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O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) estima que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil desacelere o ritmo de crescimento quase pela metade em 2024. O organismo, com sede em Washington DC, espera avanço de 1,5%, ante alta de 2,9% no ano passado, conforme projeções divulgadas ontem.
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Caso se concretize, o Brasil deve crescer abaixo da média da América Latina e Caribe e também desacelerar de forma mais intensa. O BID estima que a região deve apontar crescimento de 1,6% neste ano, depois da expansão de 2,1% em 2023, superando as expectativas de especialistas.
"Países de grande porte como Brasil e México propiciaram melhorias relevantes para o crescimento regional", destaca, no estudo Pronto para decolar? Aproveitando a estabilidade macroeconômica para o crescimento, publicado nesta segunda, 11. No geral, a região da América Latina e Caribe demonstrou uma "força econômica inesperada" em 2023, avalia o BID. O México, por sua vez, deve crescer 2,1% em 2024. No ano passado, a economia mexicana, que tem se beneficiado do comércio com países vizinhos, o chamado nearshoring, avançou 3,1%.
As expectativas de crescimento da região da América Latina e Caribe para 2024 são influenciadas por um crescimento global mais baixo, taxas de juro ainda elevadas, preços estáveis das commodities, consolidação fiscal gradual e níveis da dívida relativamente altos, de acordo com o relatório.
"Nossa região enfrenta um triplo desafio estrutural de demandas sociais crescentes, recursos fiscais escassos e baixo crescimento, com os importantes efeitos adicionais das mudanças climáticas", alertou o presidente do BID, Ilan Goldfajn, em nota à imprensa, após o encerramento da assembleia do organismo, realizada em Punta Cana, na República Dominicana.
Recuperação
Para 2025, o BID vê, porém, um movimento de recuperação na América Latina. O PIB brasileiro deve avançar 2,0%. Já a economia latina e do Caribe deve acelerar o passo e crescer 2,3%. O México, por sua vez, tende a repetir o mesmo desempenho esperado para este ano.
O BID destaca que a subida de juros por parte dos bancos centrais da América Latina contribuiu para que a inflação anual média na região caísse para 3,8% em dezembro de 2023. Já a relação dívida/PIB da América Latina e Caribe teve redução de 11 pontos porcentuais entre 2020 e 2023, embora essa trajetória tenha exibido desaceleração no ano passado, conforme o relatório.
O BID prevê em seu cenário-base redução de 3 pontos porcentuais na relação dívida/PIB para a média dos países, para 56% até 2026. Em paralelo, o organismo traça um cenário de choques intensificados. Nessas circunstâncias, a dívida pública média dos países da América Latina e Caribe poderia chegar a 62% até 2026.
Nesse cenário de choques internacionais, a região enfrentaria dois anos de recessão. O Brasil também seria afetado, podendo ver o seu PIB encolher 0,2% neste ano e 0,4% no próximo, recuperando-se apenas em 2026, conforme o organismo.
Em seu relatório, o BID faz um alerta sobre a continuidade dos efeitos do fenômeno climático El Niño. Nos seus cálculos, o evento pode levar a um aumento de 3% na dívida como porcentagem do PIB da região em três anos, em relação ao cenário-base de 60%.
O organismo também chama atenção para a importância da implementação de reformas na região, o que lhe ajudaria a aproveitar oportunidades econômicas ainda inexploradas e permitiria desempenhar um papel fundamental no cenário econômico global. "Embora os países da América Latina e do Caribe estejam prontos para contribuir para a demanda mundial em setores críticos como segurança alimentar, energias renováveis e mudanças climáticas, ainda precisam avançar nas reformas para aumentar a produtividade, melhorar a resiliência econômica e promover o crescimento sustentável", disse Eric Parrado, economista-chefe e gerente geral do Departamento de Pesquisa do BID, no estudo do organismo.
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