Israel indica 10 de março, início do Ramadã, como prazo para invasão de Rafah

O Ramadã é o mês sagrado para o islamismo que se inicia no próximo dia 10

© <p>Getty Images</p>

Mundo Guerra 19/02/24 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A operação militar em larga escala de Israel em Rafah, cidade que abriga os deslocados internos da guerra na Faixa de Gaza, pode ocorrer no início do Ramadã, o mês sagrado para o islamismo que se inicia no próximo dia 10, afirmou o ex-ministro da Defesa Benny Gantz.

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Membro do gabinete de guerra criado com diferentes forças políticas para as decisões relativas ao atual conflito contra o Hamas, Gantz afirmou que isso ocorrerá caso os mais de cem reféns que seguem em mãos do grupo terrorista não sejam libertados nas próximas semanas.

"O mundo deve saber, assim como os líderes do Hamas: se até o Ramadã nossos reféns não estiverem em casa, os combates continuarão em todo lado, incluindo em Rafah", disse no domingo (18).

Gantz discursava aos membros da Conferência dos Presidentes das Principais Organizações Judaicas Americanas, um guarda-chuva dos grupos que atuam nos Estados Unidos. O premiê Binyamin Netanyahu também discursou no evento.

O líder do Unidade Nacional -hoje oposição ao governo de Netanyahu- disse que a ação seria coordenada e precedida pela retirada de civis. "E em total diálogo com nossos parceiros dos Estados Unidos e do Egito para minimizar as baixas civis", seguiu.

"Para os que dizem que o preço de uma ofensiva é demasiado elevado, digo muito claramente: o Hamas tem uma escolha -pode se render e libertar os reféns para que os cidadãos de Gaza possam celebrar o feriado sagrado do Ramadã."

A despeito dos argumentos dados por Tel Aviv, é ampla a desconfiança internacional sobre eventuais medidas paliativas para conter o dano humano de uma ação em Rafah, especialmente pela enorme quantidade de civis que agora residem naquela porção.

Os Estados Unidos propuseram uma versão alternativa a uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas na qual se opõem a uma invasão em larga escala do Exército de Israel em Rafah, cidade que concentra os deslocados internos pelo conflito, segundo a agência de notícias Reuters.

A proposta, embora não se distancie das críticas recentes do governo de Joe Biden à escala de destruição em Gaza, é novidade no Conselho de Segurança, fórum no qual Washington tem blindado Tel Aviv e vetado resoluções que não mencionem o direito de defesa de Israel ou tréguas prolongadas no conflito. Os EUA também sugerem um cessar-fogo temporário na Faixa de Gaza.

O texto preliminar proposto por Washington "determina que, nas circunstâncias atuais, uma grande ofensiva terrestre em Rafah resultaria em mais danos aos civis e em seu deslocamento adicional, incluindo potencialmente para países vizinhos".

Nesta segunda-feira (19) foi a vez da União Europeia afirmar que uma operação na região fronteiriça com o Egito "criaria um desastre" para os cerca de 1,5 milhão de palestinos refugiados no local.

"Seria impossível evitar mortes civis", afirmou em Bruxelas o chefe da diplomacia do bloco, o espanhol Josep Borrell. "E isso, certamente, seria contra a lei humanitária internacional."

A reunião de chanceleres dos países da UE foi a deixa para que muitos acompanhassem as declarações de Borrell.

"Um ataque em Rafah seria catastrófico, inescrupuloso", afirmou o irlandês Micheal Martin. "Essas pessoas estão exaustas, não têm para onde ir; como alguém pode cogitar criar ainda mais drama?"

A ministra alemã das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, também pediu que Israel respeite o direito internacional, ainda que tenha acrescentado que o país tem direito à autodefesa.

"O mais importante seria que o Hamas entregasse suas armas. Mas Israel tem de seguir a lei humanitária. Mais de um milhão de pessoas foram para o sul porque suas Forças Armadas diziam isso", acrescentou ela em referência aos avisos dados por Tel Aviv para que os civis fugissem para o sul para estarem supostamente seguros.

Naturalmente o período do Ramadã já é marcado por tensões em Jerusalém. Em especial na região da mesquita de Al-Aqsa, sensível para a delicada relação entre israelenses e palestinos.

Também nesta segunda-feira o gabinete de Netanyahu disse que irá promover "alguma restrição" para fiéis muçulmanos durante o mês sagrado. Isso seria "uma decisão equilibrada para permitir a liberdade de culto, mas dentro das necessidades de segurança", argumentou.

Não foram fornecidos detalhes de como será feita a restrição, mas há ampla pressão dos ministros mais radicais do gabinete para proibir a entrada de muçulmanos. O Hamas, por sua vez, chamou as restrições propostas de "uma continuação dos crimes sionistas e da guerra religiosa liderada pelo grupo de colonos extremistas no governo terrorista de ocupação contra o povo palestino".

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