre fazendeiro do PA que o ameaçou

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

brasil Rio Grande do Sul Há 23 Horas

Avião cai em Gramado; governador diz que não há sobreviventes

economia Dinheiro Há 4 Horas

Entenda o que muda no salário mínimo, no abono do PIS e no BPC

brasil ACIDENTE-MG 22/12/24

Sobe para 41 o número de mortos em acidente entre ônibus e carreta em MG

fama CHRIS-BROWN Há 23 Horas

Chris Brown transforma o Allianz em balada pop R&B

fama Kate Middleton Há 23 Horas

Kate Middleton grava mensagem especial de Natal

fama Patrick Swayze Há 18 Horas

Atriz relembra cena de sexo com Patrick Swayze: "Ele estava bêbado"

fama Tragédias Há 21 Horas

Modelos que morreram em circunstâncias trágicas: Um caso recente

mundo Estados Unidos Há 4 Horas

Momento em que menino de 8 anos salva colega que engasgava viraliza

fama Mal de parkinson Há 19 Horas

Famosos que sofrem da doença de Parkinson

mundo Guerra na Ucrânia Há 23 Horas

"Vão lamentar". Putin promete mais destruição na Ucrânia