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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O norueguês Jon Fosse, de 64 anos, venceu o prêmio Nobel de Literatura de 2023, segundo anunciou a Academia Sueca na manhã desta quinta-feira (5).
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O escritor é conhecido principalmente por suas mais de 40 peças, mas também por sua produção de obras infantojuvenis, poemas e romances, um leque que está sendo ampliado no Brasil.
Um de seus livros, "É a Ales", finalista do prêmio Booker Internacional, acaba de sair no Brasil pela Companhia das Letras, somando-se a "Melancolia", já publicado pela Tordesilhas. A Fósforo está prestes a lançar outro, "Brancura".
A obra de Fosse é marcada por personagens imersos em investigações existenciais líricas que perpassam tempo e espaço -o porta-voz da Academia Sueca citou o também nobelizado irlandês Samuel Beckett como um escritor de estilo próximo a ele.
Desde 1901, a centenária Academia escandinava distribui aquela que é considerada a maior distinção literária do mundo, já tendo laureado 120 pessoas, entre interrupções por guerras ou escândalos sexuais. A pessoa escolhida leva 10 milhões de coroas suecas, o que hoje equivale a cerca de R$ 4,7 milhões.
Dentre todos esses vencedores, o Nobel já destacou 17 mulheres contra 103 homens, a mais recente sendo a francesa Annie Ernaux, no ano passado.
Foi o raro caso de uma escritora que já vinha angariando bom leitorado no país antes do prêmio com obras como "O Lugar" e "O Acontecimento" -e ainda mais depois do troféu e da vinda da escritora à Flip, logo depois, numa feliz coincidência para a festa literária paratiense.
A popularidade não era o caso dos autores que foram premiados logo antes, a poeta americana Louise Glück, que só veio ter sua obra bem editada no Brasil depois do Nobel, e o romancista tanzaniano Abdulrazak Gurnah, nunca publicado no país antes do troféu.
É rara a coincidência de um autor estar avançando sua publicação brasileira enquanto é premiado pelo Nobel, ainda que Fosse estivesse entre os principais cotados pelas casas de apostas há pelo menos dez anos. Mas isso normalmente não quer dizer muita coisa -o japonês Haruki Murakami que o diga.
Se o Nobel é capaz de catapultar a leitura de diversos escritores no Brasil, como foi o caso de Svetlana Aleksiévitch e Olga Tokarczuk, às vezes ele calha de premiar autores já bem conhecidos como Kazuo Ishiguro, vencedor de 2017, e -ainda mais- o compositor Bob Dylan, que ganhou um ano antes dele.
VEJA TODOS OS VENCEDORES DO NOBEL DE LITERATURA ATÉ HOJE
2022: Annie Ernaux (França)2021: Abdulrazak Gurnah (Tanzânia)2020: Louise Glück (EUA)2019: Peter Handke (Áustria)2018: Olga Tokarczuk (Polônia)2017: Kazuo Ishiguro (Reino Unido)2016: Bob Dylan (EUA)2015: Svetlana Aleksiévitch (Bielorrússia)2014: Patrick Modiano (França)2013: Alice Munro (Canadá)2012: Mo Yan (China)2011: Tomas Tranströmer (Suécia)2010: Mario Vargas Llosa (Peru)2009: Herta Müller (Romênia-Alemanha)2008: J.M.G. Le Clézio (França)2007: Doris Lessing (Reino Unido, mas nasceu no Irã e cresceu no Zimbábue)2006: Orhan Pamuk (Turquia)2005: Harold Pinter (Reino Unido)2004: Elfriede Jelinek (Áustria)2003: J.M. Coetzee (África do Sul)2002: Imre Kertész (Hungria)2001: V.S. Naipaul (nasceu em Trinidad e Tobago, mas vive no Reino Unido)2000: Gao Xingjian (China)1999: Günter Grass (Alemanha)1998: José Saramago (Portugal)1997: Dario Fo (Itália)1996: Wislawa Szymborska (Polônia)1995: Seamus Heaney (Irlanda)1994: Kenzaburo Oe (Japão)1993: Toni Morrison (Estados Unidos)1992: Derek Walcott (Santa Lúcia, ilha do Caribe)1991: Nadine Gordimer (África do Sul)1990: Octavio Paz (México)1989: Camilo Jose Cela (Espanha)1988: Naguib Mahfouz (Egito)1987: Joseph Brodsky (EUA, de origem russa)1986: Wole Soyinka (Nigéria)1985: Claude Simon (França)1984: Jaroslav Seifert (Tchecoslováquia)1983: William Golding (Reino Unido)1982: Gabriel García Márquez (Colômbia)1981: Elias Canetti (Reino Unido, de origem búlgara)1980: Czeslaw Milosz (Polônia)1979: Odysseus Elytis (Grécia)1978: Isaac Bashevis Singer (EUA, de origem polonesa)1977: Vicente Aleixandre (Espanha)1976: Saul Bellow (EUA)1975: Eugenio Montale (Itália)1974: Eyvind Johnson (Suécia) e Harry Martinson (Suécia)1973: Patrick White (Austrália)1972: Heinrich Böll (Alemanha)1971: Pablo Neruda (Chile)1970: Alexander Soljenítsin (URSS)1969: Samuel Beckett (Irlanda)1968: Yasunari Kawabata (Japão)1967: Miguel Ángel Asturias (Guatemala)1966: Samuel José Agnon (Israel) e Nelly Sachs (Alemanha)1965: Mikhail Sholokhov (URSS)1964: Jean-Paul Sartre (França; recusou o prêmio)1963: Giórgos Seféris (Grécia)1962: John Steinbeck (EUA)1961: Ivo Andric (Iugoslávia)1960: Saint-John Perse (França)1959: Salvatore Quasimodo (Itália)1958: Boris Pasternak (União Soviética; renunciou ao prêmio)1957: Albert Camus (França)1956: Juan Ramón Jiménez (Espanha)1955: Halldór Kiljan Laxness (Islândia)1954: Ernest Hemingway (Estados Unidos)1953: Winston Churchill (Reino Unido)1952: François Mauriac (França)1951: Par Lagerkvist (Suécia)1950: Bertrand Russell (Reino Unido)1949: William Faulkner (EUA)1948: T.S. Eliot (Reino Unido, nascido nos EUA)1947: André Gide (França)1946: Hermann Hesse (Alemanha)1945: Gabriela Mistral (Chile)1944: Johannes V. Jensen (Dinamarca)1940-1943: não foi concedido1939: Frans Eemil Sillanpää (Finlândia)1938: Pearl S. Buck (EUA)1937: Roger Martin du Gard (França)1936: Eugene O'Neill (EUA)1935: não foi concedido1934: Luigi Pirandello (Itália)1933: Ivan Bunin (URSS)1932: John Galsworthy (Reino Unido)1931: Erik Axel Karlfeldt (Suécia)1930: Sinclair Lewis (EUA)1929: Thomas Mann (Alemanha)1928: Sigrid Undset (Noruega)1927: Henri Bergson (França)1926: Grazia Deledda (Itália)1925: George Bernard Shaw (Irlanda)1924: Wladyslaw Reymont (Polônia)1923: W.B. Yeats (Irlanda)1922: Jacinto Benavente (Espanha)1921: Anatole France (França)1920: Knut Hamsun (Noruega)1919: Carl Spitteler (Suíça)1918: Não foi concedido1917: Karl Gjellerup e Henrik Pontoppidan (ambos da Dinamarca)1916: Verner von Heidenstam (Suécia)1915: Romain Rolland (França)1914: não foi concedido1913: R. Tagore (Índia)1912: Gerhart Hauptmann (Alemanha)1911: M. Maeterlinck (Bélgica)1910: Paul Heyse (Alemanha)1909: Selma Lagerlöf (Suécia)1908: Rudolf Eucken (Alemanha)1907: Rudyard Kipling (Reino Unido, mas nasceu na Índia)1906: Giosuè Carducci (Itália)1905: Henryk Sienkiewicz (Polônia)1904: Frédéric Mistral (França) e José Echegaray (Espanha)1903: Bjornstjerne Bjornson (Noruega)1902: Theodor Mommsen (Alemanha)1901: Sully Prudhomme (França)