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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A PF (Polícia Federal) deflagrou nesta quarta-feira (6) operação contra uma organização suspeita de ser responsável por grilar e desmatar cerca de 22 mil hectares -equivalentes a mais de 20 mil campos de futebol- de terras da União para servir de pasto a gado. A Justiça determinou o sequestro de R$ 116 milhões em bens.
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Segundo a PF, o grupo provocou o maior desmatamento da amazônia. Os 11 mandatos de busca e apreensão foram cumpridos no Pará e em Mato Grosso, contra empresários, engenheiros e até servidores públicos, que atuariam junto a uma família de pecuaristas na destruição ilegal da floresta.
Foram alvos da operação empresas de regularização fundiária e escritórios ligados aos envolvidos. Nove imóveis foram sequestrados pela Justiça, duas pessoas foram presas por porte ilegal de arma de fogo e também foram apreendidos celulares.
"Durante as investigações identificou-se que empresas, por meio de seus sócios e funcionários, teriam fraudado cadastros de áreas públicas da União através da inserção de dados falsos em sistemas e falsificação de documentos", diz a PF.
A inserção de dados falsos nos sistemas de órgãos ambientais é uma das principais formas de burlar o controle ambiental.
Integra o grupo que foi alvo da operação desta quarta uma advogada que, segundo a PF, tinha acesso privilegiado a dados de autuações e embargos ambientais realizados por uma autarquia federal.
"A advogada mencionada também é investigada por, supostamente, negociar o pagamento de propina a servidores públicos estaduais que teriam flagrado o desmatamento ilegal", diz a polícia.
A organização criminosa teria construído uma rede para auxiliar e "dar todo suporte a grandes desmatadores que atuam no bioma", disse o delegado da PF em Santarém (PA), Manoel Gomes da Silva Neto.
Segundo ele, o grupo, além de fraudar os sistemas de controle, também realizava o acompanhamento em tempo real da destruição da floresta, com o auxílio dos servidores públicos, que foram afastados de seus cargos.
A ação desta quarta-feira é a segunda fase da operação batizada de Retomada e aconteceu nas cidades de Novo progresso (PA), Sinop (MT), Santarém (PA) e Peixoto de Azevedo (MT).
Os dois primeiros municípios já haviam sido palco da primeira fase da operação, quando a polícia cumpriu três mandatos de busca e apreensão que tiveram como alvos 20 imóveis -11 deles fazendas. As ações também resultaram no sequestro de veículos e no bloqueio de 10 mil cabeças de gado.