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CATIA SEABRA E THAÍSA OLIVEIRABRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Perto de deixar a política, o ministro Flávio Dino (PSB) reuniu aliados no Maranhão, fez entregas do Ministério da Justiça e Segurança Pública e já é tratado como futuro ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).
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Em clima de despedida, Dino escolheu o estado para dar início a um programa nacional de apoio às guardas municipais e entregou na terça-feira (5) viaturas para sete municípios, ao lado do governador Carlos Brandão (PSB), seu correligionário.
Apesar da agenda como ministro da Justiça, Dino recebeu homenagens públicas na sede do Executivo local por sua trajetória. Nos bastidores, começou a tratar da disputa aberta por seu espólio político no Maranhão.
Segundo relatos, Dino sinalizou que Brandão deve conduzir as eleições no interior como achar melhor, mas defendeu o nome do deputado federal Duarte Jr. (PSB) –seu ex-líder de governo na Assembleia Legislativa– para a Prefeitura de São Luís.
O deputado federal Rubens Pereira Jr. (PT-MA) afirma que o clima foi de "muita harmonia", com uma série de elogios a Dino. Segundo ele, Brandão também aproveitou o evento no Palácio dos Leões para assumir a liderança do grupo.
"Clima foi ótimo. Muita harmonia. Brandão disse que tem a tarefa de garantir a unidade do grupo. Que liderará o grupo para seguir forte. E [houve] muitos elogios a Flávio Dino", diz o deputado federal.
Políticos que participaram das agendas afirmam que Dino evitou falar em despedida e disse que ainda tem uma lista de compromissos como ministro da Justiça, além de não ter sido sabatinado pelo Senado para ser confirmado no Supremo."Foi um momento muito especial porque é o reconhecimento de um jurista maranhense que vai para o Supremo. Para todos nós que fazemos parte do grupo político liderado por ele é uma grande alegria e uma grande honra", diz Duarte Jr.
Em um vídeo divulgado nas redes sociais, Brandão disse que o país ganhará um grande jurista: "Quero te dizer, Flávio, que nós estamos muito felizes. E eu espero que essa parceria continue. Você está indo para o Supremo, a gente vai perder um grande político, mas vai ganhar um grande jurista".
O deputado estadual Rodrigo Lago (PC do B) também distribuiu elogios ao ex-governador e compartilhou um trecho da reunião nas redes sociais. Ele disse que o povo do Maranhão e do Brasil exalta a carreira e a biografia de Dino.
Depois de rivalizar com Brandão pelo governo do Maranhão e romper com Dino, o senador Weverton Rocha (PDT-MA), outro na disputa pelo espólio político, tem aproveitado a relatoria da indicação para se reaproximar do ministro.
Pessoas do entorno do senador afirmam que ele e Dino já haviam retomado a relação antes mesmo do anúncio sobre o Supremo e que, mesmo tendo ficado em lados opostos nas eleições estaduais do ano passado, nunca houve ataques pessoais.
Rocha foi escolhido como relator da indicação pelo presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) –de quem é amigo–, e, desde então, tem pedido votos para Dino.
Por trás do trabalho para garantir a aprovação do nome escolhido pessoalmente por Lula (PT), existe o cálculo político no grupo de Weverton de que a defesa pública de uma pessoa com quem ele havia rompido nas últimas eleições não só fortalece futuras alianças, mas também demonstra grandeza diante do eleitorado.
O senador foi lembrado por Dino durante as agendas em São Luís. O ministro disse que ele coordenou as emendas da bancada que possibilitaram a compra de motos para as guardas municipais, e que havia ligado para mandar um abraço a Brandão.
"Eu quero agradecer à bancada federal do Maranhão. O senador Weverton liderou essa emenda de segurança que está sendo hoje entregue. E, por intermédio do senador Weverton, o conjunto da nossa bancada tem ajudado", disse Dino.
Já a suplente de Dino no Senado, Ana Paula Lobato (PSB), e o marido dela, Othelino Neto (PC do B), decidiram voltar a morar no Maranhão depois de uma temporada em Brasília.
Othelino também deixou o cargo de representante institucional do estado na capital federal para reassumir o mandato de deputado estadual.
Como mostrou a Folha, o marido da suplente recebia prefeitos e vereadores no Congresso, despachava com ministros da Esplanada e acompanhava Lobato até mesmo no plenário do Senado.
Othelino foi presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão enquanto Dino era governador, mas não teve apoio de Brandão para continuar à frente do cargo após as últimas eleições.Lobato assumiu o mandato no início de fevereiro, com a ida de Dino para o Ministério da Justiça e Segurança Pública. Se o ministro for aprovado para o Supremo na próxima semana, ela será a titular da cadeira no Senado até 2031.