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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O grupo terrorista Hamas acusou Israel de matar seis pessoas e ferir outras 83 enquanto elas aguardavam a distribuição de ajuda humanitária na Cidade de Gaza na noite desta quarta-feira (13).
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Segundo autoridades de saúde locais, associadas à facção, os habitantes se apressavam para recolher suprimentos em uma rotatória no norte da cidade quando tropas abriram fogo contra eles.
Tel Aviv ainda não se pronunciou sobre o episódio. Ele remete a um outro ocorrido no último dia 29, porém, quando militares israelenses dispararam contra centenas de civis que aguardavam em fila para receber ajuda humanitária, em uma cena que chocou a comunidade internacional.
Segundo o Hamas, mais de cem pessoas morreram naquele dia -Tel Aviv nega responsabilidade no ocorrido e atribui a culpa aos próprios palestinos, que ao tentarem saquear os caminhões de ajuda teriam causado um tumulto que levou a pisoteamentos e atropelamentos.
Um jornalista da emissora Al-Jazeera afirmou que a rotatória em que ocorreu o incidente desta quarta, responsável por ligar o norte ao sul da Faixa de Gaza, vem sendo descrita como uma "armadilha mortal" pelos locais. Ainda de acordo com a rede sediada no Qatar, pelo menos 400 palestinos foram mortos por israelenses enquanto esperavam ajuda desde o início da guerra, seis meses atrás.
A ONU vem alertando que pelo menos 576 mil pessoas -um quarto da população original da faixa- enfrentam "níveis catastróficos de insegurança alimentar". Esse número, somado a relatos de palestinos que estão comendo ração e animais como cavalos para sobreviver, tem aumentado a pressão para que Israel permita mais acesso ao território palestino em guerra.
O Estado judeu mantém Gaza sob cerco total desde outubro, restringindo a entrega de carregamentos sob a alegação de que parte dos materiais pode representar um risco à sua própria segurança.
Ele nega, porém, obstruir a distribuição de mantimentos, atribuindo eventuais falhas à atuação de agências humanitárias e acusando o Hamas de desviar a ajuda. A facção palestina, por sua vez, acusa os israelenses de usarem a fome como uma arma.
Diante desse embate e do impasse nas negociações de cessar-fogo, a comunidade internacional vêm buscando alternativas à entrega de suprimentos por terra.
Por exemplo: no início de março, logo depois do episódio do dia 29, os Estados Unidos seguiram uma estratégia que já vinha sendo usada pela França e pela Jordânia e realizaram pela primeira vez a distribuição de ajuda humanitária por via área, lançando 38 mil refeições sobre a faixa de terra em paraquedas.
Operações do tipo são criticadas por especialistas, no entanto, que afirmam que envios de suprimentos por ar não só são pouco eficazes como oferecem risco à população em terra quando os paraquedas apresentam mal funcionamento. Na semana passada, cinco pessoas morreram ao serem atingidas por pacotes com ajuda humanitária, relatou uma autoridade de saúde palestina.
Outra possibilidade atualmente em teste é o fornecimento de mantimentos por mar. Um navio carregando 200 toneladas de arroz, farinha e conservas deixou o Chipre -país da União Europeia (UE) mais próximo do território palestino- na terça-feira (12), em um piloto para inaugurar uma rota marítima de chegada de ajuda humanitária.
Os EUA prometeram fazer algo semelhante, com o presidente Joe Biden tendo anunciado a construção de um píer flutuante na costa do Mediterrâneo onde navios militares possam atracar e entregar kits de ajuda humanitária diretamente à população.