© Getty
Tudo começou na última quarta-feira, 13, quando Deltan publicou uma foto com o rosto todo machucado e perguntou aos seguidores: "o que você acha que aconteceu comigo hoje?". Segundo um vídeo que gravou ao vivo na sequência, ele teria saído de bicicleta para levar a filha para a escola. "Coloquei ela na cadeirinha da bicicleta, saí pedalando e tive uma queda na bicicleta."
Ele diz que protegeu a filha e que ela não teve nenhum arranhão. "Eu acabei sendo o airbag dela e protegendo ela fui de cara no chão, esfreguei minha cara no chão", relatou.
No entanto, antes de o ex-deputado explicar a queda, a pergunta da primeira imagem atraiu algumas reações negativas, que o deputado usou para provocar seus opositores políticos. Além de dizer que "essa foi a reação da esquerda", ele ainda escreveu: "esses são alguns dos inúmeros exemplos de respostas violentas que aconteceram. Isso prova como o outro lado, muitas vezes, finge ter valores que não possui. Esses são os autoritários, violentos e antidemocráticos".
Há xingamentos violentos, como "canalha" e "arrombado", comentários de que "machucou pouco" e até menções ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes (que, na sugestão do usuário, teria dado um soco no ex-deputado) e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Uma usuária afirmou: "Lula presidente e você sem mandato". Deltan é abertamente desafeto do presidente e participou de sua condenação no âmbito da Lava Jato.
Deltan exibiu oito comentários - um deles repetido três vezes. Três são de uma mesma internauta. Ao todo, Deltan compartilhou mensagens de seis pessoas a quem atribui "reação da esquerda".
De outro lado, o rosto ferido de Deltan atraiu a solidariedade de bolsonaristas conhecidos, como a deputada Carla Zambelli (PL-SP) e o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG). Sua postagem, com os oito comentários negativos, atraiu mais de 200 mil curtidas.
'Pessoal, eu tô um pouco avariado'
Deltan começou o vídeo em que explica a queda de bicicleta com a frase: "pessoal, hoje eu tô um pouco avariado". Mas esse foi apenas o primeiro golpe que o ex-deputado levou no mesmo dia. Também na quarta-feira, 13, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) formou maioria para rejeitar um recurso dele que pedia anulação da cassação de seu mandato.
O ex-procurador da Lava Jato teve o mandato cassado em maio, com base na Lei da Ficha Limpa. O próprio TSE, à época, concluiu que Deltan havia concorrido a vaga irregularmente, por pedir exoneração da Procuradoria em 2021 de forma "capciosa", nas palavras do relator Benedito Gonçalves. Isso porque a lei proíbe candidaturas de magistrados e membros do Ministério Público que tenham pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na pendência de processos administrativos disciplinares (PADs). Na época das eleições, Deltan respondia a reclamações administrativas e sindicâncias.
A decisão de quarta-feira - o dia da queda - apenas confirmou essa posição e negou o recurso do ex-deputado.
PUB