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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manifestou otimismo com as próximas eleições presidenciais na Venezuela, apesar da série de restrições contra candidatos opositores promovidas pelo regime de Nicolás Maduro. Lula ainda considerou "extraordinária" a movimentação da oposição, que pretende lançar uma candidatura única para o pleito.
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As declarações foram dadas durante café da manhã do presidente com os jornalistas que cobrem o dia a dia da Presidência da República, no Palácio do Planalto.
Após o Conselho Nacional Eleitoral venezuelano, aparelhado pelo chavismo, barrar dois nomes da oposição, um na Justiça e outro no registro da candidatura, o diplomata Edmundo González Urrutia aceitou, no domingo (21), ser o representante da maior plataforma da oposição para disputar contra o ditador Nicolás Maduro nas eleições previstas para 28 de julho.
"A questão da Venezuela, está acontecendo uma coisa extraordinária: a oposição toda se reuniu, está lançando candidato único. Vai ter eleições. Acho que vai ter acompanhamento internacional sobre as eleições, há interesse de muita gente em acompanhar. E, se o Brasil for convidado, participará do acompanhamento das eleições", afirmou o presidente.
Embora tenha acenado à movimentação da oposição venezuelana, o presidente evitou dar sequência à escalada nas críticas ao ditador Nicolás Maduro, que havia começado no mês passado.
No final do mês passado, o governo mudou de tom e contestou, pela primeira vez, o bloqueio à candidatura da opositora Corina Yoris, nome escolhido pela principal força de oposição contra o chavismo nas eleições de julho na Venezuela.
Em nota, o Itamaraty disse que "acompanha com expectativa e preocupação o desenrolar do processo eleitoral" no país, marcando uma inflexão na posição até então adotada por Lula em relação a Maduro, de preservar o aliado sul-americano.
Na semana seguinte, Lula chamou de grave o veto à candidatura e afirmou que não há justificativa política ou jurídica para se proibir um adversário de disputar eleições.
A fala enviou sinal de que o Planalto endossou a repreensão ao regime chavista, algo considerado importante por diplomatas brasileiros uma vez que a resposta de Caracas, em tom agressivo, sugeriu uma divisão de opiniões entre a chancelaria e o chefe do Executivo.
Desde o desenrolar do episódio envolvendo as candidaturas, os Estados Unidos retomaram as sanções ao setor energético venezuelano, que estavam suspensas por seis meses após diálogo entre regime de Maduro e da oposição, conhecido como Acordo de Barbados.
Lula afirmou esperar que as eleições aconteçam dentro da normalidade e o resultado das urnas seja aceito pelas partes. Nos bastidores, integrantes do governo e diplomatas manifestam preocupação com o pós-eleições, com a possibilidade de uma ruptura democrática.
"[Estamos] na perspectiva de que quando terminar as pessoas voltem à normalidade. Ou seja, quem ganhou toma posse e governa e quem perdeu se prepara para as outras eleições, como eu me preparei depois de três derrotas aqui no Brasil", afirmou.
"Eu fico torcendo para que a Venezuela volte à normalidade, para que os Estados Unidos tirem as sanções e que a Venezuela possa voltar a receber de volta o povo que está deixando a Venezuela por conta da situação econômica", declarou.
Lula também disse que ainda não teve a oportunidade de ler a carta endereçada a ele pelo presidente da Argentina, Javier Milei. O documento foi entregue há uma semana pela chanceler do país vizinho, Diana Mondino, que estava em viagem oficial a Brasília.
Ela se encontrou e repassou a carta ao ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. Lula, no entanto, justificou que seu chanceler esteve em algumas missões oficiais e por isso ainda não o encontrou para pegar o documento.
"A única coisa que posso adiantar é que depois que eu ler [a carta] eu tenho interesse que a imprensa saiba o que o presidente da Argentina quer conversar com o Brasil", afirmou.
O presidente também disse que pretende realizar uma reunião entre "presidentes democratas" para discutir como enfrentar o crescimento da ultradireita. Participariam líderes como o francês Emmanuel Macron e o premiê espanhol Pedro Sanchez
"Os setores de esquerda, progressista, os setores democratas têm que se organizar. Eu falei com Pedro Sanchez, falei com Macron, estou tentando ver se a gente consegue fazer uma reunião com os chamadas presidentes democratas por ocasião da Assembleia Geral das Nações Unidas para a gente definir uma estratégia de como vamos, a nível internacional, enfrentar o crescimento da extrema direita e seus matizes", afirmou.
O presidente declarou ainda ter assinado uma carta pela libertação dos mais de cem reféns ainda em poder do Hamas após os ataques terroristas de 7 de Outubro. Trata-se de uma iniciativa conjunta de alguns líderes mundiais.
Também são signatários Alemanha, Argentina, Áustria, Brasil, Bulgária, Canadá, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, França, Hungria, Polônia, Portugal, Romênia, Reino Unido, Sérvia e Tailândia.
Este é o primeiro café do presidente com jornalistas neste ano. Em 2023, foram quatro, dos quais a Folha de S.Paulo participou de três -com exceção do café com a mídia chamada independente.
Participam do encontro desta terça: Folha de S.Paulo, Estadão, G1, Bloomberg, Valor, Canal Meio, O Globo, BandNews, ICL, Correio Braziliense, Broadcast, Jovem Pan, CBN, Metrópoles, Rádioweb, Reuters, TV Brasil, TV Record, TV Gazeta, My News, Veja, Poder360, UOL, Brasil de Fato, Carta Capital, Jota, DCM, O Tempo, R7, Rede TV, SBT, CNN, Revista Fórum, BBC Brasil, Itatiaia, Meio Norte, GloboNews.