Míssil de Kim usado por Putin na Ucrânia tem peças dos EUA

A descoberta foi divulgada nesta terça (20) pelo CAR (Pesquisa de Armamento de Conflito, na sigla inglesa), da União Europeia

© KCNA/via REUTERS

Mundo Guerra 21/02/24 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Análise dos destroços de um míssil balístico produzido na Coreia do Norte e disparado pela Rússia contra a Ucrânia no começo do ano mostrou que o armamento era composto por centenas de peças vitais feitas nos Estados Unidos, Europa e Ásia.

PUB

E não eram componentes antigos: 76,7% dos itens identificados foram fabricados de 2021 para cá, colocando em evidência a ineficácia do regime de sanções que é aplicado para tentar coibir Pyongyang de desenvolver armamentos sofisticados.

A descoberta foi divulgada nesta terça (20) pelo CAR (Pesquisa de Armamento de Conflito, na sigla inglesa), uma organização privada bancada pela União Europeia que estuda o trânsito de armas pelo mundo.

O míssil em questão foi disparado em 2 de janeiro do sul da Rússia contra Kharkiv, a segunda maior cidade ucraniana, no norte do país invadido há quase dois anos por Vladimir Putin. Segundo as Forças Armadas de Kiev e a Casa Branca, era um modelo de curto alcance KN-23 ou KN-24, que podem atingir alvos a 700 km e 400 km, respectivamente.

A descoberta foi apresentada como a primeira prova do fornecimento de armas norte-coreanas para a Rússia, o que analistas acreditam ter sido selado de forma definitiva após o encontro entre Putin e o ditador Kim Jong-un, em setembro passado -cúpula que tem rendido frutos diversos, como tecnologia espacial para Pyongyang e até uma limusine russa para o líder.

O Kremlin e o governo norte-coreano não comentam as especulações. Mas a análise do CAR dá uma nova perspectiva. Ela não diz quantas peças ao todo recuperou do míssil, mas apontou que 290 delas eram estrangeiras, quase todas ligadas ao sistema de navegação da arma, sua parte eletrônica mais sofisticada.

Dessas, nada menos que 75% eram norte-americanas, 16%, europeias e 9%, de outros países da Ásia. Não é especificado a proporção de material norte-coreano ou russo, por exemplo, mas usualmente ele estaria ligado a partes menos tecnológicas -nenhum dos dois países produz chips avançados.

O CAR listou 26 empresas dos EUA, Alemanha, Holanda, Suíça, China, Japão, Taiwan e Singapura como fabricantes, mas não revelou seus nomes. Disse estar em contato com cada uma para descobrir o caminho que seus componentes percorreram até, de alguma forma, driblar as barreiras comerciais sobre a ditadura de Pyongyang.

O país sofre um dos regimes mais severos de sanções do mundo desde que explodiu sua primeira bomba atômica, em 2006. Mantém negócios principalmente com a Rússia e com a China, sofrendo restrições diversas da ONU, da União Europeia, dos EUA e de diversos aliados.

O fato de usarem chips e outros equipamentos eletrônicos em suas armas demonstra o que já se sabe: há formas de triangular o envio desses produtos por meio de países amigos ligados a terceiros. Mesmo a economia russa, sob o regime mais duro de sanções hoje no mundo, segue com sua produção de mísseis de cruzeiro e outras armas sofisticadas que não prescindem de chips avançados.

Outro achado do CAR foi a data de produção final do míssil em questão: não antes de março de 2023. Como já havia boatos de que os norte-coreanos iriam fechar um acordo com Putin, assim como os iranianos forneceram drones e talvez mísseis balísticos, a entidade especula se a encomenda já não havia sido feita.

As sanções internacionais sobre a Coreia do Norte visam, acima de tudo, asfixiar seu desenvolvimento balístico. Não tem dado certo: desde que iniciou sua campanha de pressão sobre o Ocidente em 2017, só para afrouxá-la e apertá-la novamente, Kim tem testado uma gama variadíssima de mísseis.

Entre eles, mísseis de cruzeiro, modelos lançados de submarinos e versões intercontinentais que, se forem resolvidas questões de miniaturização de ogiva nuclear e de confiabilidade de sua reentrada na atmosfera, podem atingir alvos na costa oeste dos EUA. Tecnologia para tal a Rússia tem, de sobra.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

mundo Investigação Há 16 Horas

Laudo aponta que míssil da Rússia derrubou avião no Cazaquistão

fama Luto Há 20 Horas

Morre ator Ney Latorraca, aos 80 anos

fama Bebê Há 22 Horas

Neymar será pai pela quarta vez e terá segunda filha com Bruna Biancardi

fama Festas Há 21 Horas

Filho de Leonardo, João Guilherme dispensa Natal do pai e passa com Xuxa

fama Emergência Médica Há 14 Horas

Internado na UTI, saiba quem é Toguro, influencer indiciado por homicídio

mundo Cazaquistão Há 20 Horas

Nevoeiro, aves, míssil russo… O que se sabe sobre a queda de avião?

mundo Avião Há 20 Horas

Corpo é encontrado no trem de pouso de avião no Havai

lifestyle Saúde Há 20 Horas

Nariz entupido? Saiba como resolver este incômodo

fama Tragédia Há 13 Horas

Ator de 'Baby Driver', Hudson Meek, morre aos 16 anos

fama LUTO Há 15 Horas

Famosos lamentam morte de Ney Latorraca