Ibovespa se descola do exterior e sobe 1,73%, aos 114,7 mil pontos

Na semana, voltou nesta quinta-feira ao positivo (+1,43%), ainda cedendo 1,53% no mês

© Paulo Whitaker/Reuters

Economia Bolsa de Valores 26/10/23 POR Estadao Conteudo

Apesar da dinâmica negativa de Petrobras (ON -0,74%, PN -1,03%), com queda na casa de 2% para o Brent e o WTI na sessão, o Ibovespa enfim se desconectou da cautela externa que ainda deu o tom aos negócios em Nova York nesta quinta-feira, retomando a linha dos 114 mil pontos, em alta de 1,73% no fechamento, no que foi o maior ganho em porcentual para o índice desde 1º de setembro (1,86%). Nesta quinta, encerrou o dia aos 114.776,86 pontos - maior nível de fechamento desde o último dia 17 (115.908,43) -, bem mais perto da máxima (114.885,61), no fim da tarde, do que da mínima (112.840,03) correspondente à abertura da sessão.

Na semana, voltou nesta quinta-feira ao positivo (+1,43%), ainda cedendo 1,53% no mês. Em 2023, sobe 4,59%. O giro financeiro desta quinta-feira foi a R$ 21,5 bilhões.

À exceção de Petrobras, as ações de maior peso e liquidez na B3 mostraram sinal positivo ao longo da tarde, com destaque no fechamento para o setor metálico (Vale +2,14%, Gerdau +1,58%, CSN +2,26%) e grandes bancos (Itaú +2,48%, Santander +2,85%, Bradesco +2,55%, na PN, e +2,34%, na ON). Na ponta do Ibovespa, Gol (+8,29%), Carrefour Brasil (+6,96%) e IRB (+6,09%), com BRF (-2,25%) e as duas ações de Petrobras no canto oposto, além de Prio (-0,74%).

"No cenário doméstico, o IPCA-15 referente a outubro, divulgado pela manhã, veio marginalmente acima do esperado, mas dentro de uma margem considerada 'ok' para o período. As ações reagiram positivamente já na abertura da B3. Os papéis ligados a petróleo sofreram um pouco mais hoje, acompanhando a correção dos preços da commodity, depois de um aumento expressivo em decorrência da guerra no Oriente Médio", diz Alex Carvalho, analista da CM Capital.

"Lá fora, o PIB dos Estados Unidos veio acima do esperado para o terceiro trimestre, mostrando uma economia ainda acelerada, o que mantém o Federal Reserve pressionado quanto à orientação da política monetária", acrescenta o analista, referindo-se ao 'spike' dos juros de mercado na maior economia do mundo - apesar do relativo alívio visto nas taxas, por lá, nesta quinta-feira. "Os juros nos Estados Unidos devem seguir altos por mais tempo, o que tem derrubado os índices de ações."

Nesta quinta, não foi diferente nesse ponto, com Dow Jones em queda de 0,76%, o S&P 500, de 1,18%, e o Nasdaq - que reúne as ações de "crescimento", mais expostas à perspectiva para os juros americanos -, em baixa de 1,76% no fechamento do dia.

"O PIB do terceiro trimestre, em alta de 4,9%, superou a maioria das estimativas, embora fosse amplamente esperado que esse trimestre particularmente forte estivesse ajudando os Estados Unidos nesse ciclo histórico de aumento das taxas de juros", observa em nota Adam Hetts, head global de multiativos na Janus Henderson Investors. Mas a "festa do terceiro trimestre" pode acabar em "ressaca significativa", acrescenta.

"Muitos fatores positivos não persistirão, com consumidor mais fraco, inflação teimosa, dólar forte e impacto defasado dos aumentos das taxas de juros", escreve o gestor, apontando que essa combinação de fatores tende a definir um "cenário restritivo rumo ao quarto trimestre, o que tornaria realmente excepcional um crescimento semelhante do PIB" logo à frente.

"Apesar do ambiente externo negativo, o Ibovespa subiu hoje. O PIB americano veio muito forte, o que traz bastante receio quanto aos próximos passos do Fed", diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, lembrando que o BC dos Estados Unidos volta a se reunir, para deliberar sobre a taxa de juros de referência, na semana que vem. "E amanhã tem a divulgação do PCE, o indicador preferido do Fed sobre a inflação ao consumidor", acrescenta o analista, observando também que a leitura do IPCA-15, praticamente em linha, contribuiu para o descolamento do Ibovespa na sessão.

"O IPCA-15 registrou uma alta de 0,21% em outubro e, nos últimos 12 meses, acumula 5,05%, levemente acima dos 5,00% registrados em setembro deste ano", diz o economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung.

Ele acrescenta que a abertura do índice mostra uma trajetória "benigna" para os preços, em fatores como serviços e serviços subjacentes, em desaceleração no mensal como em 12 meses, algo "bastante positivo para o cenário do Banco Central". Além disso, "a média dos núcleos de inflação passou de 5,1% em setembro para 4,9% em outubro."

Por outro lado, o índice de difusão - métrica que busca monitorar o espalhamento ou disseminação das altas de preço - subiu para 47,1%, ante 41,7% em setembro. Mas, na avaliação de Sung, tal avanço não chega a ser preocupante, na medida em que o nível está abaixo dos últimos anos.

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