Lira sinaliza retaliação, e ala do PSB tenta voltar ao bloco do presidente da Câmara

Em conversas com parlamentares, Lira e aliados sinalizaram que haverá retaliação caso a sigla mantenha a decisão de deixar o bloco

© Getty

Política ARTHUR-LIRA 07/02/24 POR Folhapress

(FOLHAPRESS) - Integrantes do PSB mais alinhados a Arthur Lira (PP-AL) e sua tropa de choque se lançaram numa cruzada para que o partido volte atrás na decisão de abandonar o bloco do presidente da Câmara dos Deputados. A decisão do PSB foi vista pelo líder do centrão e seus correligionários como um ataque patrocinado pelo governo Lula (PT).

PUB

Em conversas com parlamentares, Lira e aliados sinalizaram que haverá retaliação caso a sigla mantenha a decisão de deixar o bloco.

De acordo com relatos, o presidente da Câmara disse a integrantes do PSB que eles estavam sendo usados pelo governo para tentar enfraquecê-lo e que o problema de ações políticas como essa é "o dia seguinte".

Esta quarta-feira (7) será marcada por reuniões para definição do futuro do partido. Pela manhã, dirigentes do partido se reunirão com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR). A deputada pediu que o PSB não tomasse nenhuma decisão sem antes ouvi-la.

Gleisi tenta reativar a articulação para que a legenda integre a federação Brasil da Esperança (que reúne PV e PC do B), hoje com 81 deputados. O ingresso do PSB faria com que o bloco chegasse a 95 deputados, apenas uma cadeira a menos que a bancada do PL. À tarde, haverá uma reunião dos integrantes da agremiação na Câmara.

Dirigentes do partido apostam, porém, na possibilidade de composição com MDB, PSD, Republicanos e Podemos, o segundo maior bloco da Casa. Na semana passada, após informar a intenção de deixar o grupo de Lira, pessebistas se reuniram com o líder do PSD, Antonio Brito, sem que a conversa fosse conclusiva.

Desde então, aliados do presidente da Câmara intensificaram a pressão para que o PSB reveja sua decisão. Fizeram chegar a parlamentares da legenda que achavam o desligamento do grupo um passo equivocado.

Eles afirmaram que, por integrar o bloco, a legenda teve o comando de comissões relevantes (como a de Indústria, Comércio e Serviços, uma das principais da Câmara) e relatorias de projetos considerados importantes -e que, se dependesse só do tamanho de sua bancada, não teriam normalmente.

Outro exemplo citado por aliados de Lira foi o apoio do centrão, em detrimento de uma medida provisória do governo, para a aprovação do projeto da deputada Tabata Amaral (PSB-SP) que cria um programa de incentivo financeiro para a permanência de estudantes de baixa renda no ensino médio. A parlamentar é pré-candidata à Prefeitura de São Paulo.

Como argumento, os parlamentares ligados a Lira também dizem que há uma rotatividade do cargo de líder para contemplar todos os partidos e o PSB foi o primeiro a ocupar o posto (com o deputado Felipe Carreras, de Pernambuco). O gesto é, portanto, visto como uma quebra de acordo.

Nas palavras de um líder, qualquer movimento do partido que não seja o cumprimento desse acordo "sairá mais caro" do que a permanência dele no grupo.

Um aliado próximo do presidente da Câmara afirma que esse movimento também pode trazer prejuízos para o PSB nos estados, botando dúvidas sobre alianças firmadas ou aproximações que vinham sendo costuradas para as eleições municipais.

Segundo esse aliado, uma das alianças sob ameaça é a do Recife, cidade administrada por João Campos (PSB). Apesar disso, os próprios aliados de Lira reconhecem ser difícil qualquer movimento nesse sentido.

Além de telefonemas a deputados do PSB, esse recado foi dado diretamente ao líder da bancada na Casa, Gervásio Maia (PB), em encontro com deputados dos partidos que compõem o bloco na segunda-feira (5). Após a reunião, segundo relatos, Maia ligou para Lira para comunicar que o partido oficializaria o desligamento do grupo.

No mesmo dia, o chefe da Câmara fez, na abertura do ano legislativo, um discurso recheado de recados ao Palácio do Planalto. A saída do PSB contribuiu para aumentar o descontentamento de Lira com o Executivo, segundo pessoas próximas.

