© Getty Images
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que gostaria de entregar a inflação na meta e os juros no patamar mais baixo possível em 2024, quando encerra seu mandato no comando da autoridade monetária.
PUB
A declaração foi dada em entrevista à jornalista Miriam Leitão, da GloboNews. Um trecho da conversa, gravada na última quinta-feira (21), foi publicado pelo canal na plataforma X (antigo Twitter). A íntegra do programa vai ao ar nesta quarta-feira (27), a partir das 23h30.
"[2024] Vai ser meu último ano como presidente do Banco Central. Então, a gente tem uma perspectiva positiva. Tem muita coisa que a gente gostaria de consolidar ainda aqui no BC. É importante entregar a inflação na meta. É importante entregar os juros o mais baixo possível", afirmou Campos Neto.
Apesar de a lei de autonomia autorizar uma recondução, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve indicar para o posto de presidente do BC alguém mais alinhado a seu governo. Campos Neto, por sua vez, diz que não aceitaria um segundo mandato e também que não cogita entrar para a política partidária no futuro.
No próximo ano, a meta de inflação definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Isso significa que o objetivo é considerado cumprido se oscilar entre 1,5% (piso) e 4,5% (teto).
Já a taxa básica de juros (Selic) fechou 2023 fixada em 11,75% ao ano, após nova redução de 0,5 ponto percentual. O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC sinalizou em dezembro cortes da mesma intensidade nas "próximas reuniões", ou seja, pelo menos nos dois encontros à frente -em janeiro e março de 2024.
Os analistas consultados pelo BC passaram a ver a taxa básica de juros mais baixa em 2024, conforme boletim Focus divulgado na terça-feira (26).
O levantamento, que capta a percepção do mercado financeiro para indicadores econômicos, mostrou que a expectativa é de que a Selic chegue a 9%, depois de sete semanas calculando a taxa a 9,25% no fim do ciclo de cortes.
Na entrevista, Campos Neto também falou sobre as projeções mais favoráveis de crescimento da economia brasileira no ano que vem.
"Como o crescimento tem surpreendido para cima, você leva um crescimento um pouquinho melhor para o ano que vem. Então, os analistas estão aí perto de 2% para o crescimento para o ano que vem", afirmou.
De acordo com a Secretaria de Política Econômica (SPE), do Ministério da Fazenda, o carregamento estatístico para 2023 é de aproximadamente 3%. Em novembro, a SPE reduziu de 3,2% para 3% a projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) para este ano.
O PIB do Brasil perdeu força no terceiro trimestre deste ano, mas ainda apresentou leve variação positiva de 0,1% em relação aos três meses anteriores. A estimativa do mercado financeiro para avanço da atividade econômica neste ano segue em 2,92% e, para 2024, subiu 0,01 ponto, a 1,52%.