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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou ter dito ao primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, que os dois estavam caminhando para uma reunião de "acerto de contas" sobre a questão da ajuda humanitária a Gaza, de acordo com um vídeo postado nas redes sociais na sexta-feira (8).
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O momento foi gravado após Biden terminar o discurso do Estado da União, na noite de quinta (7). A declaração foi dada, em tom informal, durante uma conversa entre o presidente e o senador democrata pelo Colorado, Michael Bennet, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, e o secretário de Transportes, Pete Buttigieg."Eu disse a ele, Bibi, não repita isso. Eu disse, Bibi, você e eu vamos ter um momento de 'conversa decisiva', afirma Biden, referindo-se a Netanyahu pelo apelido. Nesse momento, um assessor o alerta de que ele está sendo gravado. "Estou com o microfone ligado aqui. Bom. Isso foi bom", diz.A conversa flagrada pelas câmeras é mais um sinal da frustração do democrata ao lidar com Netanyahu sobre a questão de Gaza.A avaliação negativa da posição de Biden no conflito no Oriente Médio é uma fragilidade que preocupa sua campanha eleitoral, especialmente com eleitores jovens e de origem árabe, que podem fazer a diferença em uma eleição apertada.Em uma tentativa de reduzir as críticas, Biden confirmou no discurso ao Congresso os planos do governo para construir um porto flutuante na Faixa de Gaza. A estrutura vai permitir que navios entreguem ajuda humanitária aos mais de 2 milhões de palestinos vivendo sob bombardeios intensos de Israel que já mataram mais de 30 mil pessoas em cinco meses.Segundo a ONU, cerca de 500 mil palestinos passam fome na região, e todos os habitantes são afetados pela falta de comida e suprimentos. Agências das Nações Unidas também disseram em relatórios que a capacidade agrícola e pesqueira de Gaza foi quase totalmente destruída por Israel.O porto planejado pelos EUA vai ser construído por engenheiros militares americanos e envolver mil soldados do país, segundo o Pentágono, e ainda não tem estimativa de custo. O planejamento da operação será realizado a partir da ilha de Chipre e não prevê o envio de militares dos EUA a Gaza.
"Israel deve fazer sua parte e permitir que mais ajuda entre em Gaza. Assistência humanitária não pode ser uma consideração secundária ou algo para se barganhar", disse o democrata no discurso, e acrescentou que "a única solução a longo prazo é uma solução de dois Estados".
Enquanto o presidente falava sobre Gaza, a deputada palestino-americana Rashida Tlaib e outras colegas, incluindo Alexandria Ocasio-Cortez, seguraram placas com as frases "cessar-fogo duradouro agora" e "pare de enviar bombas".
Mesmo antes do discurso, manifestantes a favor de um cessar-fogo ocuparam uma das rotas que Biden poderia tomar para ir da Casa Branca ao Capitólio. Eles projetaram a frase "o legado de Biden é o genocídio" em um prédio próximo.
Repórteres perguntaram ao presidente sobre o episódio flagrado pelas câmeras quando ele partiu no Air Force One para a Filadélfia. "Eu não disse isso", afirmou, aparentemente referindo-se ao fato de que o comentário não estava na seção sobre Gaza em seu discurso. Mas quando pressionado sobre a conversa no Capitólio, ele respondeu: "Vocês me espionaram."
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