O deputado cortou relações com o ministro responsável pela articulação política de Lula, Alexandre Padilha (PT), e trabalha por sua derrubada. Já o governo sustenta Padilha, em atitude vista por integrantes do centrão como uma afronta e uma tentativa de enfraquecer Lira para a disputa sucessória na Câmara.

Há uma semana, ao ser informado por dirigentes do PSB da decisão de ruptura, Lira voltou a afirmar que não tem mais condições de negociar com Padilha.

O PSB tem quase tamanho de nanico na Câmara, apenas 14 das 513 cadeiras, mas sua movimentação tem relevância porque é uma jogada a mais no tabuleiro da sucessão de Lira -que ocorrerá em fevereiro de 2025.

Hoje o presidente da Câmara controla um bloco majoritário, com 162 deputados (já excluído o PSB), mas postulantes à sua vaga se reúnem em um grupo paralelo, liderado por PSD, Republicanos e MDB, que soma 144 cadeiras.

Ou seja, se o PSB aderir a esse agrupamento paralelo, os dois blocos ficam praticamente iguais -com uma diferença de apenas 4 deputados pró-Lira.

Esses blocos refletem, em boa medida, o cenário que pode se materializar no fim do ano e início de 2025, quando esquentará a briga pelo comando da Casa. O presidente da Casa é o segundo na linha sucessória da Presidência da República e tem enorme poder sobre a definição da agenda política nacional.

Por ora, Lira tem sinalizado bancar a candidatura de Elmar Nascimento (União Brasil-BA) para sucedê-lo (o atual presidente já foi reeleito e não pode disputar novamente o cargo).

Elmar foi um dos que telefonaram para parlamentares do PSB para demovê-los da ideia de sair do grupo. Nos bastidores, Carreras, que é próximo a Lira, tem sido apontado como um dos nomes que está atuando para reverter a decisão do PSB.

O bloco paralelo, porém, tem outros três candidatos, todos eles de maior alinhamento com o Palácio do Planalto: Marcos Pereira (Republicanos-SP), Antonio Brito (PSD-BA) e Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL).

Lira tem demonstrado a aliados irritação com o que considera uma tentativa do governo federal de interferência na sucessão interna, uma vez que esse movimento acaba fragilizando o seu bloco.

A interlocutores ele diz que sempre trabalhou pela unidade dos partidos que o apoiam e alerta que, caso o grupo se divida, o cenário será prejudicial para todos.

O PSB aderiu ao bloco de Lira justamente no primeiro semestre do ano passado, momento em que Republicanos, PSD e MDB montaram uma aliança paralela em desafio ao presidente da Câmara.

Lira só conseguiu manter a maioria em torno de si com a adesão formal dos centro-esquerdistas PSB e PDT, aliança firmada mediante compromisso do parlamentar de, em linhas gerais, dar tratamento de partido grande a essas siglas menores.

Após Carreras liderar o bloco no primeiro momento, ele foi substituído pelo pedetista André Figueiredo (CE). Hoje, o líder do bloco é Doutor Luizinho (PP-RJ).

Procurado por meio de sua assessoria, o presidente da Câmara não se manifestou.

Leia Também: Investida de Toffoli contra acordos de leniência enfrenta 1º recurso da PGR

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

politica Polícia Federal Há 11 Horas

Bolsonaro pode ser preso por plano de golpe? Entenda

fama MAIDÊ-MAHL Há 12 Horas

Polícia encerra inquérito sobre Maidê Mahl; atriz continua internada

esporte Indefinição Há 11 Horas

Qual será o próximo destino de Neymar?

justica Itaúna Há 11 Horas

Homem branco oferece R$ 10 para agredir homem negro com cintadas em MG

economia Carrefour Há 9 Horas

Se não serve ao francês, não vai servir aos brasileiros, diz Fávaro, sobre decisão do Carrefour

brasil Brasil Há 7 Horas

Jovens fogem após sofrerem grave acidente de carro; vídeo

fama Harry e Meghan Markle Há 3 Horas

Harry e Meghan Markle deram início ao divórcio? O que se sabe até agora

brasil São Paulo Há 12 Horas

Menina de 6 anos é atropelada e arrastada por carro em SP; condutor fugiu

fama Documentário Há 3 Horas

Diagnosticado com demência, filme conta a história Maurício Kubrusly

fama Autobiografias Há 6 Horas

Celebridades que publicaram autobiografias reveladoras