Nicarágua prende mais 2 padres em nova onda de detenções de clérigos

Ao menos seis clérigos foram detidos esta semana, segundo a agência de notícias Reuters

© Jorge Cabrera/Reuters

Mundo Ditadura 29/12/23 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A polícia da Nicarágua prendeu mais dois padres da Igreja Católica nesta quinta-feira (28), afirmam ativistas de direitos humanos e a mídia local, elevando para pelo menos seis o número de clérigos detidos esta semana, segundo a agência de notícias Reuters.

PUB

As prisões fazem parte da última ofensiva do ditador Daniel Ortega contra a Igreja, que se tornou antagonista do regime ao longo dos 16 anos que o líder rege o país centro-americano. O gabinete de imprensa da ditadura não respondeu imediatamente a um pedido de comentário da Reuters.

Pelo X, antigo Twitter, a advogada Martha Patricia Molina identificou os últimos líderes religiosos presos como Héctor Treminio e Carlos Avilés. Segundo o jornal Confidencial, dois dos clérigos detidos na última semana já foram libertados -Jader Guido e Óscar Escoto Salgado.

Áviles é o vigário-geral na Arquidiocese de Manágua, capital do país, enquanto Treminio é o tesoureiro na mesma divisão administrativa. Ambos são críticos notórios do regime de Ortega.

O primeiro, por exemplo, afirmou em uma entrevista em junho de 2022 que o povo da Nicarágua "quer que este governo vá embora". Já o segundo disse em uma homilia de agosto de 2020 que os membros da família Ortega "são os maiores capitalistas" do país.

Na semana passada, a polícia já havia prendido o bispo Isidoro Mora, 53, da diocese de Siuna, e os seminaristas Alester Sáenz e Tony Palacios, que seguem detidos, segundo a mídia local. A agência de direitos humanos da ONU para a América Central e o Caribe condenou o "desaparecimento forçado" de Mora e a "nova onda de prisões de religiosos". "Além de atacarem a liberdade pessoal dele, violaram o direito à liberdade religiosa, um pilar de qualquer Estado democrático", afirmou a organização.

Mora é o segundo bispo da Nicarágua preso desde a detenção de Rolando Álvarez, 57, em agosto de 2022. Notório crítico do regime, Álvarez foi condenado a 26 anos de prisão no início deste ano por traição à pátria e propagação de notícias falsas -acusações usadas contra qualquer opositor que se notabilize no país.

Um dia antes de a sentença ser proferida, o bispo de Matagalpa se negou a embarcar em um avião com destino aos Estados Unidos, junto de 222 exilados políticos que, assim como ele, posteriormente perderam a sua cidadania.

Em outubro, Álvarez novamente preferiu permanecer na prisão a se exilar com outros 12 padres libertados e enviados a Roma após um acordo do regime com o Vaticano. Após a libertação de centenas de presos políticos no começo do ano, o bispo é o mais famoso crítico do regime ainda em cárcere e fonte de desgastes para a ditadura.

Muitos dos clérigos detidos recentemente foram presos porque ofereceram publicamente orações a Álvarez, de acordo com a mídia local. O regime, porém, não emitiu nenhuma declaração explicando os supostos crimes dos padres.

O bispo nicaraguense Silvio Baez, que vive exilado na Flórida desde 2019, pediu a libertação de seus colegas. "Peço a Deus que os proteja e que sejam libertados imediatamente", escreveu, na quinta, em uma postagem no X.

A relação entre a Igreja e o regime se deteriorou acentuadamente nas manifestações de 2018, ponto de inflexão no autoritarismo do país. Na época, a instituição foi a mediadora do diálogo entre o líder e a oposição até a repressão a um protesto matar 15 pessoas e deixar mais de 200 feridas.

A Conferência Episcopal da Nicarágua considerou as mortes uma agressão sistemática e organizada e anunciou que não voltaria à mesa de diálogo para dar fim à crise enquanto a população continuasse sendo "reprimida e assassinada". Até o fim daquele ciclo de protestos, ao menos 355 pessoas seriam mortas, segundo a CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos).

Religiosos passaram a sofrer com o fechamento de rádios católicas e o assédio policial em celebrações, além da prisão de sacerdotes. De acordo com a advogada Molina, desde então houve 740 ataques contra a Igreja e 176 padres e freiras foram expulsos da Nicarágua ou proibidos de entrar no país.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

economia Dinheiro Há 14 Horas

Entenda o que muda no salário mínimo, no abono do PIS e no BPC

tech Aplicativo Há 14 Horas

WhatsApp abandona celulares Android antigos no dia 1 de janeiro

brasil Tragédia Há 7 Horas

Sobe para 14 o número desaparecidos após queda de ponte

mundo Estados Unidos Há 14 Horas

Momento em que menino de 8 anos salva colega que engasgava viraliza

fama Condenados Há 22 Horas

Famosos que estão na prisão (alguns em prisão perpétua)

fama Realeza britânica Há 7 Horas

Rei Chales III quebra tradição real com mensagem de Natal

fama Emergência Médica Há 15 Horas

Gusttavo Lima permanece internado e sem previsão de alta, diz assessoria

brasil Tragédia Há 15 Horas

Vereador gravou vídeo na ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira pouco antes de desabamento

fama Hollywood Há 10 Horas

Autora presta apoio a Blake Lively após atriz acusar Justin Baldoni de assédio

brasil Tragédia Há 14 Horas

Mãe de dono da aeronave que caiu em Gramado morreu em acidente com avião da família há 14 anos