Na Argentina, Bolsonaro diz que Maduro 'deu lição de moral' no Brasil em voto com papel

Bolsonaro fez um raro elogio ao ditador venezuelano Nicolás Maduro pelos votos impressos no plebiscito do último domingo (3) sobre a anexação de Essequibo

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Mundo Argentina 08/12/23 POR Folhapress

BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - Em viagem à posse de Javier Milei na Argentina, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar as urnas eletrônicas no Brasil e fez um raro elogio ao ditador venezuelano Nicolás Maduro pelos votos impressos no plebiscito do último domingo (3) sobre a anexação de Essequibo, parte do território da Guiana.

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"Nem na Venezuela se tem o voto eletrônico. Nesse referendo agora de Essequibo, que é um assunto bastante polêmico, o Maduro deu uma lição de moral no Brasil falando: olha, aqui a eleição é na máquina, mas não é como em outros países, aqui tem o papel também", afirmou.

"Até que enfim o Maduro acertou uma, né. Nunca acertou nada na vida. Acertou uma que é o voto no papel", disse ele em entrevista ao jornalista Eduardo Feinmann na rádio Mitre, do grupo Clarín, a quem Milei deu uma de suas primeiras entrevistas após vencer as eleições. O deputado federal e seu filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP) fez o papel de intérprete.

Na Venezuela, o eleitor comprovava sua identidade com a impressão digital, em seguida votava "sim" ou "não" às perguntas em uma máquina de votação, verificava as respostas na tela e pressionava "votar". A máquina então imprimia o resultado num papel, que tinha que ser depositado na urna.

As críticas ao sistema eleitoral brasileiro foram um dos dois motivos que levaram Bolsonaro a estar inelegível por oito anos, podendo concorrer apenas nas eleições de 2030. A decisão foi tomada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em junho, devido a uma reunião com embaixadores estrangeiros feita pelo ex-presidente em julho de 2022.

No encontro no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, a menos de três meses da eleição, Bolsonaro fez afirmações falsas e distorcidas sobre o processo eleitoral, alegando estar se baseando em dados oficiais, além de buscar desacreditar ministros do TSE.

Bolsonaro deu as declarações na entrevista após ser questionado pelo jornalista argentino sobre a indicação do presidente Lula (PT) de Flávio Dino, hoje ministro da Justiça, ao STF (Supremo Tribunal Federal) -Dino será sabatinado pela Comissão de Constituição e Justiça no Senado na próxima quarta (13).

"Inclusive o Flávio Dino, quando perdeu eleições em 2010 aproximadamente, ele criticava as urnas, falava que não eram confiáveis e eram possíveis de serem fraudadas. E por eu ter feito críticas com comprovação no mesmo sentido também foi uma causa da minha inelegibilidade. Sobre o voto eletrônico puro, sem qualquer papel", disse.

Bolsonaro chegou a Buenos Aires na noite desta quinta (7) a convite de Milei e deverá ter tratamento de chefe de Estado em sua posse, neste domingo (10). A ideia da equipe do argentino é que o brasileiro esteja presente nas cerimônias fechadas do Congresso Nacional e da Casa Rosada, mesmo sem exercer nenhum cargo público no momento.

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