Lula ganhou de forma democrática e tem direito a fazer criticas, diz Campos Neto

Campos Neto voltou a dizer que o quadro do BC é muito técnico, apesar das críticas de Lula e do mercado

© Getty Images

Economia Banco Central 25/08/23 POR Estadao Conteudo

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que as críticas do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, à condução da política monetária não o machucaram e que estava "mais ou menos preparado" para essa situação. Ele fez a negativa quando questionado sobre o assunto em entrevista em vídeo gravada ao Amarelas on Air, da revista Veja.

"O presidente ganhou de forma democrática e tem direito de fazer suas críticas", afirmou Campos Neto.

Segundo ele, esse quadro faz parte do processo de autonomia da instituição, que está sendo testado. "É a primeira vez que (o presidente de um BC) cruza um governo. Precisamos mostrar que trabalhamos com autonomia", disse, repetindo que é apenas um voto de nove e que o colegiado toma decisões de forma "muito técnica". "O tempo vai mostrar seriedade, autonomia e tecnicidade do trabalho do BC", garantiu.

Campos Neto citou também que não é apenas no Brasil que ocorrem situações como esta, e mencionou críticas do então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump a representantes do Federal Reserve (Fed, o BC norte-americano).

Uma das críticas que vieram de Lula e também de alguns agentes de mercado era a de que a inflação doméstica subia por causa da oferta e que, portanto, não seria algo a ser combatido com elevação ou manutenção da taxa de juro em patamar mais alto.

Campos Neto, porém, refutou o argumento, dizendo que houve apenas pontos passageiros que indicavam componentes de inflação de oferta. Segundo ele, medidas de núcleos, de serviços e a própria dinâmica dos preços revelam que fica bastante aparente que a alta foi mais baseada em demanda do que em oferta.

"Mesmo que fosse mais de oferta, o BC tem obrigação de combater o que chamamos de choque de segunda ordem", afirmou, dizendo que BCs da África do Sul e da Inglaterra fizeram discursos recentes que também vão nesse sentido.

Por isso, conforme o presidente do BC, é possível avaliar que a instituição conseguiu fazer um trabalho de pouso suave, com a redução da inflação com o mínimo de dor em termos de crescimento, emprego e crédito para as empresas. "Quando pegamos a definição de pouso suave, acho que podemos dizer que trabalho foi bem feito. Na verdade, o trabalho ainda não terminou, mas podemos dizer que ainda está sendo feito." E acrescentou: "ainda temos uma luta remanescente sobre a inflação".

Campos Neto voltou a dizer que o quadro do BC é muito técnico e que o governo Lula está aprendendo a lidar com um presidente da instituição que não foi de sua escolha. Há o aprendizado, segundo ele, dos dois lados.

De qualquer forma, Campos Neto comentou que não acredita em um desvio da atuação da autoridade monetária com a chegada de novos membros ao BC e que, se houver um pensamento muito diferente, o sistema de metas de inflação vai mostrar o caminho de quadro mais técnico. "Mas sempre haverá debate."

Chegada de Galípolo

O presidente do Banco Central afirmou que a dinâmica do Comitê de Política Monetária (Copom) de agosto, que teve a estreia de Gabriel Galípolo, indicado pelo governo Lula para a Diretoria de Política Monetária, foi a mesma das reuniões anteriores. "A dinâmica foi a mesma de sempre. A divisão (sobre os rumos da Selic) já vinha da reunião anterior, não teve nada que aconteceu muito diferente", disse quando questionado sobre o assunto na entrevista em vídeo gravada ao Amarelas on Air, da revista Veja.

A mesma reunião também contou com a primeira participação de Ailton Aquino, outro diretor escolhido pelo atual governo, mas para a Diretoria de Fiscalização. No mercado, havia muita expectativa sobre a influência dos "emissários de Lula" na decisão do Copom, especialmente de Galípolo, que é considerado nos bastidores o substituto de Campos Neto ao fim de seu mandato no BC.

Na entrevista, o presidente do BC repetiu que a divergência de opiniões e de vertentes de pensamento fazem parte da autonomia do BC, mas afirmou que o processo da reunião do Copom é muito técnico, com apresentações sobre os principais indicadores econômicos e avaliação de modelos de inflação. "No fim das contas, a decisão que a gente toma é muita técnica. Não teve nada muito diferente, na verdade."

PUB

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

mundo Investigação Há 9 Horas

Laudo aponta que míssil da Rússia derrubou avião no Cazaquistão

fama Luto Há 12 Horas

Morre ator Ney Latorraca, aos 80 anos

fama Bebê Há 14 Horas

Neymar será pai pela quarta vez e terá segunda filha com Bruna Biancardi

fama Festas Há 13 Horas

Filho de Leonardo, João Guilherme dispensa Natal do pai e passa com Xuxa

mundo Cazaquistão Há 12 Horas

Nevoeiro, aves, míssil russo… O que se sabe sobre a queda de avião?

fama Emergência Médica Há 7 Horas

Internado na UTI, saiba quem é Toguro, influencer indiciado por homicídio

mundo Avião Há 13 Horas

Corpo é encontrado no trem de pouso de avião no Havai

lifestyle Saúde Há 13 Horas

Nariz entupido? Saiba como resolver este incômodo

fama Tragédia Há 6 Horas

Ator de 'Baby Driver', Hudson Meek, morre aos 16 anos

fama Celebridades Há 22 Horas

Por que esses famosos não comemoram o Natal?