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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A GM (General Motors) suspendeu até quarta-feira (1º) o pagamento das verbas rescisórias e da multa do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) dos funcionários demitidos sem justa causa no último sábado (21).
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A decisão foi tomada durante a primeira reunião entre companhia, sindicatos e representantes do Ministério do Trabalho ocorrida nesta sexta (27) na sede da pasta na capital paulista. O encontro tratou das cerca de 1.100 demissões de trabalhadores de três fábricas em São Paulo.
Segundo a ata da reunião assinada pelas partes, à qual a reportagem teve acesso, cerca de 1.200 funcionários foram dispensados.
A GM dispensou os funcionários das unidades de São José dos Campos, Mogi das Cruzes e São Caetano do Sul no sábado (21) por telegrama e email. No domingo (22), os metalúrgicos se reuniram e decidiram entrar em greve, reivindicando o cancelamento das demissões.
A decisão de suspender os pagamentos representa um "ganho de tempo", segundo representantes da pasta do trabalho, para que as negociações entre GM e sindicatos prossigam. A empresa não formalizou sua proposta e a expectativa é que seja apresentada proposta conciliatória na terça-feira (31), em nova reunião na sede do ministério.
"O pagamento das verbas rescisórias e dos depósitos do FGTS seria feito hoje [na sexta]. Ganhamos um prazo até terça-feira para negociar e reverter [as demissões] mais facilmente", disse Marcos Alves de Mello, superintendente do Ministério do Trabalho e Emprego em São Paulo. "A partir do momento em que você já pagou todas as verbas, fica mais difícil. Parece pouco, mas já foi uma grande vitória."
Além da negociação que deve acontecer no fim de semana, outros encontros estão previstos na Justiça do Trabalho.
A montadora e o sindicato de São José dos Campos fazem reunião de audiência nesta sexta, no TRT-15 (Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região), em Campinas, para discutir o dissídio coletivo. Uma caravana que levou 85 metalúrgicos foi organizada pelo sindicato. Já na próxima segunda-feira, haverá reunião na sede do TRT da 2ª Região, em São Paulo.
A reunião desta sexta foi solicitada com urgência pelo ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho. À reportagem o titular da pasta chamou de "infeliz" a decisão da montadora de cortar os trabalhadores, por carta, sem negociar.
"Nós não estamos num momento no qual as empresas tomam uma decisão unilateral. Tem de conversar, tem de construir, tem de ver se há possibilidade", disse o ministro, após a 5ª edição do Sindimais, evento que reúne sindicatos ocorrido na quinta (26).
A montadora não confirma o número de demitidos. Segundo estimativas dos sindicatos, foram 800 cortes em São José dos Campos, 200 em São Caetano do Sul e cem em Mogi. De acordo com a GM, a medida foi adotada em razão da queda nas vendas e nas exportações.
A fábrica de São José dos Campos tem cerca de 4.000 trabalhadores e produz os modelos S10 e Trailblazer, em uma média de 150 carros por dia.
As três unidades da GM estão totalmente paradas, por tempo indeterminado, por causa da greve iniciada na segunda (23). Ao todo, a paralisação reúne cerca de 10 mil profissionais, que reivindicam o cancelamento das demissões pela montadora.
Segundo a GM, suas fábricas em Gravataí (RS), Joinville (SC) e Sorocaba (SP) operam normalmente.