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WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - A maioria dos americanos diz agora reprovar a ação militar de Israel na Faixa de Gaza, segundo pesquisa Gallup divulgada nesta quarta-feira (27). Desde novembro, quando o último levantamento havia sido feito, a fatia dos contrários subiu 10 pontos percentuais, para 55%.
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A mudança de opinião ocorre em paralelo ao estremecimento da relação entre Washington e Tel Aviv. Inicialmente, o governo Joe Biden demonstrou apoio total ao aliado no Oriente Médio, mas vem gradualmente elevando o tom das críticas à ofensiva israelense, que já matou mais de 32 mil pessoas, mulheres e crianças em sua maioria –as informações são das autoridades saúde locais, ligadas ao grupo terrorista Hamas.
O ápice da tensão ocorreu na última segunda (25), quando os EUA não usaram seu poder de veto para impedir a aprovação de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que demanda um cessar-fogo imediato no conflito durante o Ramadã, período sagrado para os muçulmanos. Até então, Washington vinha protegendo Tel Aviv de iniciativas que exigissem a cessação das hostilidades.
Reflexo do aumento da rejeição, a pesquisa da Gallup mostra que o percentual dos que aprovam a operação militar caiu de 50% para 36% entre novembro e março. Aqueles que dizem não ter uma opinião passaram de 4% para 9%. O levantamento mais recente ocorreu entre os dias 1º e 20 deste mês e entrevistou 1.016 pessoas.
Biden, que disputa a reeleição neste ano, vem sendo alvo de protestos pelo apoio do governo americano a Israel. O democrata foi interrompido em diversos eventos por ativistas pró-Palestina, chamado de "Joe Genocida" por manifestantes em frente a Casa Branca e virou alvo de uma campanha nas primárias do partido para que eleitores votem na opção "uncommitted" (livre de compromisso).
Democratas são, justamente, aqueles que mais desaprovam a ofensiva israelense. Segundo a pesquisa da Gallup, 75% dos que se identificam com o partido rejeitam a operação militar -em novembro, eram 63%.
O grupo dos que se dizem independentes politicamente, por sua vez, mudou de lado. Se antes os que desaprovavam a operação eram minoritários (48%), agora eles são maioria (60%).
A única parcela da população que permanece favorável à ofensiva é a republicana. No entanto, mesmo nesse grupo o apoio caiu de 71% para 64%.
A abordagem adotada por Biden em relação ao conflito no Oriente Médio, por sua vez, é aprovada por apenas 27% da população. O percentual sobe entre democratas para 47%, mas ainda assim é minoritária. Entre independentes e republicanos, a fatia cai para 21% e 16%, respectivamente.
A maior preocupação da Casa Branca é perder votos essenciais em uma disputa apertada contra Donald Trump em novembro.
Como o voto não é obrigatório nos EUA, o temor é que a insatisfação com o apoio a Israel leve muito eleitores tradicionais do partido, como jovens e descendentes de árabes, a deixarem de ir às urnas.
A pesquisa mais recente de intenção de voto, feita entre os dias 24 e 26 de março por encomenda da Economist, mostra Trump com 44% e Biden com 43% -tecnicamente empatados, considerando a margem de erro de 3,4 pontos percentuais.