Inteligência artificial diagnostica autismo a partir de imagens da retina, sugere estudo

O uso desse método de aprendizagem de máquina no diagnóstico de autismo ainda é experimental e precisa de mais testes que confirmem a sua eficácia

© <p>Shutterstock</p>

Tech SAÚDE-AUTISMO 12/02/24 POR Folhapress

(FOLHAPRESS) - Algoritmos de inteligência artificial conseguiram fazer o diagnóstico do transtorno do espectro autista (TEA) com até 100% de precisão a partir de alterações na retina captadas por imagens, sugere um novo estudo de pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade Yonsei, na Coreia do Sul.

PUB

O uso desse método de aprendizagem de máquina no diagnóstico de autismo ainda é experimental e precisa de mais testes que confirmem a sua eficácia. Porém, é uma técnica promissora, segundo especialistas da área.

Publicado na revista científica Jama Network Open, o estudo envolveu 958 crianças e adolescentes com idade média de 7,8 anos. Suas retinas foram fotografadas, resultando em um total de 1.890 imagens.

A retina e o nervo óptico funcionam como uma extensão do sistema nervoso central e podem servir de biomarcadores, fornecendo muitas informações não invasivas do cérebro.

Metade dos participantes do estudo tinha diagnóstico de autismo e a outra metade era um grupo controle, com crianças de mesma idade e sexo, com desenvolvimento típico. A gravidade dos sintomas do autismo foi avaliada usando pontuações de testes referendados na área.

Depois, um algoritmo de aprendizagem profunda foi treinado usando as imagens e as pontuações dos testes de gravidade dos sintomas. Os resultados mostraram que a ferramenta foi capaz de identificar com 100% de precisão aqueles que tinham autismo e aqueles que não tinham.

Porém, o método não foi tão eficaz assim em predizer a gravidade dos sintomas. Para esse critério, a taxa de acurácia variou entre 58% (sensibilidade) e 74% (especificidade).

Mesmo assim, os pesquisadores acreditam que a inteligência artificial tem muito potencial para ajudar as crianças a obter um diagnóstico mais precoce da condição.

Segundo eles, são necessários mais estudos para comprovar se a ferramenta pode funcionar também em crianças mais novas. Nessa fase, a retina ainda está em desenvolvimento.

"O nosso estudo representa um passo notável no desenvolvimento de ferramentas objetivas de rastreio do TEA, que podem ajudar a resolver questões urgentes, como a inacessibilidade de avaliações especializadas em psiquiatria infantil devido aos recursos limitados", afirmaram os autores.

De acordo com Alexandre Chiavegatto Filho, professor de inteligência artificial em saúde da USP, é preciso que outros grupos confirmem esses achados do estudo coreano, usando amostras de outros países e seus próprios algoritmos. "Os algoritmos são desenvolvidos por pessoas e podem ter muitos problemas por trás disso."

Para ele, mesmo com as limitações, o estudo é muito promissor e vem se somar a outros que já demonstraram outras potencialidades. Por exemplo, em um outro trabalho, os algoritmos puderam prever o risco cardiovascular de uma pessoa a partir de imagens da retina. "A inteligência artificial tem descoberto muitas coisas que os oftalmologistas não faziam ideia sobre a retina."

O diagnóstico do transtorno do espectro autista é ainda um grande desafio pelo grau de complexidade envolvido. Os sintomas associados variam muito e não há um único marcador bioquímico que determine a condição com precisão.

Daí o entusiasmo da comunidade científica em relação ao uso de algoritmos de inteligência artificial como ferramentas de diagnóstico.

Outro estudo publicado em julho na revista Scientific Reports baseou-se em dados de imagens cerebrais de 500 pessoas, sendo 242 com diagnóstico de autismo. Os pesquisadores abasteceram o algoritmo com esses mapas das redes cerebrais, e o sistema foi capaz de determinar quais alterações cerebrais estavam associadas ao autismo. A acurácia foi de 95%.

Por meio das imagens obtidas nos exames de ressonância magnética foi possível observar, por exemplo, mudanças em determinadas regiões do córtex e associá-las a alguns comportamentos. Também nesse caso, a metodologia ainda está em desenvolvimento e poderá levar anos para ser adotada na prática clínica.

Segundo Francisco Rodrigue, um dos autores deste estudo e professor do Instituto de Ciências Matemáticas e da Computação da USP de São Paulo, o mapeamento do cérebro é um passo importante não só para a identificação do autismo como de outras condições.

Um outro estudo publicado pelo seu grupo em 2022 aplicou essa metodologia no caso do Alzheimer e também concluiu que é possível um diagnóstico preciso usando a inteligência artificial. Outros trabalhos já demonstraram que esses mapas cerebrais também podem ajudar na detecção da esquizofrenia.

"Quão semelhantes, em termos de alterações cerebrais, são a esquizofrenia e o Alzheimer? Se conseguirmos relacionar os transtornos, talvez possamos desenvolver novos medicamentos e tratamentos similares para diferentes condições, ou mesmo adaptar tratamentos de uma condição para outra. Ainda estamos longe desse resultado, mas o que está por vir é bastante promissor", disse ele à revista Fapesp.

Leia Também: Com alta demanda, tratamento de autismo vira gargalo para planos de saúde

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

fama MC Mirella Há 21 Horas

MC Mirella expulsa os pais de casa: "Não quero mais morar junto"

fama Problemas de Saúde Há 20 Horas

Ator da Globo que pediu Pix é novamente internado

politica Bolsonaro Há 19 Horas

'Vamos partir pra guerra': golpistas pediam 'orientação' a general próximo de Bolsonaro

mundo Dominique Pelicot Há 21 Horas

Homem que permitiu estupros da esposa por 10 anos: 'Vou morrer como cão'

politica BOLSONARO-PF Há 11 Horas

PF indicia Bolsonaro e mais 36 em investigação de trama golpista

fama Gisele Bündchen Há 20 Horas

Grávida e radiante, Gisele Bündchen exibe barriguinha ao ir à academia

lifestyle Saúde Há 20 Horas

Quatro sinais de que você está consumindo açúcar em excesso diariamente

justica São Paulo Há 19 Horas

'Quem vai devolver meu filho?', lamenta pai de universitário morto em abordagem da PM

esporte Indefinição Há 12 Horas

Qual será o próximo destino de Neymar?

fama KIM-KARDASHIAN Há 21 Horas

Kim Kardashian sensualiza com seu robô da Tesla, adquirido por R$ 170 mil