Listas de compras podem revelar quando a Bíblia foi escrita

Pesquisadores da Universidade de Tel Aviv, sugeriram que listas de compras encontradas na Terra Santa, feitas por volta de 600 a.C, pode ter alguma relevância para o debate sobre quando textos bíblicos foram compostos

© Tel Aviv University

Mundo Descoberta 13/04/16 POR Notícias Ao Minuto

O novo estudo, publicado na "Proceedings of the National Academy of Sciences", realizado por pesquisadores da Universidade de Tel Aviv, sugeriu que listas de compras encontradas na Terra Santa por volta de 600 a.C, pode ter alguma relevância para o debate de um século sobre quando o corpo principal dos textos bíblicos foi composto.

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Os pedidos por vinho, farinha e óleo parecem listas de compras mundanas, apesar de antigas. Mas uma nova análise da caligrafia sugere que a capacidade de ler e escrever era bem mais disseminada do que antes se sabia. Eliashib, o intendente da remota fortaleza no deserto, recebia suas instruções por escrito, anotações feitas em tinta em cerâmica pedindo que provisões fossem enviadas para as forças no antigo reino de Judá.

"Há um entendimento do poder da alfabetização. E eles escreviam bem, praticamente sem erros. Há algo psicológico além das estatísticas", disse o professor Israel Finkelstein, do Departamento de Arqueologia e Civilizações Antigas do Oriente da Universidade de Tel Aviv. O estudo se baseou em um conjunto de cerca de 100 cartas escritas com tinta em pedaços de cerâmica, conhecidos como óstracos, que foram descobertos perto do Mar Morto em escavações do forte Arad, décadas atrás, e datados de cerca de 600 a.C.

Isso foi pouco antes da destruição de Jerusalém e do reino de Judá por Nabucodonosor, e o exílio de sua elite para a Babilônia e antes de quando muitos acadêmicos acreditam que grande parte dos textos bíblicos, incluindo os cinco livros de Moisés também conhecidos como Pentateuco, foram escritos de forma coesa.

O novo estudo combinou arqueologia, história judaica e matemática aplicada, assim como envolveu processamento de imagens por computador e o desenvolvimento de um algoritmo para distinguir entre os vários autores emitindo as ordens. Com base na análise dos resultados, e levando em consideração o conteúdo dos textos, os pesquisadores concluíram que pelo menos seis mãos escreveram as 18 mensagens mais ou menos na mesma época. Até mesmo soldados das fileiras mais baixas do exército de Judá, ao que parece, sabiam ler e escrever.

Um dos argumentos mais antigos para o corpo principal da literatura bíblica não ter sido escrito em nada parecido com sua presente forma até depois da destruição e exílio, em 586 a.C., é que antes não havia alfabetização suficiente e nem escribas suficientes para a realização de uma empreitada tão grande.

Mas se a taxa de alfabetização no forte Arad se repetir por todo o reino de Judá, que contava com cerca de 100 mil habitantes, haveria centenas de pessoas alfabetizadas, sugeriu a equipe de pesquisa de Tel Aviv.

 

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