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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As decisões emitidas nesta sexta-feira (26) pela Corte Internacional de Justiça (CIJ) sobre a guerra na Faixa de Gaza tornaram-se alvo de disputa de organizações ligadas a Israel e Palestina, que destacam pontos específicos de um veredito que não atendeu totalmente a nenhuma das partes.
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Os juízes reconheceram, em um primeiro momento, que o tribunal tem jurisdição para julgar se Israel comete genocídio, como alega a África do Sul, deixando de atender um pedido de Tel Aviv para o arquivamento do processo. Os magistrados, porém, não ordenaram um cessar-fogo, frustrando também os palestinos.
Em vez disso, a Corte de Haia, como o tribunal é mais conhecido, exigiu que Israel tome "todas as medidas ao seu alcance para impedir" um genocídio e instou os grupos armados que mantêm reféns no território palestino a libertá-los sem condicionantes.
A expectativa era de uma ordem de trégua na guerra que se estende desde o dia 7 de outubro, quando o Hamas invadiu Israel e matou cerca de 1.200 pessoas, segundo Tel Aviv. Bombardeios israelenses na Faixa de Gaza já mataram mais de 26 mil pessoas, em grande parte crianças, de acordo com o grupo terrorista.
Para Marcos Knobel, presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo, o veredito foi positivo. "A decisão da Corte Internacional de Justiça acerta ao não acatar o pedido de cessar-fogo unilateral proposto pela África do Sul. Vale lembrar que o Hamas é um grupo terrorista que mantém em seu poder mais de 130 reféns", afirmou.
A entidade pró-Israel StandWithUS também celebrou a rejeição à trégua e destacou que o tribunal não se pronunciou sobre a alegação "infundada", segundo a organização, de que Israel executa um genocídio. Já as medidas para proteger a vida dos civis e garantir a chegada de ajuda humanitária já estão sendo tomadas desde o início do conflito, na visão da entidade.
O Comitê de Coordenação Anti-Apartheid Palestino, por sua vez, definiu o veredito como uma "grande derrota" para Israel. "A Corte Internacional de Justiça fez história hoje", afirmou a organização, antes de saudar "calorosamente" as decisões.
O grupo também se pronunciou sobre a trégua. "Embora a Corte não tenha ordenado explicitamente um cessar-fogo imediato e permanente para pôr fim ao genocídio, os Estados devem ser pressionados, mais do que nunca, a cumprir as suas obrigações legais de impor um cessar-fogo", afirmou.
Nesta quinta-feira (25), o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês) afirmou em relatório que "corredores humanitários ininterruptos e seguros para a entrega de ajuda crítica em Gaza são extremamente necessários para permitir que mais caminhões entrem em Gaza".
Trabalhadores humanitários no território tem relatado que a fome assola os palestinos em Gaza. À agência de notícias Reuters, funcionários descreveram um cenário em que os habitantes estão magros e visivelmente famintos.
"A situação alimentar no norte é absolutamente horrível. Quase não há comida disponível e todos com quem conversamos imploram por comida", disse Sean Casey, coordenador da OMS (Organização Mundial da Saúde) em Gaza.
Médicos em hospitais da faixa descrevem bebês nascidos doentes de mães desnutridas, incapazes de produzir leite materno, e feridos cujos organismos estão fracos demais para combater infecções. A Unicef projeta que, nas próximas semanas, mais de 10 mil crianças em Gaza estarão sob risco de desnutrição, quadro que pode prejudicar o crescimento físico e o desenvolvimento cerebral delas.