© Shutterstock
"Os recentes resultados apontam para uma sutil reaceleração da inflação interanual a partir da substituição das leituras negativas de julho a setembro do ano passado, no entanto, o IPGF sugere que essa aceleração é menos acentuada que o indicado pelo IPCA", frisou o relatório do indicador divulgado pela FGV.
O IPGF usa dados do Consumo das Famílias no Sistema de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mensurados e compilados pelo Monitor do PIB da FGV, para atualizar mensalmente o peso dos itens na cesta de produtos e serviços cujos preços são investigados. A intenção é que o índice reflita a inflação a partir de uma cesta de consumo móvel, que se adapte automaticamente às alterações de preferência do consumidor ao longo do tempo.
O Índice de Preços dos Gastos Familiares (IPGF) registrou aumento de 0,03% em agosto, ante uma elevação de 0,23% apurada no mês pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, apurado pelo IBGE).
Com o resultado, o IPGF acumula uma taxa de 2,11% de janeiro a agosto de 2023, enquanto o IPCA ficou em 3,23%.
Embora permaneça em patamar inferior ao da inflação pelo IPCA, a taxa acumulada em 12 meses pelo IPGF acelerou de 2,35% em julho para 2,78% em agosto, impulsionada pelo grupo Transportes, "que apresentava deflação de 4,17% em 12 meses até julho e agora acumula alta de 1,44% em agosto, graças, sobretudo, ao reajuste nos preços dos combustíveis". Houve aceleração ainda na taxa em 12 meses do grupo Habitação, de 3,24% em julho para 4,04% em agosto, e de Educação, de 8,13% para 8,35%. O grupo Comunicação manteve a queda acumulada de 7,10%, registrada também no mês anterior.
Os demais seis grupos do IPGF registraram redução em suas taxas em 12 meses na passagem de julho para agosto: Alimentação (de -2,92% para -4,07%), Artigos de Residência (de -3,69% para -4,05%), Vestuário (de 5,60% para 4,23%), Saúde e Cuidados Pessoais (de 11,39% para 10,73%), Despesas Pessoais (de 11,07% para 10,61%) e Serviços Prestados às Famílias e atividades pessoais (de 5,64% para 5,43%).
"Quando, por exemplo, o consumidor substitui arroz por macarrão ou carne vermelha por carne branca, ou ainda deixa de consumir combustível e passa a usar mais o transporte público devido ao aumento de preços, os itens substituídos perdem peso na cesta de consumo das famílias e seus aumentos de preço passam a comprometer menos o custo de vida e vice-versa. Assim, no longo prazo, esse efeito acaba gerando um número menor de inflação", explica Matheus Peçanha, economista responsável pela pesquisa no Ibre/FGV, em nota oficial.
O novo índice de inflação mostrou piora recente no processo de disseminação de aumentos de preços. O índice de difusão do IPGF - que mostra a proporção de itens com elevações de preços - saiu de 41,3% em julho para 47,8% em agosto.
"No entanto, a difusão ainda é menor que no início do processo de descompressão em dezembro de 2022, quando estava em 73,9% e a análise de sua média móvel de 12 meses indica o aprofundamento da redução do índice de difusão desde junho de 2022, quando o processo inflacionário começou a apresentar sinais de descompressão", ponderou o relatório da FGV.
PUB