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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Dois homens apontados como operadores financeiros de lideranças da facção PCC foram presos nesta terça-feira (12) em operação coordenada pelo Ministério Público de São Paulo. De acordo com a investigação, eles são suspeitos de participar de esquema de lavagem de dinheiro que desde 2020 movimentou R$ 100 milhões obtidos por meio do tráfico.
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Os dois presos, identificados como Dário Alencar Pereira e Márcio Roberto de Souza Costa, foram presos preventivamente em São Paulo e em Praia Grande (litoral paulista). A dupla é suspeita de fazer parte de núcleo ligado a dois dos principais líderes da facção criminosa, Odair Lopes Mazzi Junior, conhecido como Dezinho, e Marcos Roberto de Almeida, o Tuta. O primeiro foi preso em julho e o segundo está foragido.
A operação cumpriu ainda 22 mandados de busca e apreensão em São Paulo e quatro na Bahia. A força-tarefa apreendeu celulares, computadores e documentos, além de 35 relógios e cerca de R$ 85 mil em quatro moedas diferentes.
Um dos alvos foi a casa onde mora a esposa de Dezinho, Carolina Mazzi, em Alphaville, bairro nobre na região metropolitana de São Paulo. "Segundo uma estimativa inicial, o valor das joias e relógios apreendidos chega a R$ 2 milhões", disse o promotor Lincoln Gakiya.
Um terceiro suspeito, que não teve identidade revelada, foi preso em flagrante por porte ilegal de arma de fogo durante o cumprimento de um dos mandados de busca. A operação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) contou com o apoio de 108 policiais militares da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar)
Segundo Gakiya, a Promotoria identificou indícios de que essas lideranças teriam desviado dinheiro da facção para manter vida de luxo fora dos presídios.
"Esse pessoal saiu do sistema prisional paulista praticamente sem recurso, e hoje têm patrimônio considerável. Faziam viagens ao exterior, andavam jatinho particular e helicóptero. Tudo isso às custas dessa organização criminosa", disse Gakiya. Segundo o promotor, o contraste entre o padrão de vida das lideranças e dos demais faccionados tem "gerado revolta no sistema prisional".
A Promotoria disse que deve oferecer denúncia à Justiça nas próximas semanas e solicitar o bloqueio de contas correntes, sequestro de bens, como imóveis, e a suspensão de empresas usadas pelos supostos operadores financeiros para lavagem de dinheiro. "São algumas empresas ligadas ao ramo de estética, que é muito comum hoje entre familiares de líderes da facção", diz Gakiya.
CRIPTOMOEDAS E CONTAS DIGITAIS ERAM USADAS PARA DESVIOS
Segundo a investigação, os suspeitos usavam criptomoedas e contas em bancos digitais para movimentar o dinheiro ilícito deixando menos rastros, inclusive para fora do país. Outras pessoas ligadas ao grupo, entre eles familiares de Dezinho e Tuta, também são suspeitos de fazer parte do esquema.
"O dinheiro do tráfico internacional já vai direto da Europa para a Bolívia e para o Paraguai, e não circula pelo mercado financeiro formal. A nossa dificuldade hoje, para as ações de asfixia financeira, é justamente buscar esses recursos que estão fora do país", afirma Gakiya.
A ação dessa terça foi um desdobramento da operação Sharks, que em 2020 identificou o envio de R$ 1,2 bilhões da associação criminosa para o Paraguai a partir do núcleo comandado por Dezinho e Tuta. Ambos tiveram prisão decretada na época.
Apontado como membro da cúpula da facção, Dezinho foi preso em julho quando estava um resort de luxo no litoral de Pernambuco. Atualmente ele está preso no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros, na zona oeste da capital paulista, e aguarda transferência para o presídio de Presidente Venceslau, no interior paulista.
Atualmente, o PCC tem como sua principal atividade o tráfico internacional de cocaína, que é enviada para a Europa sobretudo por via marítima. De acordo com Gakiya, 60% de toda a cocaína apreendida na Europa teve como origem o porto de Santos, no litoral paulista.