Ibovespa sobe pelo 3º dia e se reaproxima de 117 mil pontos, em alta no mês

Na semana, o Ibovespa avança 2,25% e, no ano, ganha 6,38%

© Paulo Whitaker/Reuters

Economia Alta 10/10/23 POR Estadao Conteudo

Em alta pelo terceiro dia, o Ibovespa conseguiu mudar de sinal no mês, passando a acumular leve ganho de 0,15% em outubro. Nesta terça-feira, 10, a referência da B3 oscilou entre mínima de 115.157,90 e máxima de 116.899,51 pontos, para fechar em alta de 1,37%, aos 116.736,95 pontos, no maior nível de encerramento desde 20 de setembro, então perto dos 118,7 mil pontos, e com o maior ganho, em porcentual, desde 1º daquele mesmo mês, há 40 dias, quando havia avançado 1,86%.

Na semana, o Ibovespa avança 2,25% e, no ano, ganha 6,38%. O giro financeiro desta terça-feira ficou em R$ 20,1 bilhões.

Na B3, o dia foi de avanço bem distribuído pelas ações de maior peso e liquidez, de Vale (ON +0,60%) e Petrobras (ON +1,03%, máxima do dia no fechamento; PN +0,74%) às de grandes bancos, à exceção de Itaú (PN -0,11%) e de BB (ON -0,16%), com destaque para Bradesco (ON +0,79%, PN +1,12%) e Santander (Unit +1,20%) no encerramento da sessão.

Na ponta do Ibovespa nesta terça-feira, CVC (+16,48%) - que chegou a superar oscilação máxima permitida e foi à leilão durante o pregão -, à frente de Pão de Açúcar (+9,33%), Azul (+7,41%), Gol (+7,26%) e Magazine Luiza (+6,99%).

No lado oposto, apenas sete dos 86 papéis da carteira Ibovespa, com Alpargatas (-4,34%) bem à frente de Klabin (-0,81%), BB Seguridade (-0,78%), Suzano (-0,44%) e Prio (-0,41%), além de Banco do Brasil e Itaú.

A acomodação dos rendimentos dos Treasuries, com o de 10 anos hoje a 4,65% - bem mais perto da mínima (4,61%) do que da máxima (4,80%) do dia - contribuiu para que os principais índices de ações em Nova York mostrassem alta entre 0,40% (Dow Jones) e 0,58% (Nasdaq) no fechamento da sessão desta terça-feira.

"Bolsa subiu hoje mais de 1%, em bela recuperação, muito atrelada à retomada nos Estados Unidos, com a reabertura do mercado de Treasuries que esteve fechado ontem em razão de feriado", diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, destacando o recuo nos rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano, em meio a falas de autoridades do Federal Reserve, entre na segunda-feira e na terça-feira, consideradas de forma favorável pelo mercado, em tom interpretado como suave, 'dovish'.

"O mercado começa a entender, por essas falas de 'Fed boys', que poderá não haver mais aumento de juros por lá este ano, embora alguns deles dirigentes do BC americano tenham reiterado que continuam de olho na inflação", acrescenta Moliterno. "O ânimo mais positivo lá fora se refletiu aqui em fechamento da curva de juros, impulsionando também a Bolsa, com os setores de consumo e varejo 'performando' bem", acrescenta. Ele chama atenção também para o efeito de novas medidas anunciadas na China - um pacote bilionário para o setor de infraestrutura -, o que contribuiu para o avanço de Vale e do setor metálico na sessão.

"O mercado foi bem hoje, dando sequência à recuperação desde a última sexta-feira, depois de um período bem negativo, que vinha refletindo preocupações externas, especialmente na curva de juros americana. Afora isso, era difícil justificar uma performance tão negativa da Bolsa considerando a melhora que se teve, com o arcabouço fiscal e a redução da Selic, entre outros fatores, no plano doméstico", diz Felipe Moura, sócio e analista da Finacap Investimentos.

"Estávamos muito à mercê desta abertura na curva de juros nos Estados Unidos e ao que parece, passado o pior momento, as bolsas também se recuperam por lá", acrescenta o analista. Ele avalia que, após os primeiros efeitos do conflito no Oriente Médio, os preços dos ativos rapidamente convergiram a padrão mais próximo à normalidade, com a "acalmada" observada também na curva de juros americana.

"No petróleo, ainda é muito cedo para saber os efeitos que o conflito produzirá na oferta e demanda", diz Moura, de maneira que, nesta terça-feira, os preços da commodity devolveram parte, ainda que pequena, do forte avanço observado no dia anterior, quando se teve a reação inicial do mercado aos ataques do Hamas.

Nesta terça, o barril da referência americana, o WTI, fechou em queda de 0,47%, um pouco abaixo de US$ 86 nos contratos para novembro. A referência global, o Brent, caiu 0,56% nesta terça-feira, a US$ 87,65 por barril, nos contratos para dezembro.

"Uma notícia positiva, que contribuiu para essa retirada de pressão sobre os preços do petróleo, foi o sinal de que o Irã considerado o principal aliado estatal do Hamas, e grande produtor da commodity não pretende se envolver no conflito. Portanto, não há uma pressão iminente sobre o fornecimento global de petróleo", diz Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research.

Além dos juros futuros norte-americanos, o câmbio tem sido outro canal de transmissão da maior aversão a risco no exterior, que precedia o recente conflito no Oriente Médio, com as atenções ainda concentradas na extensão do ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos e os efeitos decorrentes para a precificação de ativos, especialmente nos emergentes, e para a atividade econômica global como um todo.

Neste contexto, a depreciação do real em relação ao dólar, em função da menor diferença entre os juros brasileiros e americanos, impõe o risco de que o Banco Central tenha menos espaço para reduzir a taxa Selic, afirma o Bradesco, em relatório. O banco reiterou a expectativa de redução da taxa básica doméstica a 11,75% no fim de 2023 e a 9,25% ao término do ciclo de cortes, mas reconhece riscos na projeção, para cima, reporta o jornalista Cícero Cotrim, do Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

"O menor diferencial de juros pode desafiar nossa projeção para a taxa de câmbio e obrigar o Banco Central a praticar uma Selic terminal superior àquela que antevemos", diz o relatório do Bradesco assinado pelo economista-chefe, Fernando Honorato Barbosa. "Por ora, preferimos manter essa possibilidade nos cenários de riscos, sem alterar o cenário-base", acrescenta.

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