Ibovespa inicia abril em baixa de 0,87%, aos 126,9 mil pontos

Vindo de perda de 0,71% em março, o Ibovespa cede agora 5,36% no ano.

© Paulo Whitaker/Reuters

Economia Bolsa de Valores 01/04/24 POR Estadao Conteudo

Com volume financeiro moderado na retomada dos negócios após o feriado da sexta-feira, o Ibovespa interrompeu nesta segunda-feira sequência de duas recuperações e voltou a fechar abaixo dos 127 mil pontos. Nesta abertura de abril, o índice caiu 0,87%, a 126.990,45 pontos, bem mais perto da mínima (126.771,80) do que da máxima (128.658,86) da sessão. O giro ficou restrito a R$ 19,9 bilhões nesta segunda-feira. Vindo de perda de 0,71% em março, o Ibovespa cede agora 5,36% no ano.

Nesta abertura de semana, mês e trimestre, os rendimentos dos Treasuries se mantiveram pressionados pelas incertezas em torno dos juros do Federal Reserve, após novos dados de atividade sobre a maior economia do globo - o que resultou também em retração nos índices de ações em Nova York, na maior parte da sessão. A aversão a risco desde o exterior afetou os ativos domésticos como um todo, com efeito sobre a curva de juros e o câmbio. Assim, o dólar foi a R$ 5,07 na máxima do dia - ao fim, à vista, mostrava alta de 0,87%, a R$ 5,0591.

Pela manhã, o índice de atividade PMI do setor industrial nos Estados Unidos, do Instituto de Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês), passou pela primeira vez em um ano e meio a terreno de expansão, a 50,3 em março, ante expectativa de leitura a 48,5 para o mês. A percepção de aquecimento da economia americana vem em momento no qual o mercado tem se posicionado para início do processo de cortes dos juros americanos em junho.

Na sessão, o desempenho na B3 foi amplamente negativo para as ações de grandes bancos, com destaque para Itaú (PN -3,41%), mas o mergulho do Ibovespa foi relativamente moderado por Vale (ON +0,64%) e Petrobras (ON +0,73%, PN +0,78%), com as grandes ações de commodities respondendo ao movimento de preços do minério e do petróleo, frente a indicações um pouco mais favoráveis sobre a China.

Os preços da commodity vinham sob pressão da crise imobiliária no país asiático e de aumento das exportações australianas, o que trouxe sinal de mais oferta em meio a demanda deprimida, recentemente. Nesta segunda, contudo, responderam também ao índice de gerentes de compras (PMI) industrial da China, que passou de 49,1 em fevereiro para 50,8 em março, segundo anunciou o Escritório Nacional de Estatísticas (NBS) no fim de semana.

Em Dalian, o contrato mais negociado de minério, para maio de 2024, subiu nesta segunda 2,61%, ao correspondente a US$ 106,26 por tonelada. No noticiário sobre a Vale, o processo para escolha do novo presidente da empresa - sobre quem sucederá Eduardo Bartolomeo a partir de 1º de janeiro de 2025 - foi lançado no mercado, e executivos de empresas começaram a ser sondados por consultorias de headhunting de renome internacional, apurou o jornalista Ivo Ribeiro, do Estadão, junto a fontes próximas ao processo e especialistas. O cronograma de definição e contratação está previsto para até o final de novembro.

Além do comportamento favorável do minério, os contratos futuros de petróleo atingiram os maiores níveis desde outubro, em Londres e Nova York, ajustando-se à surpresa positiva dos PMIs chinês e americano, antes da reunião desta quarta-feira da Opep+. "Há algum ânimo sobre a economia chinesa que se transfere para as commodities, mas, para o calendário que se teve hoje, o desempenho da Bolsa não foi positivo", diz Helder Wakabayashi, analista da Toro Investimentos.

"Para além do desempenho das ações de commodities, especialmente as de mineração e siderurgia, o dia foi bem negativo para o mercado como um todo. Há bastante tempo não se via uma queda como essa, de 3%, em Itaú, ainda mais nesse patamar de preço. Desde o exterior, há ceticismo com relação ao momento em que os juros dos Estados Unidos, de fato, começarão a cair - o que reduz ainda mais o apetite do investidor estrangeiro pela Bolsa brasileira", diz Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos, em referência ao recuo do estrangeiro na B3 que marcou a performance da Bolsa no primeiro trimestre.

Na ponta perdedora do Ibovespa nesta segunda-feira, destaque para Locaweb (-6,34%), CVC (-5,86%) e Raízen (-5,08%). No lado oposto, Hapvida (+6,49%), IRB (+2,44%) e Casas Bahia (+2,36%).

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