© Getty Images
(FOLHAPRESS) - O parque Princesa Isabel, no centro de São Paulo, segue com os portões fechados para o público, mas desde janeiro possui um novo item em seu orçamento: segurança privada. Há dois meses, a gestão Ricardo Nunes (MDB) desembolsa R$ 134,6 mil mensais para manter 10 vigilantes no local.
PUB
O parque fica próximo da cracolândia -ele foi cercado por grades exatamente quando os usuários de drogas passaram a se espalhar pela região, em meados de 2022. Desde então, passou a maior parte do tempo fechado. Só por dois meses do ano passado a entrada do público foi autorizada.
Segundo a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, são seis agentes durante o dia, sendo um deles de bicicleta, e outros quatro no período noturno para monitorar uma área de 16 mil m² (uma quadra). A pasta, atual responsável pelo local, disse que a ação foi tomada para coibir atos de vandalismo.
Na tarde desta segunda-feira (4) três seguranças privados estavam no interior do parque, que está há quase dez meses fechado. Os agentes se protegiam do sol sob a marquise de um imóvel de alvenaria que um dia já foi uma base da Polícia Militar, mas que foi desativada.
Além do trio, três viaturas da PM, entre elas uma base móvel, estavam estacionadas na calçada do parque no cruzamento das avenidas Rio Branco e Duque de Caxias.
A presença policial não inibia o consumo de crack no entorno. Por volta das 15h, cerca de 20 homens usavam drogas na calçada da Rio Branco encostados no muro do parque.
O parque está fechado desde maio do ano passado, sob a justificativa de revitalização. A obra, que foi tocada pela subprefeitura da Sé, já está praticamente concluída, mas sem data de reabertura. Antes disso, já tinha ficado fechado de junho de 2022 (quando virou parque e foi gradeado) até março do ano passado.
"Acho que estão demorando demais para abrir. Já que tem segurança deveria estar aberto", disse o cantor Carlos Antônio de Carvalho, 74.
Morador do bairro, ele se exercita em volta do parque e reclama do cheiro que emana da fogueira acesa por dependentes químicos.
Também vivendo na região, o taxista Raimundo Gomes, 62, classifica a situação atual de absurda. "Se tem segurança tem que deixar aberto. O segurança tem que estar preparado para não deixar invadir. Não adiante empatar viatura para cuidar de ambiente fechado. A segurança está sendo feita para o usuário de droga".
Acompanhada de um grupo de crianças, a autônoma Maria Dalva, 38, também criticou a situação. Ela disse que os meninos costumavam brincar na Princesa Isabel antes da colocação das grades, quando o local era aberto. "[Agora] As crianças querem brincar e não tem onde", afirmou.
Ela disse ainda ser favorável a implantação da vigilância, desde que com o local em pleno funcionamento.
Em nota, a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente disse que a área passa por adequações em função de ações de vandalismo e, por isso, o reforço de segurança é necessário.
"A inauguração será feita após a execução dos serviços. Vale ressaltar que os parques administrados pela secretaria contam com vigilância patrimonial, que cuidam da infraestrutura do local, das pessoas e da preservação do meio ambiente".
Leia Também: Derrota do PSDB em SP vira fantasma para Nunes e argumento para elo com Bolsonaro