Em debate, republicanos veem Biden fraco no Oriente Médio e prometem apoio total a Israel

A política externa, sobretudo o conflito no Oriente Médio, dominaram o terceiro debate das primárias do partido, realizado nesta quarta (8) em Miami, na Flórida

© Getty

Mundo EUA-ELEIÇÕES 09/11/23 POR Folhapress

(FOLHAPRESS) - Na contramão das críticas que Joe Biden tem sofrido de alas de seu partido, pré-candidatos republicanos à Presidência afirmam que o democrata não tem feito o suficiente para apoiar Israel na guerra contra o Hamas, e prometem apoio total a Tel Aviv se forem eleitos.

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A política externa, sobretudo o conflito no Oriente Médio, dominaram o terceiro debate das primárias do partido, realizado nesta quarta (8) em Miami, na Flórida. O líder nas pesquisas de intenção de voto de republicanos, Donald Trump, mais uma vez não participou.

"Termine o trabalho", "acabe com eles" e "execute esses terroristas" é o que Ron DeSantis, Nikki Haley e Vivek Ramaswamy, respectivamente, diriam ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, neste momento.

Tim Scott defendeu um ataque direto pelos EUA ao Irã, para "matar a cabeça da cobra", enquanto Chris Christie apontou uma falha na inteligência israelense e americana, que não identificaram com antecedência o ataque preparado pelo grupo terrorista.

Haley, que foi embaixadora americana nas Nações Unidas durante o governo Trump, afirmou ser contra pausas ou um cessar-fogo -maneiras de suspender o conflito defendidas por vários países, incluindo o Brasil, diante do número de mortes de civis em Gaza e da tragédia humanitária na região.

Se no debate anterior o alvo preferencial foi Trump, no desta quarta Biden voltou para a mira por sua reação à crise no Oriente Médio. Sem mencionar a idade do presidente -seu principal ponto fraco diante do eleitorado-, os pré-candidatos buscaram associá-lo a uma imagem de fraqueza e hesitação diante do Irã.

Mais que o Hamas, o principal inimigo identificado pelos debatedores foi o país persa, contra quem a Casa Branca deveria ter uma postura mais dura, na visão dos republicanos.

A reação doméstica de Biden também entrou na mira. DeSantis, Scott e Halley criticaram o democrata por não reagir de maneira mais dura contra protestos em universidades americanas, classificados por eles como antissemitas.

Scott chegou a afirmar que, se fosse presidente, cortaria o financiamento federal a essas instituições e revogaria o visto de estudantes estrangeiros que participassem dessas manifestações.

DeSantis criticou ainda a iniciativa lançada pelo presidente para combater a islamofobia, após uma criança de origem palestina ser assassinada em Illinois, e disse que o Departamento de Justiça deveria ser acionado para investigar os estudantes por violação de direitos civis.

O conflito no Oriente Médio serviu ainda para reforçar a bandeira republicana de maior controle na fronteira sul dos EUA -Scott argumentou que terroristas do Iêmen e da Síria usariam esse acesso para entrar no país.

DeSantis prometeu não só encerrar a construção do muro, como cumprir a promessa de campanha feita por Trump de fazer o México pagar pela obra. Para viabilizar essa cobrança, o governador da Flórida prometeu instituir taxas sobre as remessas de trabalhadores estrangeiros nos EUA para o seu país de origem.

O consenso sobre o apoio a Israel não se traduziu em uma união sobre o que fazer com a Ucrânia. Assim como o resto do partido, os pré-candidatos se dividem entre aqueles que defendem ser do interesse americano financiar e armar Kiev contra a Rússia, e aqueles que consideram o investimento um desperdício de recursos.

O empresário Vivek Ramaswamy, já conhecido por emular mais de perto a retórica polemista de Trump, foi mais longe na noite desta quarta e atacou diretamente o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, associando-o ao nazismo -Zelenski é judeu.

"A Ucrânia não é um exemplo de democracia. Eles celebraram um nazista em suas fileiras", disse Vivek, sem especificar quem seria essa pessoa. Em seguida, ele se referiu a Zelenski como "um comediante em calças cargo".

Conhecido pela retórica agressiva, fazendo as vezes de Trump na ausência do ex-presidente, o empresário de origem indiana ainda protagonizou um dos embates mais tensos da noite, com Haley.

Ambos têm entrando em choque desde o primeiro debate, mas nesta quarta a altercação chegou a ponto de a ex-embaixadora chamar Vivek de "escória", após ele dizer que a filha de Haley usa TikTok em meio a uma discussão sobre a ameaça representada pelo app chinês. Ele também chamou a concorrente de "Dick Cheney de salto".

Foi uma noite boa para Haley e DeSantis, e ruim para Vivek, que havia despontado como um destaque após o primeiro debate, em que ele finalmente conseguiu uma vitrine nacional. Nesta quarta, porém, sua performance foi mais nervosa do que incisiva, e nem os jornalistas que moderaram o debate foram poupados.

"Tucker Carlson, Joe Rogan e Elon Musk deveriam moderar esse debate", disse, defendendo que teria muito mais audiência.

Crítico mais duro de Trump, Christie praticamente desapareceu no palco, enquanto Scott manteve um desempenho mediano.

O direito ao aborto, que vem se mostrando a maior pedra no sapato de republicanos, como reforçado pelas derrotas sofridas pelo partido em eleições estaduais nesta terça (7), foi abordado apenas no final do debate. Não houve mudanças em relação ao evento anterior com Haley propondo algum consenso com democratas, e Scott defendendo um limite de 15 semanas para autorização do procedimento.

A estratégia republicana de atenuar o discurso em torno de uma limitação de tempo para a interrupção da gravidez, em vez de seu banimento, no entanto, já se mostrou fracassada em Ohio e na Virgínia.

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