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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Quase 90% do varejo brasileiro faz pagamentos parcelados sem juros no cartão de crédito, segundo pesquisa da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo). O estudo consultou, no mês de julho, 6.000 empresas de diferentes segmentos e portes situados nas 26 capitais do país e no Distrito Federal.
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No total, o volume de vendas que utilizam essa modalidade de pagamento soma R$ 1,5 trilhão anualmente. O estudo aponta que mais de 1 milhão de estabelecimentos, ou 47,1% do setor, tem até metade das suas comercializações parceladas sem juros.
Para 29,3% dos varejistas, as vendas nessa modalidade representam entre 50% e 80% de seu faturamento, totalizando R$ 929 bilhões por ano. Para outros 13,2%, as vendas parceladas são superiores a 80%, o que representa R$ 418 bilhões anuais. Cerca de 10% dos entrevistados não souberam informar essa porcentagem.
Segundo a CNC, a pesquisa foi entregue ao Ministério da Fazenda na semana passada, e reforça o posicionamento da entidade, que defende a manutenção do parcelamento sem juros.
A confederação também é favorável a um limite de juros do rotativo do cartão de crédito, tal como previsto no projeto de lei do Desenrola, programa de renegociação de dívidas do governo aprovado pelo Senado na segunda-feira (2).
"Essas são medidas importantes para equacionar o problema do endividamento e da inadimplência. Segundo a última Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, apurada mensalmente pela CNC, a proporção de famílias que não tem condições de pagar suas dívidas atingiu 12,7%, um recorde da série histórica do indicador, iniciada em janeiro de 2010", diz a entidade.
A polêmica começou há cerca de dois meses, quando o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu taxar o parcelamento de compras com cartão. Segundo ele, à época, a medida seria uma forma de combater as dívidas do cartão de Mas logo após a fala de Campos Neto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), disse em uma entrevista que o fim do parcelamento sem juros não seria uma saída para acabar com as altas taxas de juros do rotativo.
"Não podemos perder de vista o varejo. Porque as compras são feitas assim no Brasil, então não pode mexer nisso", afirmou durante o podcast Reconversa, com o jornalista Reinaldo Azevedo e o advogado Walfrido Warde.
Segundo a economista Izis Ferreira, responsável pelo estudo da CNC, é preciso buscar um consenso entre consumidores, bancos, varejistas e órgãos reguladores para continuar garantindo condições de consumo favoráveis à realidade do Brasil, e que fomentem o crescimento econômico do país.
"Na hipótese do fim do parcelamento sem juros, diversos produtos e serviços simplesmente deixarão de ser consumidos pela maior parte da população, que depende de prazo para as compras", diz Ferreira.