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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A cidade de Belém, na Cisjordânia, onde, segundo a tradição cristã, nasceu Jesus, cancelou as celebrações de Natal neste ano em luto pelos palestinos da Faixa de Gaza, território atacado por Israel em sua guerra contra o grupo terrorista Hamas.
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A prefeitura da cidade anunciou nas redes sociais que funcionários estavam desmontando a decoração natalina instalada havia anos em bairros da cidade. A medida também é uma homenagem aos "mártires", os palestinos que foram mortos na guerra, segundo autoridades locais.
O município divulgou fotos em suas contas nas redes que mostram um funcionário retirando fios com luzes que estavam numa rua próxima a uma igreja.
Segundo o jornal britânico The Telegraph, não haverá árvore de Natal ou luzes decorativas na praça da Manjedoura, local onde Jesus nasceu, segundo a crença cristã, pela primeira vez desde o início das celebrações modernas. Mesmo durante a pandemia de Covid-19 o espaço continuou decorado.
Ao jornal britânico um porta-voz do município disse que não é "nada apropriado" realizar festividades enquanto há um "massacre acontecendo em Gaza" e ataques na Cisjordânia.
Todos os anos, em 24 de dezembro, várias celebrações de Natal costumam ocorrer na região. Uma das mais conhecidas é uma procissão que parte de Jerusalém e cruza o muro que separa a Cisjordânia. Músicos participam da caminhada, que termina na Basílica da Natividade, em Belém.
À meia-noite, segundo a tradição, um patriarca celebra a tradicional missa do galo na Igreja de Santa Catarina, ao lado da Basílica da Natividade, com a presença de líderes religiosos e representantes políticos palestinos. Não está claro se as autoridades locais vão autorizar, neste ano, missas na noite de Natal.
O turismo é um dos principais recursos de Belém e, antes da pandemia, a Basílica da Natividade recebia cerca de dois milhões de peregrinos todos os anos.
Enquanto as atenções se voltam para os milhares de mortos pela ofensiva na Faixa de Gaza, a Cisjordânia também registra manifestações contra a ofensiva de Israel e episódios de violência contra palestinos.
Ataques em toda a extensão do território ocupado já deixaram ao menos 200 mortos e provocaram mais de 1.000 deslocamentos forçados desde o 7 de Outubro, segundo dados da Ocha, braço humanitário das Nações Unidas na região.
Na Faixa de Gaza, 14.854 palestinos, incluindo 6.150 menores, tinham morrido até esta quinta-feira (23), segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas. O grupo terrorista e o governo israelense acertaram um cessar-fogo de quatro dias que entrou em vigor nesta sexta (24).
O acordo ainda permitiu a liberação de reféns capturados pela facção em 7 de outubro em troca da soltura de prisioneiros palestinos.