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O ex-procurador-geral da República, Roberto Gurgel, um dos responsáveis por comandar as as investigações do escândalo de corrupção conhecido como 'Mensalão', avalia que o juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, cometeu um erro grave ao divulgar conversas telefônicas entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Gurgel ficou no cargo por quatro anos (2009-2013) e, atualmente, está aposentado há quase três anos.
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Ele afirmou que o juiz Moro tem se conduzido, de modo geral, de uma maneira extremamente elogiável. No entanto, como qualquer pessoa, "está sujeito a erros e a equívocos. E, na minha visão, aquele foi um equívoco grave que foi cometido a requerimento segundo eu soube, do Ministério Público, pelo juiz Moro".
"Qual a utilidade e qual a finalidade de se fazer aquela divulgação para aquela investigação em curso? Não vejo. E se não houve utilidade, não houve finalidade, a meu ver, essa divulgação não poderia ter acontecido e acho insuficiente o argumento de que a população teria o direito de saber quem são os seus governantes".
Em entrevista ao UOL, Gurgel declarou ainda que sempre ficou "perplexo" com as alegações de que Lula não sabia do mensalão e que não se surpreende com as indicações feitas pela Lava Jato de que o ex-presidente, de fato, tinha conhecimento tanto do mensalão quanto do petrolão.
No entanto, o ex-procurador-geral diz ter suspeitas quanto ao processo de impeachment contra a presidente Dilma e admite que, no Brasil, é difícil responsabilizar poderosos.
"O poder fala muito", afirmou.