Trump tentou corromper eleições de 2016, dizem promotores em segunda semana de julgamento

Os promotores dizem que Trump tentou esconder histórias que poderiam ser prejudiciais para sua campanha de 2016

© <p>Getty Images</p>

Mundo Justiça 22/04/24 POR Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump já está no tribunal de Nova York no qual promotores defendem, nesta segunda-feira (22), por que o suposto pagamento secreto a uma estrela pornô durante sua vitoriosa campanha pela Casa Branca em 2016 teria infringido a lei.

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Embora o republicano tenha pedido manifestações de apoiadores em tribunais "de todo o país", poucos estavam presentes para saudá-lo durante sua chegada à corte no centro da cidade, e o prédio estava rodeado por barricadas. "Lower Manhattan, ao redor do Tribunal, para onde estou indo agora, está completamente FECHADA. TÃO INJUSTO!!!" escreveu ele nas redes sociais.

Os promotores dizem que Trump tentou esconder histórias que poderiam ser prejudiciais para sua campanha de 2016. O esquema envolveria o pagamento de US$ 130 mil feito pelo ex-advogado de Trump, Michael Cohen, à estrela pornô Stormy Daniels para que ela não revelasse um suposto encontro sexual com o empresário uma década antes. Trump reembolsou Cohen, segundo os promotores.

"Este caso é sobre conspiração de fraude", disse o promotor Matthew Colangelo ao júri de 12 pessoas escolhido na semana passada. "O réu, Donald Trump, orquestrou um esquema criminoso para corromper as eleições presidenciais de 2016."

Os candidatos a formar o júri tiveram que responder a um questionário de 42 perguntas que se concentrava especialmente em saber se eles se sentiam capazes de julgar, com equidade e imparcialidade, um caso altamente midiatizado e politizado. As identidades dos jurados devem permanecer em anonimato, exceto para Trump, seus advogados e os promotores.

A acusação defende que a suposta estratégia do empresário teria enganado os eleitores nos últimos dias da campanha, quando a candidatura do republicano enfrentava dificuldades por causa de outras revelações de cunho sexual. Trump se declara inocente de 34 acusações de falsificação de registros comerciais apresentadas pelo promotor distrital de Manhattan, Alvin Bragg, e nega ter tido um encontro sexual com Daniels.

Após as manifestações dos promotores, a defesa de Trump afirmou que o republicano não cometeu um crime ao pagar seu ex-advogado em 2017. "O presidente Trump é inocente. O presidente Trump não cometeu nenhum crime. O gabinete do promotor distrital de Manhattan nunca deveria ter aberto este caso", disse o advogado do empresário, Todd Blanche.

O empresário também pode testemunhar nesta segunda, mas isso ainda é incerto. No início do julgamento, o juiz, Juan Merchan, decidiu que os promotores poderiam perguntar a Trump, se ele testemunhasse, sobre dois outros processos judiciais –um sobre uma fraude no valor de seus ativos imobiliários e outro sobre a difamação da escritora E. Jean Carroll, que o acusou de estupro.

Merchan também disse que os promotores poderão mostrar aos jurados a transcrição de uma fita do programa de TV "Access Hollywood", na qual Trump faz comentários sobre agarrar os órgãos genitais das mulheres.

Este deve ser o único dos quatro processos criminais de Trump a ir a julgamento antes das eleições de 5 de novembro, na qual ele vai rivalizar novamente com o atual presidente, o democrata Joe Biden. O caso é visto por muitos especialistas jurídicos como o menos importante dos processos contra Trump, e uma eventual condenação não o impediria de assumir a Presidência caso seja eleito no final do ano. A derrota nos tribunais, porém, poderia prejudicar a sua candidatura.

Uma pesquisa feita pela agência de notícias Reuters e a empresa Ipsos mostra que metade dos eleitores independentes e um em cada quatro republicanos dizem que não votariam em Trump se ele fosse condenado por um crime.

Segundo os promotores, o pagamento de Daniels fazia parte de um esquema mais amplo idealizado por Trump, Cohen e David Pecker (ex-presidente-executivo da editora de tablóides American Media) para pagar pessoas com informações potencialmente prejudiciais sobre Trump antes das eleições de 2016, quando Trump derrotou a democrata Hillary Clinton.

De acordo com os promotores, Pecker fez um acordo, durante uma reunião em agosto de 2015 com Trump e Cohen, para atuar como os "olhos e ouvidos" da campanha, procurando histórias negativas sobre o republicano.

A American Media, que publica o National Enquirer, admitiu em 2018, como parte de um acordo para evitar processos criminais, que pagou US$ 150 mil à ex-modelo da revista Playboy Karen McDougal pelos direitos de sua história sobre um caso de meses com Trump em 2006 e 2007. A editora disse que trabalhou "em conjunto" com a campanha de Trump e nunca publicou a história.

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