Rússia volta a atacar Kiev com mísseis e fere mais de 50

Ao menos 53 pessoas ficaram feridas, maior número em semanas na capital do país em guerra desde fevereiro de 2022

© Guetty Images

Mundo RÚSSIA-UCRÂNIA 13/12/23 POR Folhapress

IGOR GIELOW (FOLHAPRESS) - Enquanto o presidente Volodimir Zelenski ampliou seu giro para pedir ajuda contra a invasão russa da Ucrânia, as forças de Vladimir Putin promoveram o segundo ataque com mísseis balísticos da semana contra Kiev nesta quarta (13).

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Ao menos 53 pessoas ficaram feridas, maior número em semanas na capital do país em guerra desde fevereiro de 2022. Conjuntos residenciais e um hospital infantil foram atingidos pelos destroços dos armamentos abatidos pela Força Aérea local.

Segundo os militares, todos os dez mísseis foram derrubados na ação, que ocorreu no meio da madrugada, às 3h (21h em Brasília), mas ainda assim fizeram estragos. Como ocorrera na segunda (11), não foram usados drones de origem iraniana contra a capital.

Movidos a hélice, são armas lentas e de fácil abate, que voam a menos de 200 km/h. Já os mísseis empregados, que a Ucrânia sugeriu serem modelos Iskander-M, chegam na fase final de seu ataque a mais de 7.500 km/h. Podem ter sido empregados também armas de defesa aérea do sistema S-400 adaptadas para ataque a solo, menos precisas mas até duas vezes mais velozes.

Pelo alcance máximo desses sistemas, entre 400 km e 500 km, e o fato de serem armas lançadas do solo, é provável que os mísseis tenham sido disparados de Belarus ou de algum ponto avançado das áreas ocupadas pelos russos ao sul do país.

Em outras regiões ao sul, ao menos dez drones Shahed-136 foram empregados e, diz a Ucrânia, derrubados sem deixar vítimas. "Haverá resposta. Certamente", afirmou Zelenski em postagem no X, criticando o ataque a Kiev no meio da noite.

Seja como for, na capital 35 casas foram atingidas, segundo a prefeitura local, em uma renovada onda de ataques que prenuncia uma campanha de inverno por parte dos russos. A estação começa no Hemisfério Norte no fim do mês, mas o tempo já está congelante em boa parte dos campos de batalha, dificultando ações.

Elas ocorrem ainda principalmente na região de Donetsk, onde os russos tomaram a iniciativa numa lenta tentativa iniciada em outubro de tomar Avdiivka, cidade estratégica naquela região no leste ucraniano que Putin anexou no ano passado de forma ilegal -mas onde não tem controle sobre cerca de 40% ou 45% do território.

Tudo isso ocorre enquanto Zelenski faz uma tentativa algo desesperada de evitar a perda de apoio ocidental a seu país. Na véspera, ele esteve com o americano Joe Biden, com quem discutiu o envio de mais defesas aéreas para o inverno e de quem ouviu que o veto republicano a mais dinheiro para Kiev seria "um presente de Natal" para Putin.

De fato, é. Não há ainda sinais de que o Congresso vá aprovar os US$ 61 bilhões (R$ 302 bilhões) adicionais de auxílio para os ucranianos no ano que vem, e a janela está fechando. Segundo o Instituto para a Economia Mundial de Kiel (Alemanha), até 31 de outubro os americanos enviaram R$ 380 bilhões aos ucranianos, 61% do valor em armas.

O fracasso da contraofensiva lançada por Zelenski diminuiu seu cacife na busca de apoio, assim como o cansaço generalizado no Ocidente com a guerra e a resiliência dos russos ante as sanções aplicadas contra sua economia. O cenário é o mais sombrio desde a invasão.

Nesta quarta, o ucraniano fez uma parada surpresa na sua volta dos EUA em Oslo, onde os líderes dos países nórdicos se reunirão para uma cúpula. Voltou a pedir ajuda militar, mas seu foco era mais político: ele quer que a União Europeia dê o aval ao início de negociações para a entrada da Ucrânia no bloco.

A mera discussão vem sendo vetada pela Hungria, próxima da Rússia e crítica da reação ocidental à guerra. A negociação, contudo, pode ser aberta -as características da Ucrânia, país com território ocupado, baixo padrão democrático e economia destroçada, sugerem anos até que um ingresso possa ocorrer.

Leia Também: Exército de Israel tem um dos dias mais mortais desde início da guerra em Gaza

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