Mais brasileiros esperam contar só com o benefício do INSS ao se aposentar

Os dados estão em pesquisa da Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida) encomendada ao Datafolha em julho, que mostra ainda um aumento no número de pessoas que acreditam ter apenas a renda da previdência pública ao parar de trabalhar

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Economia INSS-BENEFÍCIOS 30/10/23 POR Folhapress

(FOLHAPRESS) - Quatro em cada dez brasileiros esperam viver apenas com o benefício do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) ao se aposentar, e 34% deles sabem que o valor pago pela Previdência Social deve ser, em média, de R$ 2.006.

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Os dados estão em pesquisa da Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida) encomendada ao Datafolha em julho, que mostra ainda um aumento no número de pessoas que acreditam ter apenas a renda da previdência pública ao parar de trabalhar.

Em 2021, 31% tinham essa certeza. O número saltou para 42% em 2023. O total de brasileiros que terão como fonte de renda a previdência privada também subiu de 7% para 12% em dois anos.

Segundo o estudo, a maioria dos entrevistados (57%) vai cortar gastos para poder se sustentar no futuro, e 55% deles têm como planos pedir a aposentadoria ao INSS aos 60 anos.

As mulheres contam mais com o INSS quando pararem de trabalhar do que os homens, que disseram ter outras fontes e renda como venda de imóvel ou aluguel, ou ainda outros bens e um negócio para se manter.

Mesmo acreditando que podem se aposentar por volta dos 60 anos, os trabalhadores dizem que temem não poder ter a aposentadoria nunca. A reforma da Previdência de 2019 pode reforçar esses dados. As mudanças nas regras impediram os segurados que estavam perto de pedir o benefício de conseguir se aposentar.

Neste caso, o cidadão entrou em uma das regras de transição e terá de esperar mais para se aposentar. Para os novos segurados, haverá idade mínima na aposentadoria de 62 anos e 65 anos para mulheres e homens, respectivamente.

Especialistas em finanças pessoais alertam que é preciso se preparar e começar cedo a fazer investimentos e ter uma reserva financeira para que a queda na qualidade de vida ao se aposentar não seja tão brusca. O ideal é dar início ao planejamento previdenciário o quanto antes, mas há investimentos que podem ser feitos por qualquer perfil de trabalhador.

A presidente do IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário), Adriane Bramante, diz que o principal investimento que o cidadão pode fazer é pagar a contribuição ao INSS.

A regra vale especialmente para os autônomos, já que os trabalhadores com carteira assinada têm o desconto da contribuição mensal feito de forma compulsória.

Para ela, a Previdência costuma fazer má propaganda de si mesmo, quando diz que está quebrada e que o sistema talvez seja insustentável em médio prazo.

"Eu sou uma pessoa que acredita em Previdência. Pago INSS, previdência privada, previdência do instituto", afirmou na 17ª edição do Congresso Brasileiro de Direito Previdenciário realizado nos dias 19 e 20 de outubro, em Campinas (SP).

Quem contribui sobre um salário mínimo não tem perdas ao se aposentar. Isso porque, quando o INSS calcula a média salarial da aposentadoria, mesmo que ela seja menor do que o piso nacional, o cidadão receberá o salário mínimo, pois não pode receber menos.

Já os trabalhadores que pagam sobre valores maiores, especialmente pelo teto, neste ano em R$ 7.507,49, dificilmente conseguem um benefício no valor máximo pago pela Previdência Social.

A discrepância ocorre por vários motivos. Além das alterações na fórmula de cálculo, houve o uso de diferentes índices de correção monetária sobre os benefícios previdenciários ao longo dos anos, o que resultou em um descompasso entre quanto o segurado contribui e quanto pode receber. Mas é possível, em algumas situações, conseguir receber o valor máximo.

A pesquisa da Fenaprevi mostra ainda que a pandemia de Covid-19 deixou sequelas financeiras nos brasileiros, além de impactos na saúde mental.

Entre os entrevistados, quatro em cada dez (41%) disseram que tiveram a vida afetada financeiramente pela pandemia. Entre as maiores preocupações dos participantes estão a de não ter como arcar com despesas médicas (24%) e desamparar a família em caso de falecimento (17%).

Oito em cada dez (82%) querem planejar suas finanças, mas não conseguem. Desses, 58% pensam nisso sempre ou frequentemente e têm objetivos para os próximos 12 meses.

Do total, apenas 4% dos brasileiros não gostam de se planejar, pois vivem apenas o presente; 3% alegam falta de informação e de conhecimento para montar um planejamento; e outros 3% afirmaram que "o futuro a Deus pertence".

O maior desafio, no entanto, é a falta de renda, pois a maioria não consegue reduzir as despesas ou não tem como gerar renda extra. "Muitos não têm como pensar no futuro porque vivem uma situação de dificuldade financeira para assegurar o presente, as necessidades concretas do dia a dia", avalia o presidente da Fenaprevi, Edson Franco.

"O cenário também está associado à nossa baixa capacidade de gerar poupança interna/doméstica, resultante da falta de planejamento e educação financeira", afirma.

Para ele, no entanto, com a retomada do emprego e do nível de renda das pessoas, que vêm dando sinais de recuperação no Brasil após a pandemia, o mercado segurador pode se dar bem com o aumento de capacidade de poupar das famílias.

O estudo, chamado de "A Percepção dos Brasileiros sobre os Seguros Pessoais e Planos de Previdência", está em sua segunda edição, a primeira foi feita em dezembro de 2021.

Em julho deste ano, o Datafolha realizou ouviu mais de 2.000 pessoas de ambos os sexos em todas as regiões do país. Os entrevistados têm 18 anos ou mais, estados civis diferentes, são integrantes de todas as classes econômicas e vivem nas regiões metropolitanas e no interior.

O objetivo da pesquisa, segundo a Fenaprevi, é compreender as percepções do consumidor em relação aos seguros de pessoas e planos de previdência complementar, assim como entender o planejamento financeiro do brasileiro.

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