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IGOR GIELOW (FOLHAPRESS) - Os rebeldes iemenitas houthis, aliados do Irã, do Hamas e do Hezbollah, lançaram nesta quarta (10) seu maior e mais complexo ataque contra embarcações comerciais no mar Vermelho desde que a guerra explodiu entre o grupo terrorista palestino e Israel.
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Caças americanos e navios de guerra de Washington e de Londres interceptaram uma combinação de 18 drones, dois mísseis de cruzeiro e um míssil antinavio em pelo menos duas localidades próximas da costa do Iêmen.
Segundo os aliados ocidentais, todos os armamentos, que visavam diversos cargueiros na região, foram derrubados sem deixar danos. Participaram da ação caças F-18 lançados pelo porta-aviões USS Dwight Eisenhower, que está no mar Vermelho e os destróieres americanos USS Gravely, USS Laboon e USS Mason, além do britânico HMS Diamond.
O Ministério da Defesa do Reino Unido afirmou que ação provocativa não passaria em branco. Segundo o Comando Central das Forças Armadas dos EUA, "este foi o 26 ataque houthi contra rotas comerciais no mar Vermelho desde 19 de novembro".
A ação ocorreu próximo aos portos iemenitas de Hodeida e Mokha, segundo a empresa de inteligência Ambrey, especializada em segurança marítima. Os houthis, xiitas como seus patronos em Teerã, lutam uma guerra civil desde 2014, tendo expulsado o governo local da capital, Sanaã, para áreas ao sul do país.
Seus ataques alegadamente visam navios com alguma ligação com Israel, a quem atacaram pontualmente no começo da guerra em 7 de outubro, sem sucesso devido às defesas aéreas do Estado judeu. Desde novembro, suas ações focam as águas perigosas da região.
Os EUA ampliaram uma força-tarefa que opera naquele mar desde 2002 contra pirataria, e contam principalmente com navios de aliados da Otan [clube militar ocidental]. Os engajamentos britânicos, usando mísseis Sea Viper, são os primeiros do país na região desde a Guerra do Golfo de 1991.
Pelo mar Vermelho passa cerca de 15% do comércio por navios do mundo. Diversas empresas de carga desviaram suas rotas da região, mesmo com a proteção reforçada por um grupo de porta-aviões americano por lá. Preços de frete e do petróleo subiram, embora o impacto de longo prazo ainda não seja claro.
A insistência houthi gera temores de que os EUA e seus aliados acabarão atacando posições no país, que vive em um precário cessar-fogo. Isso desagrada Washington, que quer evitar uma escalada regional do conflito Israel-Hamas e tem sua maior base no Oriente Médio ao alcance de mísseis houthis, do outro lado do mar Vermelho, na costa do Djibuti.
TEMOR DE GUERRA ISRAEL-HEZBOLLAH CRESCE
Em Israel, as operações do Exército seguem focadas no sul da Faixa de Gaza, após Tel Aviv dar por encerradas as ações principais na parte norte da região, virtualmente obliterada nos quase cem dias de guerra.
Mas as atenções estão voltadas para a fronteira norte, onde as escaramuças até aqui controladas entre Israel e o Hezbollah libanês, outro aliado do Hamas e do Irã na região, ameaçam sair do controle.
Na terça (9), o grupo xiita atacou uma das principais bases militares de Israel no norte do país, em Safed, pela primeira vez nesta guerra. A ação veio após a morte de um comandante militar do Hezbollah no sul do Líbano.
Nesta quarta, o padrão de troca de fogo se repetiu, com caças israelenses bombardeando posições do rival, enquanto o Hezbollah alvejou cidades do Estado judeu com mísseis antitanque.
Desde a última grande guerra entre ambos os lados, em 2006, analistas se perguntam quando haverá um tira-teima entre Israel e o Hezbollah. Até aqui, a presença militar ostensiva dos EUA na região e questões de apoio doméstico no Líbano têm restringido o grupo xiita, mas desde que Tel Aviv matou um líder do Hamas em Beirute na semana passada a violência recrudesceu.
A redução gradual da guerra em Gaza também favorece a ideia de um confronto mais aberto, já que o temor de duas frentes de atrito intensas simultâneas se dissipa um pouco. Por outro lado, um dos grandes instrumentos dos EUA visando aquele flanco do conflito, se perdeu: o grupo do porta-aviões USS Gerald Ford deixou o Mediterrâneo na sexta (5).
Enquanto isso, Washington segue sua ofensiva diplomática, com o secretário de Estado, Antony Blinken, visitando o presidente palestino, Mahmoud Abbas, nesta quarta. O longevo líder disse ao americano que apenas uma solução de dois Estados resolverá o impasse na região, sem discutir o fato de que sua legitimidade à frente da Autoridade Nacional Palestina estar erodida.
Na véspera, Blinken falara algo semelhante aos líderes de Israel, respondendo assim às críticas do eleitorado democrata que vai às urnas em novembro nos EUA e considera que Tel Aviv foi longe demais na retaliação ao mega-ataque do Hamas de outubro. Na prática, contudo, os israelenses até aqui têm jogado segundo suas regras, apesar da pressão.
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